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Safra de feijão apresenta crescimento de 251% em Sergipe
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30 de agosto 2017
Por CNA

O quilo do feijão que chegou a ser vendido a R$ 12,00 no final do ano passado pode ser encontrado a R$ 2,50. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção sergipana de feijão este ano apresenta crescimento de 251% em relação a 2016. O secretário de estado da agricultura, Esmeraldo Leal, comenta que “o crescimento pode ser ainda maior, visto que os dados são do levantamento feito até o último mês de junho”.

“Em 2016 vivemos uma das maiores secas dos últimos 10 anos. Todas as lavouras foram atingidas pela falta de chuvas, mas graças a Deus 2017 teve um bom inverno e já estamos vendo resultados crescentes em todos os cultivos do estado”, disse o secretário”.

O impacto da estiagem pode ser percebido nos dados divulgado pelo IBGE em relação a safra do feijão que vinha diminuindo desde 2014 quando saiu de uma produção de 10.177 toneladas (t) para 7.992t em 2015 e 2.691t em 2016. A sequência de queda só foi interrompida agora em 2017 com previsão de produção de 9.636t de grãos, podendo crescimento ainda mais até o final do ano.

Esmeraldo Leal destacou que o apoio do Governo foi fundamental para que o pequeno agricultor garantisse a colheita. Ele detalhou que por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro), o Governo do Estado distribuiu 730 toneladas de sementes (300 de milho, 100 de feijão e 330 de arroz) e contratou 14.545 horas de trator, para atender agricultores no preparo 7.272 hectares, em 25 municípios do semiárido. Foram beneficiados os produtores que estão inseridos no Programa Garantia de Safra. A entrega das sementes beneficiou 20.000 agricultores em todo o estado.

“As sementes distribuídas gratuitamente com os agricultores familiares são certificadas com ótima qualidade e produtividade, alto índice de pureza e geminação”, garantiu o secretário que completou dizendo que foram investidos R$ 2.290.000,00 na compra de sementes e R$ 1.600.00,00 na preparação da terra com horas máquina, totalizando investimentos de R$ 3.890.000,00. São recursos do Fundo de Combate à Pobreza geridos pela secretaria de Estado da Mulher, Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e dos Direitos Humanos.

Plantio de feijão

O plantio de feijão é feito principalmente nas regiões do alto sertão, agreste central e sul sergipano, com destaque para o município de Poço Verde que mantém o título de maior produtor estadual deste grão. Segundo o coordenador do escritório da Emdagro em Poço Verde, Luiz Alberto, a safra vai ser bem maior que a previsão feita ate agora. “Só aqui no município a previsão é colher 8.400 toneladas numa área plantada de 7.000 hectares. São, em média, 1.200kg por hectare. Quem plantou cedo já está colocando o dinheiro no bolso porque o ciclo do feijão é de apenas 90 dias, entre junho e agosto”.

O casal de agricultores Josefa Maria, 69 anos, e Josafá de Souza, 71 anos, revela a alegria de uma colheita farta. Moradores do Povoado Paracatú, localizado na divisa entre Poço Verde e Simão Dias, eles criaram seis filhos com o trabalho da lavoura e continuam plantando. “Plantei o feijão consorciado com a erva doce e mais uma área de milho. Graças a Deus as chuvas desse ano foram na medida certa pra nós que vivemos da roça. Só de feijão plantei três tarefas e logo quero colher entre vinte e trinta sacos. Um fica para mim e meus filhos, pra comer durante um ano, e o restante é pra fazer dinheiro, pagar os custos da produção e ficar com algum para a próxima safra”, explicou satisfeito Josafá.

Mercado

“Com a safra em alta a tendência do preço é cair, essa é a lei do mercado”, comenta o comerciante, Aércio Araújo, que há 30 anos vende cereais nas feiras livres de Aracaju. Ele conta que no final de 2016 e início deste ano comprou feijão caro e vendeu caro. “Pra você ter uma ideia cheguei a comprar feijão de R$ 600,00 o saco de 60 Kg, vendia a R$ 12,00 ou mais. Hoje o melhor feijão carioca pode ser comprado a R$ 130,00 o saco de 60kg. Por isso você encontra comerciante vendendo até por R$ 2,50/Kg.

Patrícia Rocha, comerciante no Mercado Central de Aracaju, disse que passou momentos difíceis. “Eu comprava um saco de R$ 700 e dividia com outra colega comerciante. Ficava com meio saco de feijão para não perder a freguesia”. Patrícia observou que a alta no preço do feijão chegou a mudar o hábito do consumidor sergipano que tinha preferência pelo feijão carioca e hoje diversificou. “Eles experimentaram outra variedade que na época estava com menor preço, a exemplo do feijão fradinho, gostou e continua consumindo”.

“O preço tá bom para o pobre que nessa época de desemprego e carestia, ao menos, coloca o arroz com feijão na mesa”, desabafa a dona de casa Maria Lêda, 57 anos, sete filhos. Lêda torce para que os preços continuem em condições de favorecer a população de baixa renda pois, segundo ela, do contrário não tem como continuar comendo feijão todos os dias.

Fonte: Portal do Agronegócio