Alimentação no domicílio recua 0,16% em outubro
IPCA
A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,09% em outubro de 2025, ficando 0,39 p.p. abaixo da taxa registrada em setembro (0,48%). Em outubro de 2024, o índice teve alta de 0,56%.
O IPCA acumulado nos últimos 12 meses ficou em 4,68%, abaixo dos 5,17% dos 12 meses imediatamente anteriores e acima do teto da meta para 2025, de 4,5%.
Gráfico 1: IPCA - Índice Geral e Grupos - Variação mensal (%)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou aumento de 0,09% em outubro de 2025, ficando 0,39 ponto percentual (p.p.) abaixo do registrado em setembro (0,48%). Como base de comparação, em outubro de 2024 o índice havia apresentado alta de 0,56%. Quando observado a média histórica para o mês, outubro de 2025 ficou abaixo do resultado dos últimos cinco anos (0,70%).
Gráfico 2: IPCA - Meses de Outubro de cada ano (%)
Fonte: IBGE. Elaboração: DTec/CNA.
O grupo de Alimentação e Bebidas manteve estabilidade na passagem de setembro para outubro, registrando alta marginal de 0,01%, com impacto neutro no IPCA do mês outubro. O subgrupo de Alimentação no Domicílio recuou 0,16%, sendo que a queda nos preços da banana-prata (-5,05%), do alho (-4,49%), do ovo de galinha (-2,66%), do arroz(-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%) contribuíram para esse resultado. No lado das altas, destacam-se a batata-doce (10,44%), a batata-inglesa (8,56%), o óleo de soja (4,64%), o tomate (2,15%) e carnes (0,21%). A Alimentação fora do Domicílio, por sua vez, registrou alta de 0,46%. No acumulado dos últimos 12 meses até outubro, o índice geral registrou aumento de 4,68%, com o grupo Alimentação e Bebidas apresentando alta de 5,50% e Alimentação no Domicílio de 4,54%.
O grupo de Habitação registrou o maior impacto negativo no IPCA do mês de outubro, igual a -0,05 p.p., e a segunda maior variação negativa de preços no referido mês, igual a -0,30%, seguido do grupo de Artigo de Residência (-0,34%). A queda no grupo de Habitação foi motivada pela variação negativa de 2,39% na energia elétrica residencial, sendo o maior impacto negativo no índice de outubro, com -0,10 p.p.. Esse resultado foi decorrente da mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, para patamar 1, com a cobrança adicional de R$4,46 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos, ao invés de R$7,87. O grupo de Transportes, por sua vez, teve alta de 0,11% em outubro, reflexo da alta nos preços dos combustíveis (0,32%), com aumento nos preços do etanol (0,85%), do gás veicular (0,42%) e da gasolina (0,29%), enquanto o preço do óleo diesel recuou 0,46%.
Os demais grupos analisados registraram aumento nos preços na passagem de setembro para outubro, sendo os grupos de Despesas Pessoais (0,45%) e de Saúde e Cuidados Pessoais (0,41%) os que reportaram maior impacto de alta no IPCA do mês, respectivamente iguais a 0,05 p.p. e 0,06 p.p., enquanto os demais registraram impacto inferior a 0,02 p.p. no IPCA de outubro.
Gráfico 3: IPCA - Índice Geral e Grandes Grupos - Acumulado em 12 meses (%)
Fonte: IBGE. Elaboração: DTec/CNA.
As variações de preços no IPCA de outubro impactam positivamente os custos de produção agropecuária. A queda nos preços da energia elétrica e do óleo diesel pode representar um alívio nos custos das atividades mais intensivas em energia, como aquelas que utilizam sistemas de irrigação, climatização, resfriamento, bombeamento e circulação de água, bem como no funcionamento de máquinas e implementos que utilizam o diesel para combustão. Além disso, a queda nesse combustível reduz a pressão sobre o custo do transporte de insumos e o escoamento da produção, uma vez que caminhões e carretas que movimentam cargas pelo país são majoritariamente movidos a diesel.
Para fins de comparação, faz-se uma análise do índice de preços internacionais de produtos alimentícios calculado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o Índice de Preços de Alimentos da FAO - IPFA, referente ao mês de outubro, com abrangência das categorias de cereais, óleos vegetais, carnes, laticínios e açúcar. O IPFA atingiu média de 126,4 pontos em outubro, situando-se abaixo do índice revisado registrado em setembro (128,5). No geral, foi observado queda nos índices de preços de todos os produtos analisados, exceto óleos vegetais.
O preço internacional dos óleos vegetais atingiu 169,4 pontos em outubro, alta de 0,9% em relação a setembro e maior registro desde julho de 2022. O aumento refletiu as cotações mais altas para os óleos de palma, canola, soja e girassol. As expectativas mundiais de menor oferta para exportação, considerando todos os óleos, bem como à maior demanda interna de óleo de soja no Brasil e nos Estados Unidos contribuíram para esse resultado. O grupo de carnes, por sua vez, registrou média de 125,0 pontos em outubro, queda de 2,0% em relação a setembro, justificada pelos recuos nos preços da carne suína, de aves e da carne ovina, parcialmente compensadas pela alta nos preços da carne bovina, a qual continuou a subir impulsionada por cotações mais altas da Austrália devido à firme demanda global.
O preço dos cereais atingiu 103,6 pontos em outubro, baixa de 1,3% sobre setembro decorrente da ampla oferta global de trigo, bem como as cotações mais baixas para cevada, milho, sorgo e arroz. Em relação aos laticínios, os preços internacionais atingiram média de 142,2 pontos em outubro, uma queda de 3,4% em relação ao mês de setembro, refletindo um declínio nos preços de todos os subitens do grupo em função da ampla disponibilidade nos países exportadores, bem como à demanda limitada e à forte concorrência no mercado de exportação de leite em pó. Já o índice de preços do açúcar ficou em 94,1 pontos em outubro, recuo de 5,3% em relação a setembro, impulsionado pela expectativa de ampla oferta global do produto, particularmente pelo Brasil, bem como devido a queda nos preços internacionais do petróleo bruto, que exerceu pressão adicional sobre os preços mundiais do açúcar, devido à menor demanda do setor de biocombustíveis.
Tabela 1: Maiores Impactos de Baixa - Produtos Selecionados
Fonte: IBGE. Elaboração: DTec/CNA.
Principais quedas de preço no mês de outubro/2025:
Banana-prata - O aumento da oferta, sobretudo no Vale do Ribeira (SP) e no Ceará pressionou para baixo as cotações da fruta.
Alho - Os bons estoques da safra de inverno nas praças do Cerrado Mineiro e Goiano, além do aumento das importações, ampliaram a disponibilidade do produto no mercado, reduzindo os preços.
Ovo de galinha - A oferta do produto tem sido suficiente para atender à demanda. Ainda, pontualmente, o aumento das temperaturas reduz o tempo de prateleira dos ovos, o que eleva a pressão de venda.
Arroz - Em outubro, a boa disponibilidade manteve tendência de queda. O Indicador CEPEA/IRGA recuou 6,19%, refletindo baixa liquidez e desânimo dos produtores com preços abaixo dos custos.
Leite longa vida - A maior disponibilidade do produto no campo, bem como o aumento de 15% nas importações de leite em pó no mês, que atingiram recorde histórico para outubro, com 169 milhões de litros. pressionou os preços ao produtor, que caíram 4%.
Tabela 2: Maiores Impactos de Alta - Produtos Selecionados
Fonte: IBGE. Elaboração: DTec/CNA.
Principais altas de preço no mês de outubro/2025:
Batata-doce - O período de transição no clima, com altas temperaturas e regime de chuva ainda instável, reduziu a colheita e interferiu no padrão dos tubérculos, elevando os preços.
Batata-inglesa - Altas temperaturas e chuvas irregulares, reduziu o volume colhido e comprometeu o padrão dos tubérculos, com efeito direto nos preços.
Óleo de soja - Em outubro, os preços do óleo de soja permaneceram firmes, impulsionados pela forte demanda externa e pela alta de 18% na Bolsa de Chicago frente a 2024.
Tomate - Temperaturas mais elevadas e a entrada das chuvas impactaram a colheita e a qualidade dos frutos diminuíram a disponibilidade frutos e inflacionaram os preços.
Carnes - Para a carne bovina, a redução nos abates e a menor oferta, aliadas à boa demanda interna e externa, puxaram os preços para cima. Para a carne de frango, a boa procura doméstica e o bom ritmo das exportações impactaram as cotações. No mercado atacadista paulista, o frango resfriado teve alta de 6,1% no período analisado, segundo o Cepea.