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14 de fevereiro de 2019
PIB do Agronegócio fica praticamente estável em novembro
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O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), manteve-se praticamente estável em novembro, com leve recuo de 0,02%. No acumulado do ano (janeiro a novembro), o desempenho segue negativo, em 0,65%.

Enquanto os segmentos de insumos (0,73%) e indústria (0,11%) apresentaram altas em novembro, o primário (-0,22%) e agrosserviços (-0,06%) recuaram no mês. Já no acumulado entre janeiro e novembro de 2018, os segmentos primário e de agrosserviços registraram baixas, de 2,51% e de 1,89%, respectivamente. O segmento de insumos foi o que apresentou melhor desempenho no acumulado do período, com alta de 10,20%, seguido da agroindústria, que cresceu 1,10%.

Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)

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Entre os ramos, o agrícola apresentou resultados positivos, com crescimento de 0,13% em novembro e de 3,97% no acumulado do ano. Já o pecuário sente os efeitos da baixa demanda interna e da restrição de importantes mercados internacionais ao longo 2018, registrando quedas de 0,32% no mês e de 11,17% no ano (Tabelas 2 e 3).

Com relação aos segmentos, no ramo pecuário apenas o de insumos não apresentou resultado negativo no acumulado de janeiro a novembro. Já no ramo agrícola, apenas o segmento primário registrou leve queda no acumulado do ano, verificando-se alta nos demais.

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Em novembro, os desempenhos dos segmentos nos ramos agrícola e pecuário foram, respectivamente: insumos: 0,71% e 0,80%; primário: -0,50% e 0,39%, agroindústria: 0,30% e -0,56%; e agrosserviços: 0,31% e -0,81%. No acumulado do ano: insumos: 13,96% e 3,29%; primário: -0,62% e -6,10%; agroindústria: 4,72% e -11,60%; e agrosserviços: 5,11% e -15,70% (Tabelas 2 e 3).

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SEGMENTO DE INSUMOS: Insumos para a agricultura seguem puxando alta expressiva do segmento


O segmento de insumos do agronegócio apresentou alta de 0,73% em novembro, acumulando expressivo crescimento de 10,20% de janeiro a novembro de 2018. Verificam-se desempenhos positivos tanto para os insumos agrícolas (0,71% em novembro e 13,96% no acumulado do ano) como no ramo pecuário (0,80% no mês e 3,29% no acumulado de janeiro a novembro) (Tabelas 1 a 3).

Considerando-se informações disponíveis até novembro/18, projetam-se altas no faturamento anual de todas as atividades do segmento: de 25,91% para indústrias de fertilizantes, 7,39% na de defensivos, 6,34% no de máquinas agrícolas, 4,50% para rações e de 1,04% em medicamentos para animais – Figura 1.



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Na indústria de fertilizantes, a elevação prevista no faturamento decorre tanto dos maiores preços, com forte alta de 21,19% na comparação de janeiro a novembro de 2018 com o mesmo período de 2017, quanto da expectativa de produção, 3,90% maior para o ano. Segundo a equipe Custos/Cepea, o preço do insumo foi impulsionado ao longo de 2018 por fatores como as maiores demandas doméstica e externa, a alta nos valores internacionais, a desvalorização do Real frente ao dólar e também pela elevação dos custos, resultante da política de tabelamento de fretes, conforme já ressaltado em relatórios anteriores. Quanto à projeção de alta no volume anual de fertilizantes, esta está associada principalmente à elevação da demanda no período de semeio da safra de grãos 2018/2019.

Em relação à indústria de defensivos, a projeção de alta de 7,39% do faturamento atrela-se à previsão de maior quantidade (11,90%), apesar do recuo de 4,03% nos preços na comparação entre períodos (janeiro a novembro de 2018 frente aos mesmos meses de 2017). Já para a indústria de máquinas agrícolas, o crescimento de 6,34% esperado para o ano reflete a elevação da produção em 6,80%, com leve baixa de 0,43% nos preços. Segundo informações da Anfavea, a alta na produção de máquinas advém do bom desempenho da comercialização no ano, que, por sua vez, foi favorecido pela maior liquidez das safras de grãos, como soja e algodão, que incentivaram novos investimentos, conforme já destacado em relatórios anteriores.

Para rações, houve alta de preços (3,87%) e de produção (0,60%), resultando na expectativa de faturamento, com alta de 4,50% em 2018. Segundo informações do Sindirações, apesar da alta acumulada, o desempenho do setor de rações em 2018 foi aquém do esperado pelos agentes da atividade, devido a demanda reduzida por proteínas no mercado, decorrente da lenta recuperação do consumo doméstico e os efeitos negativos decorridos dos embargos europeu e russo, às carnes de frango e suína, respectivamente.

SEGMENTO PRIMÁRIO: após meses consecutivos de queda, ramo pecuário registra alta em novembro

A renda do segmento primário do agronegócio apresentou baixa de 0,22% em novembro, com crescimento de 0,39% no ramo pecuário e redução de 0,50% no agrícola. No acumulado do ano, o resultado segue negativo, em 2,51% – com reduções acumuladas em 0,65% no ramo agrícola e 6,10% no pecuário (Tabelas 1, 2 e 3). 

Para 2018, espera-se alta de 4,00% no faturamento médio das atividades do segmento primário agrícola. Com relação à produção, após o forte crescimento em 2017, para 2018, espera-se nova alta, embora mais modesta, de 0,88%, impulsionada pela expansão esperada na quantidade produzida de culturas importantes em termos de valor de produção, como algodão, café, trigo e soja. Quanto a preços, na comparação entre janeiro a novembro de 2018 com o mesmo período de 2017, houve elevação de 3,10% na média ponderada das atividades acompanhadas. No entanto, importante destacar que a renda do segmento segue pressionada pela alta de preços de importantes insumos para a produção em 2018, como fertilizantes, sementes e óleo diesel, conforme já destacado em relatórios anteriores.

Já no segmento primário da pecuária, a expectativa acerca do faturamento anual segue em baixa (-0,31%), por conta, especialmente, dos preços 3,42% menores na comparação de janeiro a novembro de 2018 com o mesmo período de 2017. Já na produção, espera-se elevação de 3,42% no ano. Assim como no segmento primário agrícola, o aumento de preços para insumos pecuários também tem influenciado negativamente a renda do segmento, com elevações importantes para diesel, eletricidade e grãos utilizados na alimentação animal, como o milho. Porém, as atividades pecuárias sofreram mais com efeitos relacionados à demanda enfraquecida por proteínas ao longo de 2018, que prejudicou os preços.

As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4, apresentadas a seguir, detalham os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas e pecuárias. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, projetam-se crescimentos dos faturamentos para algodão, batata, cacau, café, soja, tomate, trigo, madeira em tora, madeira para papel e celulose e lenha/carvão. Já as culturas para as quais as perspectivas são de queda no faturamento são arroz, banana, cana-de-açúcar, feijão, fumo, laranja, mandioca, milho e uva – Figura 2 e Tabela 4.

Na cultura do trigo, o crescimento esperado do faturamento reflete as elevações expressivas tanto da expectativa de quantidade produzida para o ano (27,30%) quanto do preço, (32,14%) na comparação entre janeiro a novembro de 2018 e o mesmo período de 2017. De acordo com as informações da Conab, a safra se beneficiou de boas condições climáticas e também do incentivo a investimentos na cultura advindo dos bons patamares de preços na época de plantio. Em relação ao preço, a equipe Grãos/Cepea destaca que, apesar da alta acumulada no período, em novembro houve recuo com relação a outubro e o mercado apresentou baixa liquidez. Segundo a equipe, os compradores mostraram-se abastecidos, devido aos maiores volumes doméstico e importado adquiridos em outubro, e os vendedores retraíram os negócios, devido ao menor patamar de preços.

Para a cultura do algodão, o crescimento esperado no faturamento reflete a projeção de alta na produção em 2018 (30,96%) e aumento nos preços na comparação entre períodos (17,14%). Segundo a Conab, a alta na produção foi estimulada por aumento de área e maior patamar de produtividade, atrelado às boas condições climáticas e bons resultados do uso de tecnologias na atividade. Já para preços, de acordo com a equipe Grão/Cepea, apesar do aumento da produção, grande parte da safra já estava comprometida por meio de contratos firmados antecipadamente. Deste modo, houve menor quantidade disponível para o mercado no mês de novembro, o que sustentou os preços no mês.

Já para o café, a elevação esperada do faturamento associa-se ao expressivo aumento na produção esperada para 2018 (37, 11%), dado que houve queda no preço real do grão na comparação de janeiro a novembro/18 com relação ao mesmo período de 2017 (-9,76%). De acordo com a equipe Café/Cepea, os menores preços estão atrelados a grande oferta do grão no mercado, tanto do arábica como do robusta. Em relação a produção, a Conab aponta como fatores de alta o ciclo de bienalidade positiva, juntamente com condições climáticas favoráveis e melhoria do pacote tecnológico, principalmente na utilização de variedades mais produtivas.

Para a soja, o crescimento esperado do faturamento reflete a expectativa de aumento da quantidade produzida, em 4,56% para o ano, e a elevação dos preços, de 15,17% na comparação entre janeiro a novembro de 2018 e o mesmo período de 2017. De acordo com a Conab, o novo recorde de produção de soja em 2018 está vinculado ao bom desempenho das cultivares devido às boas condições de climáticas. Já em relação aos preços, a equipe Soja/Cepea destaca que a crise comercial entre EUA e China exerceu influência significativa nas cotações em novembro, dado o volume recorde de grão exportado no mês, 136,7% superior na comparação com o mesmo mês de 2017.

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Fonte: Cepea/USP e CNA (elaborado a partir de dados do IBGE, Conab, IEA/SP, FGV, Cepea, Seagri/BA, Udop).

Dentre as culturas para as quais projeta-se redução do faturamento anual, destaca-se o feijão (-31,61%). Tal resultado advém da queda significativa dos preços reais, em 25,39%, comparando-se o período janeiro a novembro de 2018 com o mesmo período de 2017, juntamente com a projeção de queda na produção para o ano (-8,33%). Segundo dados da Conab, a primeira e a terceira safra do feijão foram marcadas por decréscimos de área plantada, e, além disso, a cultura apresentou produtividade muito inferior às safras passadas devido, principalmente, às condições adversas de pluviosidade e temperatura.

Para a laranja, a redução do faturamento foi resultado da queda de 4,00% nos preços reais de janeiro a novembro de 2018, comparado ao mesmo período de 2017, combinada com a redução esperada de 10,66% na quantidade produzida no ano. Segundo pesquisadores da equipe Hortifruti/Cepea, a produção de laranja em São Paulo e no Triângulo Mineiro foi severamente impactada pelo clima, tanto no fim de 2017, durante o desenvolvimento das floradas da temporada atual, quanto no primeiro semestre de 2018, quando se reduziu a qualidade das frutas.

Para a cana-de-açúcar, a redução do faturamento também está atrelada à projeção de queda na produção anual (-2,75%), bem como a diminuição nos preços (-11,84% na comparação de janeiro a novembro 2018, frente ao mesmo período de 2017). De acordo com a Conab, houve redução de área plantada e produtividade em relação à safra anterior, sendo este último fator devido ao envelhecimento das lavouras, a baixa taxa de renovação, a falta de investimento em algumas regiões e a redução do pacote tecnológico aplicado à cultura. A companhia também destaca que, nesta safra, houve estiagem no meio do ano, bem como altas temperaturas, sobretudo nos estados do Centro-Sul, acelerando a maturação e acarretando em baixo crescimento e falta de peso dos colmos. Já com relação a preços, a queda deriva principalmente da retração significativa do patamar de preços do açúcar no mercado com relação a 2017, conforme já destacado em relatórios anteriores. 

Quanto ao milho, a redução no faturamento anual esperado reflete uma projeção de produção de 17,43%, tendo em vista que os preços aumentaram 18,00% na comparação entre períodos. Segundo dados da Conab, a menor área semeada e stress hídrico no período de desenvolvimento da cultura, culminaram em menor produção. Já com relação a preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, em novembro, as cotações internas de milho voltaram a avançar devido a retomada das compras no mercado interno, com demandantes que buscavam antecipar as aquisições e repor os estoques para o final do ano.

Para o segmento primário da pecuária, há expectativa de alta nos faturamentos para bovinocultura de corte, leite e frango e baixa para as demais atividades (Figura 3).

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Na bovinocultura de corte, o crescimento esperado no faturamento anual reflete a um ligeiro aumento nos preços, de 0,71% na comparação entre períodos, e, principalmente, a expectativa de maior produção para o ano (3,77%). De acordo com a equipe Boi/Cepea, ainda que a produção tenha se elevado, os preços internos do boi gordo também subiram, impulsionados pela maior demanda de exportação ocorrida a partir do terceiro trimestre do ano.

Para o leite, a elevação esperada do faturamento associa-se a maiores preços (4,52%), dado que produção esperada em 2018 apresenta ligeira redução (-0,20%). De acordo com a equipe Leite/Cepea, o consumo de lácteos no Brasil está fortemente atrelado a renda da população e, desta forma, apesar da alta acumulada em preço, a demanda doméstica enfraquecida ao longo de 2018 limitou a recuperação do preço pago ao produtor.

Já para a suinocultura, a redução projetada no faturamento anual é reflexo da queda dos preços em 18,45% na comparação entre janeiro a novembro de 2018 frente ao mesmo período de 2017. Já em relação à quantidade produzida, projeta-se crescimento para o ano, de 4,46%. Segundo a equipe Suínos/Cepea, devido as festividades do fim de ano, a demanda por carne suína se elevou em novembro. Porém, essa demanda não foi suficiente para elevar o volume negociações de modo a subir o patamar de preços significativamente.

Quanto ao mercado de aves, para corte, a projeção de aumento no faturamento reflete o aumento dos preços em 3,30%, na comparação entre períodos, já que se projeta queda na produção de 2018 (-0,78%). De acordo com a equipe Frango/Cepea, a menor oferta de animais para o abate ainda foi o principal fator relacionado a alta nos preços. No entanto, a equipe também destaca que o ritmo aquecido de exportações, nos últimos meses do ano, também contribuiu para a elevação nos preços no mercado. Para postura, houve alta de 8,11% na projeção de produção anual e baixa de 18,93% em preços para o período. Segundo a equipe Ovos/Cepea, a retração significativa nas cotações ocorreu pela elevação da oferta, em decorrência, principalmente, dos investimentos que foram feitos para o aumento de plantel nas granjas já existentes em 2018.



O segmento industrial voltou a registrar alta em novembro, de 0,11%. No acumulado do ano o cenário também é de crescimento, de 1,10% (Tabela 1). Entre os ramos, mantém-se o cenário em que a agroindústria de base agrícola acumula crescimento, de 4,72%, com alta de 0,30% registrada em novembro, enquanto a de base pecuária segue em queda, de 11,60% no período e de 0,56% no mês – Tabelas 2 e 3.

Na indústria de base agrícola, projeta-se alta anual de 3,11% no faturamento, refletindo as elevações de 0,92% na produção e de 2,17% nos preços reais, para a média das atividades industriais acompanhadas. No caso da indústria de base pecuária, projeta-se alta de 2,02% no faturamento, com a média de preços das atividades industriais do ramo caindo 2,56% de janeiro a novembro de 2018 na comparação com o mesmo período de 2017. Por outro lado, para a produção, espera-se alta de 4,70% para o ano.

No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram perspectivas de crescimento do faturamento foram: óleos vegetais, biocombustíveis, celulose e papel, produtos de madeira, móveis de madeira e outros produtos alimentares. Por outro lado, as indústrias que registram perspectivas de redução foram açúcar, moagem e fabricação de produtos amiláceos, bebidas, fumo, indústria do café, conservas de frutas/legumes/outros vegetais, vestuários e têxtil (Figura 4).

Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas

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Na indústria de biocombustíveis (etanol), a expectativa de evolução positiva no faturamento deve-se à projeção de aumento de produção anual de 18,64% e de elevação de 6,37% nos preços de janeiro a novembro deste ano com relação ao mesmo período de 2017. Segundo a equipe Etanol/Cepea, a partir de setembro houve aumento no preço da gasolina, acarretando na maior competitividade do etanol, aquecendo a demanda e elevando o preço do biocombustível. Na produção, de acordo com a Conab, com os preços baixos do açúcar e um cenário mais favorável para o etanol no mercado interno, ante à alta do dólar, com relação ao Real, e do petróleo, aliado à política de reajustes da Petrobrás, levaram as usinas a concentrarem sua atenção na produção de etanol neste ano.

Para o açúcar, destacam-se as baixas de 18,98% em preços no período e 16,21% na produção projetada para o ano. De acordo com a equipe Açúcar/Cepea, a baixa nas cotações foi motivada pelo superávit global do adoçante. Segundo a OIA (Organização Internacional de Açúcar), a safra mundial 2017/18 operou com excedente de 10,51 milhões de toneladas. A equipe também ressalta a baixa demanda no mercado interno.

Para a indústria de celulose e papel, a expectativa é de evolução positiva no faturamento, atrelada tanto ao aumento na expectativa de produção para o ano (3,78%), como também pelo crescimento dos preços (12,98%) comparando-se janeiro a novembro de 2018 com o mesmo período de 2017. Segundo informações de mercado, em 2018 a elevação de preços está atrelada ao bom volume de exportações para mercados como China e América Latina, conforme já destacado em relatórios anteriores.

Na indústria têxtil (base natural), a queda no faturamento é resultante da projeção de baixa na quantidade produzida no ano (-1,80%), dada a leve alta de 0,40% nos preços avaliados no período de janeiro a novembro de 2018 em comparação com o mesmo período de 2017. De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o aumento dos custos de matéria-prima, como o algodão e energia elétrica, não pôde ser repassado em sua totalidade para o consumidor, pressionando as margens das empresas do setor e resultando em menores investimentos na produção.

Com relação às indústrias pecuárias, os resultados são apresentados na Tabela 5. Espera-se baixa no faturamento apenas para couro e calçados, enquanto que para laticínios e a indústria de abate projeta-se alta no ano.

Na indústria do abate, o aumento esperado do faturamento associa-se à elevação projetada na produção (6,73%), enquanto os preços apresentaram queda na comparação entre períodos (-3,44%). Segundo a equipe Boi/Cepea, a lenta recuperação da economia brasileira fez com que a retomada do consumo ficasse abaixo do esperado, criando um cenário pouco favorável para aumentos de preços ao longo de 2018. Apesar deste contexto no mercado interno, a equipe destaca a elevação das exportações nos últimos meses, que evitou uma maior baixa de preços no período.

Para a indústria de produtos lácteos, o faturamento positivo decorre tanto do aumento na expectativa de produção para 2018 (1,30%) quanto de preços maiores na comparação entre períodos (0,69% de janeiro a novembro de 2018 frente a 2017). Segundo a equipe Leite/Cepea, apesar da lenta recuperação econômica que tem afetado o setor, a produção industrial no ano foi destinada a produtos de maior liquidez e valor na comercialização, como o queijo muçarela que apresentou valorização ao longo do ano.

Já para a indústria de couro e calçados, a redução projetada do faturamento corresponde a queda esperada da produção para o ano (-4,01%) e menores preços reais na comparação entre períodos (-4,33%).

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SEGMENTO DE SERVIÇOS: ramo pecuário puxa redução no segmento

Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou leve queda de 0,06% em novembro, e de 1,89% no acumulado do ano. Esse resultado negativo de 2018 deriva da retração de 15,70% dos agrosserviços do ramo pecuário, já que o PIB dos agrosserviços do ramo agrícola apresentou alta de 5,11% no mesmo período. Para este resultado, destaca-se que ao longo de 2018 a queda de preços em atividades industriais do agronegócio, notadamente de origem pecuária, além da elevação de custos, como preço de óleo diesel e energia elétrica, pressionaram as margens de atividades relacionadas ao segmento.

CONCLUSÕES


O PIB do Agronegócio Brasileiro apresentou estabilidade em novembro, com leve baixa de 0,02% no mês. No acumulado de janeiro a novembro, a renda do setor apresentou queda modesta, de 0,65%. Esse desempenho da renda gerada no agronegócio em 2018 está ligado à elevação de custos de produção nos segmentos primários agrícola e pecuário e às quedas principalmente relacionas à demanda verificadas em diversos segmentos e atividades do ramo pecuário, que impactam sobremaneira as margens e a demanda do segmento de serviços.

No ramo agrícola apenas o segmento primário apresentou retração, e essa ocorreu tanto no resultado de novembro (-0,50%) como no acumulado do ano (-0,65%). Apesar da recuperação dos preços agrícolas ao longo de 2018 e a esperada elevação na produção, com alta no faturamento de produtos importantes em termos de valor de produção, como algodão, soja e trigo; o incremento nos custos de produção - com destaque para os preços dos fertilizantes e do diesel – foi determinante para a queda observada na renda gerada “dentro da porteira” nos 11 primeiros meses de 2018.

No ramo pecuário, a demanda interna enfraquecida aliada à restrição de importantes mercados externos destinos da carne brasileira afetaram significativamente os preços ao longo do ano. Porém, dada a competitividade da proteína brasileira no mercado externo, as exportações da carne brasileira têm se ampliado desde setembro - notadamente com as com destino aos mercados asiáticos - garantindo certa sustentação de preços e alguma recuperação da indústria do abate (no acumulado, porém, o resultado segue negativo). O segmento primário do ramo pecuário também sofreu impactos do incremento de custos de produção, com destaque para a elevação do preço do milho no período.

Sob a ótica de produção, as projeções para 2018 do PIB-volume do agronegócio, calculado pelo critério de preços constantes, seguem apontando crescimento, em todos os segmentos. Conforme se observa na Tabela A3 do Anexo I, o PIB-volume do agronegócio deve crescer 2,07% em 2018, com altas de 5,00% para insumos, de 0,58% para o segmento primário, de 2,30% para a agroindústria e de 2,50% para os agrosserviços. Os resultados consolidados para todo o ano de 2018, serão divulgados em março de 2018. 

 

ANEXO I – Evolução mensal do PIB DO AGRONEGÓCIO

A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)

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A2) PIB do Agronegócio: Participações dos segmentos (em %)

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A3) PIB Volume do Agronegócio: Taxa anual (em %)*

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⦁ Nota técnica: O PIB Volume do Agronegócio trata-se do PIB do agronegócio calculado pelo critério de preços constantes. Resulta, portanto, a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.


O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

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Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).

Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor.

Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:
(equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.
PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).

Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/... 

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