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15 de julho de 2019
Pecuária garante estabilidade ao PIB do agronegócio em abril
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O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apresentou leve alta de 0,04% em abril. Para o acumulado do ano (de janeiro a abril), o desempenho indica estabilidade (ligeira queda de 0,05%).

Entre os segmentos, insumos (+1,64%), agroindústria (+0,29%) e agrosserviços (+0,17%) registraram elevações em abril, com recuo apenas no primário (-0,86%). Já no acumulado de 2019 (janeiro a abril), insumos (+5,26%) e agroindústria (+0,34%) cresceram, enquanto primário e agrosserviços seguiram registrando baixas, de 1,62% e 0,12%, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)

Entre os ramos, o agrícola apresentou queda de 0,33% em abril, influenciado pela baixa nos segmentos primário (-2,08%) e de agrosserviços (-0,10%), contra alta observada de 1,83% para insumos e de 0,19% para a agroindústria. No acumulado anual, apenas o segmento primário apresenta recuo, de 4,21%, ao passo que insumos segue como destaque positivo (+6,12%) (Tabela 2).

Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

Com relação ao ramo pecuário, registrou-se alta de 1,07% em abril, com crescimento em todos os segmentos (Tabela 3). Já no acumulado do ano (de janeiro a abril), verificam-se baixas na agroindústria (-0,11%) e em agrosserviços (-0,47%), mas elevações em insumos (3,38%) e primário (3,93%).

Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

SEGMENTO DE INSUMOS: Crescimento se mantém em abril, para ambos os ramos

O segmento de insumos do agronegócio apresentou alta de 1,64% em abril, acumulando crescimento de 5,26% nos primeiros quatro meses de 2019. Verifica-se desempenho positivo para os insumos pecuários (+1,22% em abril e +3,38% no acumulado), mas o destaque segue sendo a alta para os insumos agrícolas (+1,83% em abril e +6,12% no acumulado) (Tabelas 1 a 3).

Conforme se observa na Figura 1, os insumos agrícolas foram impulsionados pelas indústrias de fertilizantes, com alta expressiva de preços, e de defensivos, com elevação significativa em quantidade. Já para os insumos pecuários, os maiores preços e quantidade para rações foram o destaque positivo no período.

Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações até abril/2019                      

Na indústria de fertilizantes, o aumento significativo previsto para o faturamento atrela-se principalmente aos maiores preços do produto – na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2019 e o mesmo período de 2018, o crescimento é de 19,89%. Para a produção, a alta anual prevista segue mais modesta (+1,95%). No caso da indústria de defensivos, ocorre o inverso, com a projeção de alta do faturamento impulsionada pela maior produção esperada (30,30%) e elevação mais comedida nos preços na comparação entre os quatro primeiros meses de 2019 e de 2018 (+3,32%).

O incremento de preços nessas atividades se justifica pela oferta internacional mais ajustada à demanda, pela alta na cotação do petróleo ao final de 2018 e pela desvalorização do Real frente ao dólar nos últimos meses, tendo em vista a grande dependência da importação de insumos nessas indústrias. No caso da forte elevação em quantidade de defensivos, esse movimento pode estar atrelado à maior demanda por parte de culturas mais intensivas no uso desse insumo, como o algodão, que tem a perspectiva de crescimento de 36,2% em área nesta temporada, conforme dados da Conab. Ademais, o movimento pode representar uma resposta da produção nacional do insumo ao fechamento de diversas indústrias de defensivos na China (frente à política de recuperação ambiental que vem sendo aplicada no País), já que o Brasil é importante demandante do produto chinês, conforme já destacado no último relatório do PIB.

Já para a indústria de máquinas agrícolas, a redução esperada no faturamento decorre da menor produção prevista (-7,20%), já que os preços apresentaram aumento na comparação de janeiro a abril de 2019 com relação ao mesmo período de 2018 (+3,69%). Segundo informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), este resultado negativo decorre da demanda represada – que estava à espera do lançamento do plano safra 2019/2020 – e da queda nas exportações de máquinas. Para a indústria de rações, o crescimento esperado no faturamento reflete as elevações em preços (11,11%) e produção esperada para o ano (2,00%).

SEGMENTO PRIMÁRIO: custo em alta no ramo agrícola ainda pressiona renda do segmento

O PIB do segmento primário do agronegócio recuou 0,86% em abril, com baixa de 2,08% no ramo agrícola e alta de 1,59% no pecuário. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2019, verifica-se recuo de 1,62% no primário do agronegócio, com queda de 4,21% no agrícola e elevação de 3,93% no pecuário (Tabelas 1, 2 e 3).

Para 2019, espera-se crescimento de 1,40% no faturamento médio das atividades do segmento primário agrícola, considerando-se projeções de produção para o ano e preços de janeiro a abril de 2019 comparados com os do mesmo período do ano anterior. Com relação à produção, em 2019, espera-se alta de 0,87% na média ponderada das atividades acompanhadas. Já para preços, na comparação entre janeiro a abril de 2019 e de 2018, houve crescimento médio de 0,52%. No entanto, a renda do segmento no ramo agrícola neste período do ano seguiu pressionada pelo aumento nos custos de produção, com variação superior à registrada no faturamento.

Já no segmento primário da pecuária, para 2019, espera-se crescimento de 10,36% no faturamento, resultado dos avanços de 9,93% nos preços e de 0,40% na quantidade produzida, em média.

As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4, apresentadas a seguir, detalham os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas e pecuárias. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, projetam-se crescimentos nos faturamentos em 2019 para algodão, banana, batata, cacau, feijão, laranja, milho, tomate, trigo, uva e lenha/carvão. Já as culturas para as quais projetam-se quedas no faturamento são arroz, café, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, soja, madeira em tora e madeira para celulose – Figura 2 e Tabela 4.

Na cultura do feijão, se destaca o forte aumento nos preços. Comparando-se os meses de janeiro a abril de 2019, frente ao mesmo período de 2018, a alta nas cotações reais foi de 144,86%, enquanto a previsão de produção para o ano apresenta queda (-3,41%). De acordo com a Conab, a primeira safra do grão foi marcada pela menor área plantada, juntamente com quedas na produtividade. Já para a segunda safra, a Companhia destaca o incremento de área destinada à produção, impulsionado pela elevação de preços. Segundo o Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses), a demanda pelo grão seguiu forte por todo País, mas os produtores estiveram preocupados com a qualidade do feijão, que pode ser prejudicada por adversidades climáticas.

Para a batata, a variação esperada do faturamento é impulsionada pela alta nas cotações reais, de 84,81% na comparação entre períodos, já que a projeção de produção para o ano indica leve queda (-0,56%). Segundo a equipe Hortifrúti/Cepea, em abril, os preços seguiram influenciados pela menor oferta do tubérculo no mercado, devido às chuvas que afetaram algumas regiões produtoras entre fevereiro e abril, o que reduziu a produtividade da batata e elevou a incidência de doenças.

No caso do algodão, o crescimento projetado no faturamento reflete a expectativa de aumento na quantidade produzida, em 33,43% para o ano, uma vez que os preços apresentaram queda de 4,09% na comparação de janeiro a abril de 2019 em relação ao mesmo período de 2018. Segundo a equipe Algodão/Cepea, apesar da baixa verificada na comparação de períodos, o mercado de algodão em abril teve apenas leves oscilações nas cotações, motivadas por disparidades de preços entre agentes e pela qualidade do produto. De acordo com a equipe, as indústrias trabalharam ao longo do mês principalmente com matéria-prima estocada, e os comerciantes voltaram-se mais ao cumprimento de compromissos anteriores. Em relação ao aumento na produção, a Conab ressalta que a forte alta na quantidade projetada se refere ao incremento de 36,2% na área destinada à produção para esta safra.

Já para a cultura do milho, o crescimento esperado do faturamento reflete as elevações tanto da expectativa de quantidade produzida para o ano (+20,20%) quanto do preço (+4,59%) na comparação entre janeiro a abril de 2019 e o mesmo período de 2018. A equipe Grãos/Cepea indica que, apesar de as cotações estarem em alta na comparação com o mesmo período do ano passado, especificamente no mês de abril, houve baixa devido à maior disponibilidade do cereal no mercado, tendo em vista o avanço das safras e a necessidade de liberar espaço nos armazéns. Na produção, a Conab destaca o aumento de área destinada à cultura.

Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de abril/2019

Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de abril/2019

Na cultura do café, a redução do faturamento foi resultado da queda de 12,21% nos preços reais de janeiro a abril de 2019, comparado ao mesmo período de 2018, juntamente com a projeção de recuo na produção para o ano (-17,42%). Segundo a equipe Café/Cepea, a queda nas cotações do café está fortemente atrelada à grande oferta global do grão. Já para a produção, conforme já destacado em relatórios anteriores, 2019 está marcado pela bienalidade negativa da cultura nas principais regiões, limitando o rendimento – a Conab estima diminuição de 16,5% na produtividade.

Para a cana-de-açúcar, a redução esperada no faturamento é reflexo da queda dos preços até abril, comparado ao mesmo período do ano anterior (-1,87%), e da projeção de ligeira baixa da produção para o ano (-0,72%). De acordo com a Conab, apesar da expectativa de aumento na produtividade da cana para esta safra, a expectativa de queda na produção advém da diminuição da área destinada à cultura.

Quanto à soja, a redução esperada no faturamento para o ano é reflexo dos recuos de 4,28% nos preços, na comparação entre os quatro primeiros meses de 2019 frente ao mesmo período de 2018, e de 3,72% na produção esperada para o ano. Segundo a Conab, a alta liquidez da soja, juntamente com o bom patamar das cotações em momentos anteriores ao plantio da atual safra incentivaram os produtores a aumentarem a área com a oleaginosa e investirem em pacotes tecnológicos. No entanto, a Companhia destaca que as adversidades climáticas durante o desenvolvimento resultaram em quedas da produtividade e da produção, mesmo com o aporte tecnológico e elevação de área. Já para preços, a equipe Soja/Cepea destaca que o mês de abril foi marcado pela redução nos preços do grão, motivada por diferentes fatores, como a grande oferta da soja nacional e internacional (safra argentina), a diminuição da demanda e a forte desvalorização dos contratos futuros nos Estados Unidos. A equipe aponta que a redução do preço no Brasil só não foi mais intensa devido à desvalorização do Real frente ao Dólar, ao bom ritmo de exportações do grão e aos problemas climáticos que prejudicaram a safra nos Estados Unidos.

Para o segmento primário da pecuária, há expectativa de alta no faturamento para as atividades de bovinocultura de corte, frango, leite e suínos, e baixa para ovos – Figura 3.

Figura 3. Pecuária: Variação anual dos preços e do faturamento 2019/2018 com informações de abril/2019

Para a bovinocultura de corte, a elevação esperada no faturamento decorre de preços 1,38% maiores na comparação entre períodos (janeiro a abril de 2019 em relação a 2018) e do ligeiro aumento esperado para a produção (+0,24%).  De acordo com a equipe Boi/Cepea, em abril, o valor médio do Indicador ESALQ/B3 apresentou o maior valor real desde fevereiro de 2018. A equipe destaca que a oferta restrita de animais para abate e o bom desempenho das exportações levaram a este cenário positivo em termos de preço.

No caso da produção de leite, a projeção de alta no faturamento reflete a expectativa de maior produção (+2,5%) e o significativo aumento nos preços (+25,20%) na comparação entre períodos. Segundo a equipe Leite/Cepea, apesar da alta projetada na produção anual, comparando-se 2019 e 2018, a oferta tem sido limitada nos últimos meses, em função de condições climáticas desfavoráveis no período. Com isso, se manteve a disputa nas indústrias do setor pela matéria-prima, o que resultou em elevação no preço do produto.

Para a suinocultura, o crescimento esperado no faturamento relaciona-se ao aumento nos preços (+12,91%) no período de janeiro a abril de 2019 frente ao mesmo período de 2018, bem como à expectativa de alta na produção para o ano (+3,89%). Segundo a equipe Suínos/Cepea, o mercado tem apresentado um bom desempenho nas exportações, indicando que o ano será favorável para o setor, principalmente devido à maior demanda chinesa pela proteína, tendo em vista a ocorrência de Peste Suína Africana (PSA). Juntamente com o avanço das exportações, que diminui a oferta interna, os suínos que ainda estão no Brasil para abate não atingiram peso ideal, influenciando na alta nos preços.

Quanto ao mercado de aves para corte, o crescimento no faturamento é reflexo do aumento significativo nos preços reais, de 22,66% na comparação entre janeiro a abril de 2019 frente ao mesmo período de 2018, enquanto a projeção de produção para o ano apresenta redução de 2,32%. Segundo a equipe Frango/Cepea, a forte alta das cotações do frango se deveu à demanda aquecida dos mercados interno e externo. Já para o mercado de ovos, preços e quantidades em baixa, de 3,09% e 2,64% respectivamente, têm pressionado o faturamento esperado.

SEGMENTO INDUSTRIAL: ramos agrícola e pecuário seguem crescendo em abril

O segmento agroindustrial registrou alta de 0,29% em abril de 2019, com elevações de 0,19% para a indústria de base agrícola e de 0,70% para a de base pecuária. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o segmento cresceu 0,34%, com aumento de 0,44% na indústria de base agrícola, mas ligeira baixa de 0,11% na de pecuária (Tabelas 1, 2 e 3).

Na indústria de base agrícola, espera-se retração de 0,51% no faturamento anual, resultado de queda de 2,14% na produção média ponderada do segmento, tendo em vista o aumento de 1,66% nos preços médios. Já os custos do segmento apresentam expectativa de retração, o que tem resultado na elevação em termos de renda. Já no caso da indústria de base pecuária, ocorre o inverso, com a renda do segmento pressionada pelo aumento dos custos de produção; mas, para o faturamento, espera-se elevação de 8,11%, resultado de maiores preços (7,15%) e produção (0,90%), em média.

No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram projeção de crescimento do faturamento foram: celulose e papel, açúcar, bebidas e outros produtos alimentares. As demais indústrias registram perspectivas de redução: produtos de madeira, móveis de madeira, biocombustíveis (etanol), têxtil e vestuários, café, moagem e fabricação de produtos amiláceos, conservas de frutas e legumes, produtos do fumo e óleos vegetais (Figura 4).

Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas

Para a indústria de celulose e papel, a evolução positiva no faturamento esperado para 2019 reflete os maiores preços – houve aumento de 11,88% na comparação entre janeiro a abril de 2019 e o mesmo período de 2018. Já para a produção, espera-se redução de 3,36% no ano. Conforme já destacado em relatórios anteriores, agentes do setor relatam que a demanda interna da economia brasileira ainda segue enfraquecida e que os preços, apesar do patamar elevado, têm sido pressionados por estoques acima da média histórica e por margens de produtores de papel comprimidas por valores internacionais mais baixos.

Na indústria do açúcar, espera-se crescimento de 9,50% na produção anual, e houve alta de 6,02% nos preços na comparação do primeiro quadrimestre de 2019 com o mesmo período de 2018. Segundo a equipe Açúcar/Cepea, os preços internacionais do adoçante têm sido impulsionados por projeções indicando déficit no mercado global para este ano. Especificamente em abril, a equipe destacou que, na segunda quinzena do mês, usinas paulistas que iniciaram a moagem da safra 2019/20 suspenderam a produção devidos às chuvas, o que resultou em uma oferta mais limitada do mercado e em elevação de preços.

Para o etanol, verificam-se quedas de 7,62% nos preços na comparação de janeiro a abril de 2019 com relação ao mesmo período de 2018 e de 6,53% na produção anual esperada (considerados o etanol e cana e de milho). De acordo com a Conab, a redução na produção de etanol projetada para a safra está relacionada à expectativa de maior destinação de ATR para a produção de açúcar, produto que no momento oferece maior remuneração, diminuindo a fabricação de etanol proveniente de cana. No entanto, cabe destacar que, entre 2018 e 2019, espera-se incremento significativo na produção de etanol de milho, em 97,5%, com previsão de encerrar a temporada com representatividade de 4,5% sobre a produção de etanol total.

Com relação às indústrias pecuárias, os resultados são apresentados na Tabela 5. As expectativas são de redução de faturamento apenas para a indústria de couro e calçados de couro, com elevações esperadas para a indústria do abate e laticínios.

Na indústria do abate, o aumento esperado do faturamento reflete a alta nas cotações, de 10,24% na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2019 e o de 2018. Os preços médios da indústria foram impulsionados, sobretudo, pelas carnes de frango e de suínos. Segundo a equipe Aves/Cepea, a avicultura seguiu em recuperação no período, em decorrência das altas verificadas nas demandas interna e externa pela proteína e da menor oferta de abate de aves. Já para a carne suína, a equipe Suínos/Cepea destaca a alta demanda internacional pela carne brasileira, especialmente devido à Peste Suína Africana (PSA), que elevou a demanda asiática pelo produto brasileiro. No caso da carne bovina, a equipe Boi/Cepea destaca que também houve elevação de preços no período, devido à oferta mais restrita de animais para o abate e ao bom desempenho das exportações.

Para a indústria de produtos lácteos, a alta esperada no faturamento reflete a expectativa de maiores produção (4,90%) e preços (1,65%). Segundo pesquisadores da equipe Leite/Cepea, a demanda no mercado de derivados tem mostrado reação e a oferta está mais equilibrada, contexto que sustentou os preços nos quatro primeiros meses do ano.

Tabela 5. Agroindústrias de base pecuária: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhadas

SEGMENTO DE SERVIÇOS: segmento segue em alta em abril

Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou alta de 0,17% em abril 2019, mas segue em baixa no acumulado de janeiro a abril, de 0,12%. Entre os ramos, o agrícola teve baixa de 0,10% no mês e estabilidade no acumulado (leve aumento de 0,02%). Já o pecuário apresentou alta de 0,88% em abril, mas segue com redução no acumulado, de 0,47%.

No caso dos serviços agrícolas, o resultado levemente positivo no acumulado (+0,02%) atrela-se à maior produção no segmento primário e à elevação no volume de exportações. Por outro lado, o resultado ainda é modesto, devido sobretudo às quedas esperadas na produção de agroindústrias importantes em termos de volume transportado e comercializado, como produtos e móveis de madeira, celulose e papel, biocombustíveis, têxteis e vestuário, café, produtos amiláceos, conservas, óleos e gorduras vegetais, além de outros produtos alimentares gerais. Outro ponto relevante é a elevação dos custos de produção no segmento primário do ramo, que reduz as margens para os segmentos de serviços voltados às atividades.

No caso do ramo pecuário, o resultado positivo para o segmento em abril foi motivado sobretudo por uma melhora no cenário em preços entre março e abril para os segmentos a montante – pecuária dentro da porteira e indústria de base pecuária. Essa melhora do cenário em preços reflete um movimento conjunto de avanço nas cotações dos produtos pecuários e de alguma redução nos preços dos insumos entre março e abril de 2019.

CONCLUSÕES

O PIB do Agronegócio brasileiro apresentou leve alta de 0,04% em abril de 2019, resultando em quase estabilidade (-0,05%) no acumulado de janeiro a abril.

Entre os ramos, o PIB agrícola teve baixas de 0,33% em abril, e de 0,47% no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, refletindo o encarecimento de importante insumos de produção, com destaque para fertilizantes e corretivos agrícolas (19,89%). Nesse sentido, a queda da renda gerada no segmento primário agrícola - de 2,08, em abril, e de 4,21, no 1º quadrimestre – reflete essas altas de custos, apesar da expansão de produção e preço nas culturas do algodão, milho e leite.

Já o ramo pecuário, apesar da alta de 11,11% nos preços das rações, apresentou crescimento tanto do PIB mensal (1,07%) como do acumulado de janeiro a abril (1,11%). Assim, diferentemente do ramo agrícola e apesar da alta de custos, no ramo pecuário a renda ‘dentro da porteira’ cresceu tanto em abril (1,59%) como no acumulado do quadrimestre (3,93%), beneficiada pelo aumento das exportações brasileiras de carnes - principalmente de suínos e frangos - no contexto chinês da peste suína africana.

ANEXO I – Evolução mensal do PIB DO AGRONEGÓCIO

A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)

A2) PIB do Agronegócio: Participações dos segmentos (em %)

A3) PIB Volume do Agronegócio: Taxa anual (em %)*

  • Nota técnica: O PIB Volume do Agronegócio trata-se do PIB do agronegócio calculado pelo critério de preços constantes. Resulta, portanto, a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

A4) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA

O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).

Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor. 

Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:

•       PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.

•          PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).

Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx