PIB da agropecuária cresce 11,6% no acumulado do ano
O PIB da agropecuária cresceu 11,6% no acumulado dos três primeiros trimestres de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024. O forte avanço da produção do setor ajudou a impulsionar o PIB brasileiro, que aumentou 2,4% no período. Pela mesma base de comparação, a indústria cresceu 1,7% e os serviços, 1,8%.
Pela ótica da demanda, o crescimento foi puxado pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que avançou 5,0% no acumulado do ano. Destaca-se que a importação de plataformas de petróleo influenciou positivamente o resultado do investimento no primeiro trimestre de 2025. O consumo das famílias, que representa quase dois terços do PIB, cresceu 1,4%, enquanto o consumo do governo aumentou 1,6%. É importante observar que esses componentes têm perdido tração ao longo do ano. Para comparação, na variação interanual de 2024 contra 2023, o investimento, o consumo das famílias e o consumo do governo registraram altas de 6,1%, 5,5% e 2,7%, respectivamente. Ou seja, todos vêm apresentando arrefecimento diante das elevadas taxas de juros da economia e do menor espaço fiscal para gastos públicos.
Em relação ao resultado do terceiro trimestre de 2025, o PIB do Brasil registrou alta de 0,1% frente ao trimestre anterior, com ajuste sazonal, totalizando R$ 3,2 trilhões. O resultado veio abaixo das expectativas, com a Agência Estado e Bloomberg projetando expansão de 0,2%.
O gráfico 1 apresenta os resultados do PIB a preços de mercado, comparando os resultados trimestrais frente aos trimestres anteriores.
No terceiro trimestre de cada ano, o IBGE revisa os resultados de anos anteriores das Contas Nacionais. Para 2024, houve revisões negativas para a agropecuária (de -3,2% para -3,7%) e para a indústria (de 3,3% para 3,1%). Já os serviços foram revisados para cima (de 3,7% para 3,8%). Com isso, o PIB de 2024 permaneceu estável em 3,4%.
A Tabela 2 apresenta os resultados mais detalhados com relação ao PIB brasileiro nos últimos trimestres.
O PIB da agropecuária cresceu 0,4% no trimestre de 2025 frente ao trimestre imediatamente anterior, resultado positivo considerando que grande parte da produção agrícola se concentra no primeiro semestre. Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, o setor registrou alta de 10,1%, refletindo o bom desempenho tanto das lavouras quanto da pecuária.
No acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2024, o PIB da agropecuária avançou 11,6%. Nos últimos quatro trimestres, o crescimento foi de 9,6%. Com base nesses resultados e nas expectativas para o último trimestre, a CNA estima que a participação do setor no PIB brasileiro deve subir de 6,90% em 2024 para 8,54% em 2025.
O bom resultado do PIB da agropecuária em 2025 tem sido impulsionado tanto pelo desempenho da produção agrícola, quanto da pecuária. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE), com dados até outubro de 2025, houve crescimento na produção de importantes culturas, quando comparado a 2024. Os principais destaques em termos de volume produzido são: milho (23,5%), café (20,9%), arroz (18,7%), laranja (13,5%), algodão (10,6%) e trigo (4,5%). Em relação à pecuária, segundo a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, o abate de bovinos subiu 5,4% e a produção de carne bovina, 3,6%. Também houve crescimento no abate e na produção de carne suína (3,4% e 4,9%, respectivamente). Por fim, o abate e a produção de aves subiram 2,2% e 2,9%, respectivamente.
Com relação aos setores e os subsetores, considerando a variação acumulada dos três primeiros trimestres de 2025 em relação a igual período de 2024, destaca-se a forte expansão da agropecuária (11,6%), seguida de indústrias extrativas (7,4%), e informação e comunicação (6,2%).
No campo negativo, eletricidade e gás, água, esgoto, atividade de gestão de resíduos registrou queda de 0,8%, acompanhando a menor atividade industrial. O gráfico 2 apresenta os resultados do PIB dos setores e subsetores, considerando a variação acumulada em 2025 em relação ao mesmo período de 2024.
Considerações finais
O resultado do PIB no terceiro trimestre (0,1%) foi modesto e abaixo das previsões de mercado. A agropecuária, por sua vez, voltou a se destacar, com alta de 0,4% no trimestre e crescimento robusto de 10,1% no comparativo interanual. No acumulado dos três primeiros trimestres, o setor registrou crescimento de 11,6%, o terceiro maior para esse período em 29 anos de série histórica.
O papel da agropecuária para o PIB brasileiro é notório. Caso o setor tivesse registrado crescimento zero em 2025, o PIB total teria avançado apenas 1,6%, e não os 2,4% observados; isso sem considerar os efeitos indiretos e induzidos sobre a cadeia produtiva a montante e a jusante da porteira.
Contudo, o recorde da safra de grãos em 2025 foi favorecido pelas condições climáticas. Sem clima adequado, o risco de quebras de safra aumenta significativamente. Por isso, a CNA reforça a necessidade urgente de fortalecimento das políticas de gestão de risco, especialmente o seguro rural. Em 2025, apenas cerca de 3 milhões de hectares terão cobertura, menos de 5% da área agricultável, e muito abaixo dos quase 14 milhões de hectares segurados em 2021.
A insuficiência de recursos para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) compromete a continuidade da produção, a estabilidade dos preços e a saúde financeira dos produtores. Garantir previsibilidade e orçamento adequado para o PSR é essencial para reduzir riscos, proteger a renda e fortalecer o agronegócio em ciclos climáticos adversos.
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA:
Bruno Barcelos Lucchi – Diretor Técnico
Maciel Silva – Diretor Técnico Adjunto
Núcleo Econômico
Renato Conchon - Coordenador
Fernanda Laundos da Costa - Assessora Técnica
Elisangela Pereira Lopes - Assessora Técnica
Guilherme Augusto Costa Rios - Assessor Técnico
Isabel Mendes de Faria - Assessora Técnica
Zenaide Rodrigues Ferreira - Assessora Técnica