Troca de experiências favorecerá o avanço da aprendizagem no meio rural
Encontro promovido pelo SENAR Brasil reuniu gestores da área durante dois dias, em Brasília
Gestores de programas de Aprendizagem do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) estiveram reunidos em Brasília para trocar experiências e debater formas de melhorar a oferta no meio rural. Ao todo, 35 representantes das 27 Administrações Regionais da entidade participaram do Encontro de Gestores da Aprendizagem, que começou nesta quarta-feira e se encerrou hoje (25/5).
“Temos que pensar na aprendizagem de forma estruturada, educacional e logística. É um programa extenso, que envolve instrutores, aprendizes, parte teórica e prática. Queremos propor um debate em nível superior e melhorar a aprendizagem no meio rural”, declara o assessor técnico da Área de Formação Inicial e Continuada (FIC), Marcelo Rebello Mendonça.
O evento foi coordenado pela chefe do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social (DEPPS), Andréa Barbosa, e pela coordenadora da Área FIC, Fabiana Márcia de Rezende Yehia. Além de painéis sobre iniciativas desenvolvidas nos estados, o encontro contou com a participação de profissionais de outras entidades do Sistema “S”, como o SENAC e o SENAI, para relatos de suas experiências.
Outra convidada foi a ex-diretora do Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego do Ministério do Trabalho, Ana Alencastro. Para ela, que abordou o tema “Como promover a efetividade na oferta da aprendizagem: planejamento e articulação regional/modalidades de oferta (EaD e presencial)”, a oportunidade é importante para o reconhecimento das especificidades da aprendizagem no setor rural e contribui para que ela possa evoluir e ser mais efetiva. “Precisamos dar chances para os jovens que estão no campo serem profissionais e poderem optar por ficar no campo. A aprendizagem favorece a sucessão familiar e dá condições de renda, de trabalho e de dignidade”.
Exemplos que ensinam
O superintendente do SENAR de Pernambuco, Adriano Leite Moraes, foi um dos palestrantes também. Ele falou sobre a importância e os impactos positivos da aprendizagem no meio rural baseado no trabalho desenvolvido no seu estado. Em Pernambuco, os cursos promovidos pela entidade junto a empresas de três segmentos – avícola, sucroalcooleiro e fruticultura irrigada - vêm obtendo resultados animadores em relação à empregabilidade dos jovens. Atualmente, o SENAR-PE promove oito capacitações diferentes para 445 alunos de 19 empresas.
“Os principais impactos positivos são a capacitação da mão-de-obra nessas três cadeias e as oportunidades que surgem para esses jovens serem absorvidos. É uma nova perspectiva na vida deles. De uma turma com 22 alunos, tivemos 17 contratados, por exemplo”, destaca Moraes.
Ana Maria Ferreira, instrutora de aprendizagem no SENAR do Espírito Santo falou sobre a prática docente e estratégias educativas para a atuação junto aos jovens. Ela ministra os cursos Ecologia e Meio Ambiente e Cultura do Eucalipto, além de ter experiência na inclusão de pessoas com deficiência na aprendizagem, tema que também teve espaço na programação do encontro.
“Acredito que as visitas técnicas e as aulas práticas fazem uma diferença tremenda na aprendizagem do conteúdo. Eles conhecem a realidade, aprendem a desenvolver habilidades e passamos a cobrar responsabilidade deles. Como professora, acho que temos nos colocar no lugar deles, procurar entender como cada turma funciona e tratar todos com carinho e amor”, ensina.
Vidas modificadas
Os depoimentos de dois aprendizes que iniciaram as suas carreiras profissionais por meio da aprendizagem do SENAR foi outro momento marcante. Endalos Rafael do Nascimento Lima, 25 anos, de Pernambuco, não tinha nenhuma relação com agricultura até começar o curso de Fruticultura irrigada básica, em 2004. Hoje, ele atua como inspetor de qualidade em uma empresa que trabalha com comercialização de uva e não descarta a possibilidade de ser produtor rural no futuro.
“No início pensei em fazer o curso para melhorar o meu currículo. Não conhecia nada. Fui da muda até a fruta. Passei por vários setores e me destaquei. Se eu sair da empresa um dia, vou investir em uva. Quero passar o conhecimento adiante, assim como o SENAR me passou”, agradece.
Leandro dos Reis Santos, 29 anos, do Espírito Santo, mudou de área no decorrer dos anos, mas continua na mesma empresa onde foi jovem aprendiz, em 2004. Aluno da primeira turma de Fruticultura básica no estado, atualmente ele é supervisor de Departamento Pessoal da Caliman Agrícola S/A, que atua na exportação de mamão papaya.
“Foi uma experiência incrível, a grande responsável por eu ter entrado no mercado de trabalho e por estar onde estou hoje. Na minha época era mais difícil para os jovens. Agora, eles já têm uma referência. As empresas também mudaram. Antes era só uma exigência do Ministério do Trabalho. Hoje, elas sabem que é uma oportunidade de formarem mão de obra qualificada”, observa.
Grupo de trabalho
Além de possibilitar o debate sobre aspectos como estrutura da aprendizagem, material didático e contato com empresas demandantes, o encontro também resultou na criação de um grupo de trabalho e estudos sobre aprendizagem profissional no meio rural. Segundo a coordenadora da Área FIC, Fabiana Márcia de Rezende Yehia, a ideia é permitir o intercâmbio de informações e experiências entre os estados por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Atualmente, 17 Regionais do SENAR desenvolvem programas de Aprendizagem.
“Queremos articular as iniciativas desenvolvidas por eles e estimular uma troca constante. Também pretendemos atualizar o documento do encontro anterior com as diretrizes daqui e desenvolver um novo livro da nossa série metodológica. É um evento de absoluta necessidade para que a entidade melhore cada vez mais a sua metodologia e os seus cursos”, analisa Fabiana.
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