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Safra 2017/18: Custo menor e renda mais alta devem aumentar área de soja nos EUA
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22 de fevereiro 2017
Por CNA

Por: Notícias Agrícolas

Os dias de mercado travado para a soja na Bolsa de Chicago, sem movimentações muito expressivas, podem estar contados, segundo analistas e consultores. As especulações para a nova safra de grãos do país está cada vez mais intensa e o início do plantio, cada vez mais próximo. A volatilidade, portanto, pode se acentuar.

Entre quinta e sexta-feira desta semana - 23 e 24 de fevereiro - acontece o USDA Outlook Forum, um evento anual que chega com algumas das primeiras informações 'oficiais' sobre a nova safra dos Estados Unidos, trazendo dados que ajudam a desenhar um novo cenário não só para o país, mas para o mercado global de grãos.

A disputa por área entre a soja e o milho na nova temporada norte-americana tende a ser um dos assuntos mais debatidos daqui em diante, com muita atenção ainda aos sinais que vêm sendo trazidos pelo mercado em Chicago. As perspectivas de consultorias nacionais e internacionais é de que a oleaginosa deverá contar com um espaço maior do que o cereal neste ano.

Em seu reporte conhecido como baseline, que traz também projeções de longo prazo, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou uma mudança expressiva dos produtores para a soja, que poderiam cultivar um recorde de 85,5 milhões de acres, um aumento de 2,1 milhões. No caso do milho, o número poderia cair 4 milhões de acres para que fossem cultivados 90 milhões.

Dada a mais favorável relação de preços da soja do que do milho, algumas consultorias acreditam em uma área plantada com a oleaginosa que poderia ser ainda maior. Nesta terça (21) a relação entre ambos estava próxima de 2,59, nível que ainda estimula o plantio da soja em detrimento do milho. Essa cena muda com esse índice cai a 2,0 ou menos do que isso, segundo explicam analistas.

Com isso, a Informa Economics estima uma área ainda maior para a soja, de 88,65 milhões de acres, e outras consultorias internacionais apostando ainda em algo perto de 90 milhões, podendo exceder a área de milho.

Custos de Produção nos EUA
Essas decisões passarão, inevitavelmente, pelos custos de produção para ambas as culturas no país. Segundo o analista de mercado da Lansing Trade Group, Marcos Araújo, os custos estão em queda para os dois produtos nesta safra, segundo dados da Universidade de Illinois, porém, a rentabilidade maior da oleaginosa ainda chama a atenção do produtor.

O estudo da universidade mostra que, em se tratando de lavouras com alta tecnologia e, consequentemente, alto potencial de produtividade, o custo estimado para a soja é de US$ 1336,81 por hectare. "Isso mostra uma diminuição de 7,36% em relação ao custo da safra anterior", diz Araújo. "Hoje, para o produtor americano, o custo da soja que será plantada a partir de abril/maio em Chicago tem que estar, na fazenda, em US$ 8,59 o bushel, ou com 30 cents/bushel de prêmio, Chicago tem que estar a US$ 8,89, para uma produtividade média de 70,6 sacas por hecatre", completa.

Assim, os atuais patamares de preços são bastante remuneradores para o sojicultor dos EUA. Na sessão desta terça, o vencimento novembro/17, referência para a nova temporada americana, era negociado a US$ 10,13. Ao considerar essa cotação em US$ 10,18, por exemplo, com o rendimento ainda na casa das 70 sacas, a receita líquida nos EUA, para o sojicultor, é de US$ 201,56 por hectare, explica o analista, descontando todos os custos inerentes.

Araújo explica ainda que, caso os preços percam o patamar dos US$ 10,00 por bushel e a produtividade alcançada não seja tão elevada, o produtor americano pode começar a encontrar alguma dificuldade. E é nessa hora que o mercado climático ganha mais força e espaço no mercado futuro.

Enquanto isso, no caso do milho a queda nos custos de produção - que também é esperada pela Universidade de Illinois - é de 5%, estimado em US$ 1919,97 por hectare, com uma produtividade média de 207 sacas/ha. "Por mais que haja uma queda no custo de produção em dólar por hectare, o custo unitário tem uma leve alta. No ano passado, tivemos produtividade recorde e o mercado e até a própria Universidade de Illinois já não estimam que, neste ano, essa produtividade tão boa se repita", explica o analista da Lansing.

A rentabilidade do milho para o produtor americano, entretanto, não tem perspectivas tão positivas como a da soja, principalmente para o produtor que usa terras arrendadas. "Para o dono da terra do milho, sem considerar o custo do arrendamento, o custo do bushel fica erm US$ 2,80, porém, considerando, este custo sobe para US$ 3,92 por bushel, na fazenda", relata Marcos Araújo. No caso da soja, esses números são de, respectivamente, US$ 5,06 por bushel, com o custo e US$ 8,59, sem o custo da terra.

O analista explica ainda que os preços atuais do cereal praticados em Chicago ainda estão um tanto distantes do ideal para o produtor americano. "Para mover o milho da fazenda até Chicago, há um custo logístico estimado em 25 cents de dólar, ou seja, o vencimento dezembro teria que estar trabalhando a US$ 4,17 por bushel", diz o analista. E nesta terça, a posição era negociada a US$ 3,95 por bushel.

"Nessa realidade, com alta tecnologia e colhendo 207 sacas por hectare, ele já teria um prejuízo de US$ 113,00/ha", completa. "E é por isso que o mercado já está estimando que a safra de soja deva aumentarde 4 a 5 milhões de acres, reflexo da diminuição no plantio do milho e do trigo", conclui.

Como explica Araújo, outros números também indicam essa maior área de soja podendo se confirmar nos Estados Unidos, como as vendas de sementes, e o potencial inicial estimado para a safra norte-americana 2017/18 de até 125 milhões de toneladas, contra 117 desta 2016/17.

No entanto, as contas com a demanda ainda fecham e mostra que o consumo se mostra forte, crescente e atuando como o principal combustível para os preços na Bolsa de Chicago.

"Se temos um consumo mundial de soja, hoje, ao redor de 330 milhões de toneladas por ano, com um crescimento de 5% ao ano, todo ano, a produção de soja global tem que aumentar 15 milhões de toneladas. Os EUA estariam aumentando com um potencial de 8 milhões, o Brasil teria que completar a lacuna. Então, não vejo Chicago tão pressionado assim, uma vez que uma queda forte desestimularia o sojicultor na América do Sul, e o mercado tem que fazer o seu trabalho, com preços altos e motivar aumento de áreas de plantio ao redor do mundo", explica.