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Mulheres em Campo: curso alia teoria e prática para colocar mulheres à frente de negócios rurais
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A primeira edição do programa, que conta com cinco encontros despertou e qualificou o espírito empreendedor de dezenas de mulheres

21 de novembro 2017
Por Senar

Descobrir o valor do próprio trabalho: este é o principal resultado que as alunas do projeto Mulheres em Campo têm relatado após o conjunto de aulas e oficinas que levam conhecimento sobre gestão a quem atua no meio rural. A primeira edição do programa, que conta com cinco encontros, está se encerrando por todo o Rio Grande do Sul e despertou e qualificou o espírito empreendedor de dezenas de mulheres por todo o Estado. Os resultados estão em sintonia com uma pesquisa divulgada recentemente pela Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) sobre a participação feminina no meio rural. A pesquisa constatou que a principal preocupação das mulheres que atuam no campo é a estabilidade financeira. Por essa razão, um dos principais interesses quanto ao seu aprimoramento profissional e pessoal é o tema gestão, justamente um dos focos do Mulheres em Campo.

O Mulheres em Campo, desenvolvido pelo SENAR, permite que produtoras rurais ampliem a sua participação nos negócios, assumindo ou compartilhando as questões mais frequentes em relação à gestão de propriedades rurais. É uma atualização do antigo "Com Licença, Vou à Luta", mas com um viés mais prático e melhor adaptado às necessidades das mulheres que buscam este tipo de capacitação.

No Rio Grande do Sul, a maioria do público do programa atua em pequenas propriedades. São cerca de 300 alunas, divididas em 34 turmas que têm aulas ao longo de três meses. Elas escolhem um produto e criam um planejamento estratégico para viabilizar a produção. Levam em conta custos de insumos, preços pagos pelo produto, transações bancárias e possíveis contingências. O produto é feito durante o treinamento e em um dos encontros elas têm a oportunidade de exercitar a venda para colegas, familiares e público em geral. Assim desenvolvem habilidades de comercialização e já podem colocar em prática os novos conhecimentos de forma imediata, avalia Juliana Krupp, instrutora do SENAR-RS. O módulo final contempla um curso de desenvolvimento humano e autoconhecimento que consolida as novas habilidades com o futuro profissional planejado. De acordo com o superintendente do SENAR-RS, Gilmar Tietböhl, ao longo dos 24 anos de atividades do SENAR-RS, a participação das mulheres vem crescendo e elas têm demonstrado cada vez mais interesse nos cursos voltados para a área de gestão. Segundo o superintendente, nos cursos do SENAR-RS elas já são maioria. Em 2016, 59% dos alunos eram mulheres. Destas, 56,5% exploram áreas de até 20 hectares e a maioria cursou até o ensino médio. O tamanho das propriedades não é obstáculo para tratar a produção como negócio e profissionalizar cada vez mais a gestão.

Foi na região norte do Estado que o programa Mulheres em Campo encontrou maior adesão. Somente o Sindicato Rural de Erechim solicitou a abertura de dez turmas. São mulheres que sempre atuaram nas propriedades como agricultoras, mas que não acompanhavam a parte administrativa, geralmente exercida por pais, irmãos ou marido. A necessidade ou o desejo de ter maior participação na condução dos negócios, negociar preços, falar com o gerente do banco, comprar sementes, é o que as leva a procurar este tipo de qualificação, diz a secretária-executiva do Sindicato Rural de Erechim, Diva Picoli: "elas nos relatam que, depois de participarem das aulas, têm uma nova motivação para o trabalho. Elas passam a saber quanto vale aquilo que plantam, conseguem ver no papel o quanto seu trabalho rendeu. Passaram a entender que todo o esforço no cotidiano mexendo com a terra, debaixo de sol ou chuva, tem um valor que pode ser mensurado e multiplicado", relata.

Assessoria de Comunicação SENAR/RS