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Campo Futuro
30 de agosto de 2024
A Volatilidade dos preços na cafeicultura frente aos elevados custos de produção
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A cafeicultura, tradicionalmente uma das atividades agrícolas mais importantes do Brasil, tem se destacado ainda mais nos últimos tempos. Recentemente, os preços tanto do café arábica quanto do café conilon atingiram níveis recordes, despertando o interesse de investidores e produtores. Esse cenário reflete uma combinação de fatores, incluindo variações climáticas, demandas globais e oscilações cambiais, que tornaram o mercado de café especialmente dinâmico e promissor. Diante desse contexto, a análise dos preços históricos e das condições econômicas que impactam a produção de café se torna crucial para entender as oportunidades e desafios que se apresentam para o setor.

Neste estudo, utilizamos os dados da série histórica do projeto Campo Futuro, analisando os preços médios pagos aos produtores desde outubro de 2011 até julho de 2024. Para garantir uma comparação justa ao longo do tempo, os valores foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) e separados entre as duas principais espécies cultivadas no Brasil: o café arábica e o canéfora (conilon). Com base na média histórica dos preços, estabelecemos cenários otimistas e pessimistas utilizando um desvio padrão como parâmetro.

O Gráfico 1 ilustra a evolução dos preços reais do café arábica, evidenciando os períodos em que os valores ultrapassaram a referência otimista. Durante 20 dos 154 períodos analisados, os preços do arábica superaram essa referência, enquanto em 83 períodos ficaram abaixo da média real. Este comportamento ressalta a volatilidade do mercado, embora o café arábica tenha apresentado, nos últimos cinco períodos, preços consistentemente superiores ao valor de referência otimista. Os momentos mais favoráveis para os produtores foram observados no final de 2011, entre dezembro de 2021 e outubro de 2022, e novamente a partir de março de 2024.

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O Gráfico 2 apresenta a evolução dos preços reais do café conilon, que, recentemente, mostrou uma trajetória semelhante do arábica. Em apenas 18 períodos os preços do conilon superaram o indicador de referência otimista, enquanto em 85 períodos ficaram abaixo da média real. Os melhores cenários para o conilon ocorreram em quatro meses de 2016 e desde maio de 2023.

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Para entender os desafios enfrentados pelo produtor, comparamos os custos operacionais totais (COT), que englobam os desembolsos com insumos e mão de obra para produção, as depreciações da lavoura, das máquinas e benfeitorias e o pró labore, com os preços médios atuais, os valores de referência otimista e pessimista, e a média histórica de cada espécie.

O Gráfico 3 revela que, atualmente, os preços superam o COT médio tanto para o arábica quanto para o conilon, permitindo uma Margem Líquida (ML) positiva. Contudo, é essencial observar que essa ML positiva é mais uma exceção do que uma regra, especialmente para o café canéfora, onde apenas em 9,7% dos meses avaliados, os preços foram sufi cientes para superar o COT médio. No caso do arábica, esse índice foi um pouco melhor, com 30,5% dos meses superando o COT de R$ 879,12 por saca.

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Apesar dos atuais resultados de Margem Líquida positiva na atividade, a realidade do cafeicultor é marcada por desafios constantes. O elevado custo de produção, impactado especialmente pelo dispêndio com insumos e mão de obra para condução da lavoura e colheita, que representam, respectivamente, cerca de 18% e 20% no COT coloca os produtores em uma situação de risco contínuo. Esse contexto evidencia a dificuldade dos produtores de se manterem na atividade, uma vez que a receita nem sempre cobre os custos inerentes à produção e/ou permite os investimentos necessários para a sustentabilidade a longo prazo.

Diante da análise apresentada, é fundamental que os produtores de café estejam cientes da natureza cíclica dos preços e dos desafios relacionados aos elevados custos de produção. O cenário atual de altos preços, como evidenciado, não é permanente, e, conforme os modelos do Campo Futuro (Sistema CNA/Senar), os preços médios históricos não são suficientes para cobrir os custos operacionais totais. Por isso, é crucial adotar estratégias que assegurem a sustentabilidade da produção, mesmo em períodos de baixa.

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