Conacarne: Especialistas analisam tendências de consumo e padrões da carne bovina
Congresso acontece na quinta (18) e na sexta (19), em Belo Horizonte (MG)
Belo Horizonte, MG (18/09/2025) – Especialistas nacionais e internacionais da cadeia de carne bovina se reuniram no Congresso Nacional da Carne (Conacarne), na quinta (18), para discutir as tendências de consumo do produto no mundo e características e padrões de qualidade exigidos pelos frigoríficos.
O Conacarne reuniu no Expominas produtores rurais de todas as regiões do Brasil, entidades, sindicatos rurais, especialistas, autoridades, presidente de Federações estaduais de agricultura e pecuária, diretores do Sistema CNA/Senar para acompanhar, durante dois dias, debates sobre tendências de consumo, mercado, inovações e trocar experiências.
Considerado o maior evento do setor sobre o tema, o Congresso é promovido pelo Sistema CNA/Senar e pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), com o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Tendências - No primeiro painel do dia, mediado pela diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, representantes de entidades internacionais da cadeia abordaram as tendências de consumo de carne bovina sob o olhar dos principais produtores e importadores mundiais.
Sueme reforçou a importância de discutir tendências globais para fortalecer a presença da carne brasileira nos principais mercados do mundo.
O diretor da Al Tayeb Meat nos Emirados Árabes Unidos, Riyadh Jabbar, destacou que cada país apresenta preferências específicas quanto aos cortes e tipos de carne. “No segmento premium, há uma migração de preferência de produtos congelados para produtos refrigerados e de marca.
Por isso, segundo Riyad Jabbar, a carne bovina brasileira tem forte presença no Oriente Médio, especialmente em produtos embalados a vácuo e refrigerados, que apresentam alta demanda, principalmente por questões de saúde e bem-estar. “Há, também, um crescente interesse por carne com baixo teor de gordura, alimentada a pasto e com rótulo limpo, o que agrega muito valor”, afirmou.
Já o gerente de acesso a mercados do Instituto Nacional da Carne do Uruguai (INAC), Álvaro Pereira Ramela, disse que o comércio transparente e justo é fundamental para o setor. Segundo ele, 10% do PIB do Uruguai depende diretamente da pecuária, enquanto todo o agronegócio representa entre 25% e 30%.
“Temos predominância de pastagem nativa, sem hormônios e sem antibióticos, e incorporamos tecnologia para exportar e atender aos consumidores. A rastreabilidade ocorre no campo, na indústria e até na floresta, e exportamos 80% do que produzimos”, explicou.
O diretor global de Compras da Norvida Suécia, Oskar Hjertsäll, reforçou a parceria de mais de 20 anos com o Brasil.
“Temos equipe no país para apoiar a produção e buscamos sempre a melhor qualidade, que é o que realmente importa. A sustentabilidade sempre foi relevante na Europa. Estar à frente desses temas abre portas e cria acesso totalmente novo ao mercado”, destacou.
Em vídeo gravado para o evento, a CFO do Optimize Integration Group (OIG) da China, Wei Kailing, falou sobre o mercado de importação chinês e como ele movimenta o mundo, destacando sua influência internacional.
Qualidade - No segundo painel, que contou com a moderação do professor da UFR-MT Ângelo Polizel, representantes dos principais frigoríficos do país debateram a evolução do perfil de carcaças de bovinos abatidos no país em termos de classificação e tipificação e as demandas das indústrias em relação ao perfil de gado.
O professor Ângelo Polizel falou sobre como o Brasil avançou na produção de proteína animal, passando de importador para exportador. Ele também destacou a qualidade e eficiência da produção brasileira e o tipo de carcaça que os frigoríficos exigem. “Nós já aumentamos a produção e agora temos que olhar para a qualidade. Precisamos produzir de forma eficiente na ponta. Já a indústria tem de aproveitar a maior porcentagem de carne possível”.
O diretor de Exportações da Marfrig Global Foods, Alisson Navarro, citou dados de exportação, principais destinos da carne brasileira e a evolução das pastagens. Ele informou que em 2004, o Brasil tinha 180 milhões de hectares de pastagens. Em 2024, esse número foi reduzido para 160 milhões.
“Isso significa que produzimos um animal mais jovem, mais pesado e utilizando uma área menor do que há 20 anos. Hoje temos aumento de produtividade e um animal de melhor qualidade”. Em relação às exigências dos frigoríficos, Alisson destacou a regularidade. “Nós temos que atender a demanda do cliente final de forma regular. Ele quer receber o produto padronizado e direcionar para a fábrica dele”.
Em seguida, o gerente executivo de Originação de Bovinos na Friboi, Thiago Bessa, abordou o tipo de carne que o consumidor quer e a mudança da oferta no mercado mundial. “O gado jovem já é uma realidade. O efeito China revoluciona a produção pecuária e segue como maior parceiro do Brasil.
Segundo Thiago, existem três revoluções da pecuária moderna, sendo elas: confinamento e terminação intensiva a pasto; recria intensiva a pasto e melhoramento genético do gado de corte. Ainda em sua fala, Bessa reforçou que o Brasil é capaz de produzir qualquer padrão de carne com planejamento e remuneração da cadeia.
Em sua fala, a gerente executiva de Relações Institucionais da Minerva, Mariane Crespolini, disse que apesar de 70% da carne brasileira ser consumida pelos brasileiros, o mercado internacional foi o grande propulsor dessas mudanças. “O boi China foi um grande incentivo econômico para a recuperação de pastagem, adoção de manejo nutricional e outras tecnologias sustentáveis”.
Para Mariane, um animal jovem e bem-acabado permite atender diferentes mercados com constância, volume e padrão. “É uma estratégia de diversificação de mercado, é o futuro. A especialista acrescentou que o momento de oferta e demanda global é muito oportuno. “Os preços na Europa subiram muito esse ano”.
Durante o dia, especialistas debateram ainda as inovações tecnológicas e os impactos nos sistemas de produção e no futuro da carne bovina.
Acompanhe o evento no site do Conacarne