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2ª edição do Agro Pelo Brasil debate infraestrutura e logística, educação e tecnologia
Projeto reuniu, na manhã de sexta (2), diversos especialistas e autoridades do Distrito Federal, Bahia e Goiás
Brasília (02/10/2020) – A segunda edição do projeto Agro pelo Brasil reuniu, na manhã de sexta (2), diversos especialistas e autoridades do Distrito Federal, Bahia e Goiás, para discutir sobre a situação da infraestrutura logística no país, os polos de ensino no setor agropecuário e as tecnologias aplicadas nas propriedades rurais.
Em uma transmissão ao vivo de Brasília, a coordenadora de Assuntos Estratégicos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Elisangela Pereira Lopes, falou sobre a matriz de transportes brasileira e o escoamento da produção agrícola pelos portos do Arco Norte.
“Nos últimos anos temos observado um crescimento da exportação de milho e complexo soja pelos portos dessa região. De 2009 a 2019, houve um aumento de 30 milhões de toneladas. Entretanto, ainda é necessário que se invista na pavimentação das estradas, acessos hidroviários e oferta de linhas ferroviárias, para que esse número do Arco Norte aumente”.
Lopes explicou que, atualmente, a densidade das rodovias da região Centro-Oeste é três vezes menor do que a da região Sul, enquanto a do Norte é dez vezes menor. “Se olharmos o mapa rodoviário do Brasil, veremos que o Sul e o Sudeste possuem várias linhas se conectando. Acima do Paralelo 16, podemos contar nos dedos as rodovias disponíveis. E nesse cenário, 85% dos grãos são escoados por caminhões, o que eleva sobremaneira os custos com transporte”, disse.
Ao ser questionada se o programa Pró-Brasil, anunciado no início do ano pelo Governo Federal, atende as demandas de infraestrutura e logística do agro, a coordenadora de Assuntos Estratégicos da CNA afirmou que 80% das obras sugeridas pelo setor para reduzir o custo com transporte estão incluídas no programa. “A CNA vê a inciativa com bons olhos, mas alerta para a importância de não ficar só no papel. Esses investimentos em rodovias, ferrovias e hidrovias precisam ser realizados de acordo com o que o cronograma propõe para os próximos três anos”.
Já em Salvador, a vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Carminha Missio, traçou um cenário da matriz energética na região oeste baiano. “Há vários investimentos necessários nas propriedades rurais, mas ainda não são possíveis pela carência de energia elétrica. Em alguns casos, não se consegue aplicar tecnologia, como a irrigação, devido à falta de suporte de energia”.
A representante da Faeb também destacou a situação das estradas no estado. “As estradas não têm mais espaço para os caminhões. A nossa esperança são as ferrovias, que ajudarão a melhorar o fluxo do escoamento da produção e reduzir os custos com frete”. Sobre a deficiência na armazenagem de produtos, ela disse que as tradings não têm o suporte necessário. “O ideal é que o produtor armazene na sua propriedade para ter a capacidade de explorar melhores preços e momentos de comercialização”.
Em Alexânia, o coordenador técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), Alexandre Alves dos Santos, informou que é muito mais oneroso para o governo manter as rodovias do que outros modais de transporte. “As rodovias são mais problemáticas em questão de construção, manutenção e pavimentação do que ferrovias e hidrovias e o Estado não tem condições financeiras de recuperar tudo”.
De acordo com Alves, nos Estados Unidos, as hidrovias escoam 70% da produção agrícola. Na Austrália, boa parte vai por ferrovia. “No Brasil, o principal modal é a rodovia. Com isso, nós perdemos competitividade. O produtor brasileiro é um herói, pois continua produzindo safras recordes mesmo em uma situação de custos altos”.
Polos de ensino no agro – Outro assunto discutido na primeira parte da segunda edição do Agro Pelo Brasil foram os polos de ensino do país, com foco no setor agropecuário. O diretor-geral da Faculdade CNA, André Sanches, foi um dos convidados. Segundo ele, a instituição surgiu para cumprir o degrau de formação superior do agro e formar pessoas com visão estratégica, trazendo o conceito de gestão da propriedade rural.
“São ofertados quatro cursos de formação tecnológica, sendo Gestão Ambiental, Recursos Humanos e Processos Gerenciais com dois anos de duração e Gestão do Agronegócio com três anos. O objetivo é formar pessoas que buscam uma visão ampla do setor e tenham foco para tratar o empreendimento dentro da porteira com gestão profissionalizada”, explicou Sanches.
Em sua apresentação, a coordenadora técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) da Bahia, Daniela Lago, falou sobre o curso de Jovem Aprendiz ofertado nos municípios de Luiz Eduardo Magalhães e Barreiras, que surgiu para atender a Lei da Aprendizagem 10.097/2000.
“Ao contratar os aprendizes, os empresários rurais acabam desenvolvendo um trabalho de responsabilidade social e qualificação profissional. No oeste da Bahia, já preparamos mais de mil jovens para o mercado de trabalho. O aprendiz passa metade do curso assistindo a aulas teóricas, para depois exercer a prática no campo. Com o curso, o jovem ganha não só a formação profissional, mas a orientação e o desenvolvimento pessoal”, destacou Daniela.
Sobre o tema educacional, a gerente de Educação Formal do Senar Goiás, Mara Lopes de Araújo Lima, afirmou que no estado existem 11 polos ativos com curso Técnico em Agronegócio. “O técnico é um agente transformador da sociedade em que ele vive. O curso propicia a visão da gestão da produção agropecuária. Também temos cursos de jovem aprendiz, especialização de nível médio, além de cursos interessantes de formação inicial e continuada, que prepara pessoas para a liderança no agro”.
Questionada sobre o aumento da oferta de cursos, Mara Lopes informou que a demanda por mão de obra qualificada tem crescido a cada dia. “Nós procuramos inovar para atender toda a demanda. Com o avanço da tecnologia, o setor tem exigido pessoas preparadas e competentes para atuar no campo”.
Tecnologias aplicadas nas propriedades rurais – Outro tema tratado na parte da manhã de sexta (2) foram as tecnologias disponíveis para serem aplicadas nas propriedades rurais. O assessor técnico da Diretoria de Assistência Técnica e Gerencial (Dateg) do Senar, Rafael Diego Costa, disse que a tecnologia no campo surgiu para aumentar a produtividade, reduzir custos e impactos ao meio ambiente, além de auxiliar na entrega de um produto de melhor qualidade.
Sobre a agropecuária de precisão, o técnico explicou que já é um conceito que vem sendo aplicado nas últimas décadas, mas se difere da agricultura convencional, por fazer o uso de tecnologia para acompanhar a atividade rural. “A agricultura de precisão permite a aplicação de tecnologias, com uso de equipamentos e máquinas que garantem ganhos de produtividade”.
Já o produtor rural do oeste da Bahia, David Almeida Schmidt, destacou a importância e o aumento do uso de drones nas lavouras. “Toda tecnologia de drone é feita de forma remota, o que diminui os riscos de operação. É claro que ainda não atende grandes propriedades, principalmente pela questão da bateria do equipamento, mas é um futuro promissor e que precisa ser desenvolvido”.
Segundo Schmidt, uma grande vantagem do drone para o pequeno produtor é a tecnologia de aplicação aérea. “Os drones de imagem levam o olho do empresário rural para o mais próximo do que está acontecendo na lavoura”.
Por fim, o gerente de Formação Profissional Rural do Senar Goiás, Leonardo Cruvinel Furquim, falou da agricultura digital e da sucessão familiar no campo. “A agricultura digital está de mãos dadas com o produtor. Mais de dois terços das propriedades rurais agrícolas já são tecnificadas, tanto em produtividade quanto em gestão. Ou seja, temos lavoura e pecuária com imagens de satélites e drones que fornecem imagens em tempo real”.
Com relação à sucessão familiar, para Cruvinel, a tecnologia tem fator predominante nas fazendas. “Os jovens estão cada vez mais aprimorados ao uso de tecnologias. A nova geração está preocupada com a sustentabilidade e o marketing. Na minha opinião, tecnologia é conseguir saber quanto seu boi consome de ração e água e quanto ele tem de conversão de peso”, concluiu.
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