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Supersafra deve elevar PIB da agropecuária paranaense em 6,2%
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8 de março 2017
Por CNA

Por: Folha de Londrina

Em 2016, nem o agronegócio paranaense escapou dos percentuais negativos em meio a uma avalanche dos números ruins da economia brasileira. Para 2017, entretanto, o cenário parece estar voltando ao seu devido lugar, pelo menos é o que aponta uma projeção do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) para o Produto Interno Bruto (PIB) da atividade agropecuária deste ano.

Segundo dados de um levantamento divulgado no final da semana passada, a expectativa da instituição é de um crescimento de 6,2% do PIB do setor justificado pela supersafra (veja box), enquanto o Banco Central aponta para uma evolução de 4% para a média nacional. Os números fechados do ano passado ainda não foram divulgados pelo Ipardes, mas a retração estimada do agro estadual ficou na casa de 3,5% – taxa bastante representativa, já que a agropecuária tem peso de aproximadamente 9,5% frente ao PIB total do Estado e, o agronegócio como um todo, 30%.

A queda da agropecuária estadual foi justificada, principalmente, por intempéries climáticas que atrapalharam a safra 2015/16. Em conversa com a FOLHA, o diretor-presidente do Ipardes, Julio Suzuki Júnior, aponta a estiagem do final de 2015 como um dos principais fatores que puxaram a quebra de safra e, consequentemente, uma rentabilidade menor do setor. “O crescimento da agropecuária, sem dúvida, será um dos pilares da recuperação econômica do Estado para este ano. Registraremos o retorno das taxas positivas de crescimento”, explica.

O presidente do Ipardes diz que as projeções de 2017 para o PIB total e os números fechados em 2016 serão divulgados em breve, mas adiantou à reportagem valores próximos. Segundo ele, a perspectiva é de um crescimento de 1,5% da economia paranaense para este ano. No ano passado, o PIB estadual deve fechar com queda superior a 2%. “Existe um efeito multiplicador muito grande da agropecuária. A renda obtida pelo produtor ajuda a movimentar outros setores, como as atividades industriais e serviços, principalmente no interior do Estado”.

Para Suzuki, a recuperação paranaense acontece de forma mais intensa do que no Brasil como um todo. Um dos principais fatores para esse cenário, segundo ele, são as menores taxas de desemprego no Estado. “Enquanto a nossa taxa de desemprego está na casa de 8%, no restante do País a média é 12%. Isso acaba impactando na recuperação”.

VBP
Enquanto o PIB envolve uma gama complexa de informações para chegar ao seu número fechado, o Valor Bruto de Produção (VBP) – que envolve apenas a produção e o preço médio das commodities – mostra que, se houve quebra de safra no ano passado, os preços compensaram. Segundo o Ministério da Agricultura (Mapa), o VBP estadual fechou em R$ 68,3 bilhões em 2016, com leve crescimento frente aos R$ 67,6 bilhões do ano anterior. “O cenário do PIB e do VBP se complementam. Este ano, a situação é outra, porque todos os indicadores direcionam para uma supersafra com produtividade recorde. O ano tende a ser bom em todos os sentidos, mas no campo, é sempre bom ter cautela”, complementa o analista da gerência técnica e econômica da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Gilson Martins.

Soja, mais uma vez, é a locomotiva
A soja promete ser, mais uma vez, o trunfo do setor agropecuário no Estado. Com o avanço da colheita e a produtividade alta encontrada no campo, a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) já revisou para cima a projeção da safra 2016/2017.

A previsão, que apontava para uma colheita de 18,3 milhões de toneladas de soja, foi estendida para 18,6 milhões de toneladas, com potencial de superar os 19 milhões, volume nunca antes colhido no Estado, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura. A colheita da soja já atingiu 35% da produção.

Somente a safra de verão (soja, milho e feijão) deve somar 23,6 milhões de toneladas, 16% acima do ano passado, quando foram colhidos 20,2 milhões no mesmo período. Ao todo, incluindo a safra de inverno, que incluem trigo e milho da segunda safra, a previsão é que o Estado colha o recorde de 40 milhões de toneladas, 13,6% mais que o ano passado (35,2 milhões de toneladas).

“Até agora os números apontam para uma boa safra de grãos, embalada pelo clima favorável e pela produtividade elevada. O produtor paranaense tem investido continuamente em tecnologia e em capacitação, tanto pública como privada, no campo. Quando o clima ajuda, esse resultado vem na forma de produtividade e aumento da produção”, diz Francisco Simioni, diretor do Deral.

Até agora, a soja vem apresentando um rendimento médio de 3.548 quilos por hectare, 13% mais do que na safra passada. No milho, a produtividade está 11% maior, com 8.859 quilos por hectare. A produtividade elevada também deve ajudar a compensar o câmbio menos favorável e os preços não tão positivos das commodities no mercado internacional, de acordo com Simioni.

A expectativa também é positiva para a pecuária, principalmente a produção de frango e suínos. “O frango deve se beneficiar dos preços melhores do milho, que pressionaram os custos de produção no ano passado. O setor de suínos, por sua vez, deve ganhar fôlego com a abertura de novos mercados internacionais. Tanto os produtores integrados de frango quanto de suínos devem ter um bom ano nas exportações”.

O analista da gerência técnica e econômica da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Gilson Martins, salienta que este ano a saca de milho está na faixa dos R$ 25, valor bem inferior a alguns momentos do ano passado. “A pecuária sofreu muito na safra anterior devido aos preços elevados da ração. Agora, com perspectiva de safra recorde, a situação deve mudar para produtores de carne”.

No que diz respeito ao câmbio – fundamental para manter os bons patamares de preço – Gilson comenta que a cotação está entrando “no limite” para manter rentabilidade interessante – o dólar começou a semana a R$ 3,11. “Mais do que apenas o câmbio, existe o chamado humor no campo, em que o produtor fica até mais satisfeito com o volume produtivo que colhe do que preocupado com o dólar. Isso também é importante”, complementa.