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IPCA
9 de setembro de 2019
IPCA de agosto teria sido o dobro sem a queda de 0,84% nos preços dos alimentos consumidos em casa
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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto de 2019, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve alta de 0,11%. Esse resultado, veio bastante alinhado às expectativas de mercado levando o IPCA acumulado em 2019 para 2,54%. Nos últimos 12 meses, o índice de inflação subiu de 3,22% em julho para 3,43% em agosto, mas ainda confortavelmente dentro da meta de inflação de 4,25% para 2019, com margens inferior e superior de 1,5p.p..

Os preços dos alimentos consumidos no domicílio caíram 0,84% em julho, a quarta queda consecutiva, puxando para baixo os resultados mensais do IPCA, conforme gráfico 1 abaixo. Sem essa queda o IPCA de agosto teria sido mais que o dobro alcançando 0,24%, e não 0,11%.

Gráfico 1- Índice Mensal de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) Índice Geral e Alimentação no Domicílio

Essa convergência da inflação para um patamar abaixo da meta de inflação, depois do pico alcançado em maio/2019 – quando a alta em 12 meses dos preços dos alimentos consumidos no domicílio foi quase o dobro (9,10%) do índice global do IPCA (4,94%) – permitiu ao Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) reduzir a taxa SELIC, no último dia 31 de Julho, em 0,5 p.p..

Gráfico 2- Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) Índice Geral e Alimentação no Domicílio – Acumulado em 12 meses

Depois de quase 1 ano e meio em 6,5%, o preço de referência do dinheiro na economia brasileira cedeu para 6% a.a. marcando o que se espera ser um novo ciclo de queda da SELIC uma vez que as expectativas de mercado apontam SELIC a 5,25% em dezembro desse ano. Ou seja, o mercado espera queda acumulada adicional de 0,75p.p. para a SELIC ainda em 2019. Hoje, há 88% de chance disso ocorrer.

Os alimentos que tiveram as maiores variações de preço em agosto/2019 foram:

Enquanto as quedas de 24,49% no preço do tomate e de 9,11% no da batata-inglesa refletem a elevada oferta associada ao final da safra de inverno, os preços 6,53% menores das hortaliças e verduras ainda refletem o impacto do clima frio na queda do consumo.

Tomate - As condições climáticas, que contribuiu para a maturação e maior entrada de frutos no mercado associada com o aumento dos volumes colhidos de tomate rasteiro, principalmente em Goiás (GO) pressionaram para a redução do preço. A ocorrência de movimentos de queda de temperatura durante o mês de agosto promoveu reduções momentâneas do volume colhido, mas não o suficiente para minimizar a queda no preço.

Batata - A redução no preço foi resultado da safra de inverno aliada ao aumento de produtividade em algumas regiões produtoras do estado de São Paulo. Apesar da redução, os patamares de preço ainda encontram-se superiores aos valores históricos para o período. A tendência para o próximo mês é de novas quedas nas cotações, com a intensificação da safra de inverno.

Cenoura – Além da batata-inglesa, outro produto importante do grupo de ‘tubérculos, raízes e legumes’ que apresentou redução significativa de preço em agosto foi a cenoura, refletindo o aumento da produção nas lavouras da região do Triângulo Mineiro. Com boas condições climáticas, verificou-se um aumento significativo da produtividade. Porém, apesar da redução do preço, a qualidade das variedades de inverno encontra-se satisfatória.

Carnes – A queda de 0,75% nos preços das carnes praticados aos consumidores parece refletir uma adequação dos preços no varejo a fim de manter a competitividade da carne bovina – frente às carnes de frango, suíno e pescados – e reduzir estoques. Isso porque os fundamentos desse mercado revelam redução aproximada de 6% na oferta de carnes bovinas no 1º semestre de 2019, o que justificaria um aumento, e não queda, dos preços ao consumidor. Historicamente agosto é um mês de valorização da arroba bovina, de ao menos 2% na média. Em 2019 os fundamentos de mercado também dariam suporte a algum aumento de preço. Isso porque, apesar da retração do volume das exportações de carne bovina em agosto ante julho – julho é um mês mais longo que agosto –, no último mês a média dos embarques diários foi 5,1% superior a do mês anterior.

Apesar da queda média, em agosto, dos preços dos alimentos consumidos no domicílio, alguns produtos observaram altas significativas no período, particularmente as frutas (2,14%) e cebola (7,05%). No caso do limão thaiti (20,16%), o baixo volume de colheita agosto, resultado maior permanência da fruta nas árvores, resultou em oferta aquém da demanda. Devido ao clima seco, que tem atrasado o desenvolvimento e maturação dos frutos, espera-se que essa tendência de alta permaneça para as próximas semanas.

Por fim, a alta em agosto de 7,05% no preço da cebola reflete comportamento típico do período de entressafra. Apesar disso, a produção de cebola tem variado significativamente entre as regiões produtoras e o volume ofertado tem sido pequeno o suficiente para a sustentação do preço, mesmo com as importações que tem se intensificado nas últimas semanas. Os preços do produto já tinham aumentado 20,7% em julho.

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