E-tec 10 Anos: ‘Nosso papel é acreditar no aluno’

(Brasília/DF, 19/09/2025) – Na sua trajetória como tutor dos cursos técnicos do Senar, na região serrana do Espírito Santo, o engenheiro agrônomo Vinícius de Oliveira Carlesso, 47 anos, coleciona histórias de superação e conquistas dos alunos do meio rural.

Natural de Vitória (ES), Carlesso já tinha contato com o meio rural, mas foi graças aos incentivos de sua mãe que ele escolheu cursar Agronomia, fez mestrado e doutorado em Produção Vegetal e, desde então, construiu carreira unindo conhecimento acadêmico e experiência prática.

Depois de quase uma década como professor no Centro Universitário FAESA, Carlesso passou a atuar como tutor do Senar Espírito Santo e como professor e coordenador do curso técnico em Agronegócios na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Alice Housmeister, em Santa Leopoldina, onde está há sete anos.

Esforço - O tutor fala com admiração do esforço dos jovens para percorrer longas distâncias em estradas rurais e, assim, conseguir frequentar as aulas nos municípios de Domingos Martins e Santa Leopoldina.

“Já tivemos casos de alunos que saíam de Minas Gerais na sexta-feira para chegar às aulas no sábado de manhã. São situações que mostram o quanto esses jovens valorizam a oportunidade de aprender”, conta.

Um desses episódios o marcou profundamente: um aluno, prestes a desistir durante a última prova, foi incentivado pelo professor a se lembrar das práticas de campo e a “transformar memórias em respostas”.

“Ele dizia que não sabia nada, mas eu insisti para que pensasse no que já tinha vivido. No fim, conseguiu concluir e, depois de formado, me mandou mensagem dizendo que estava empregado. Nosso papel é acreditar no aluno, mesmo quando nem o próprio estudante está acreditando na sua capacidade”.

Estratégias - Para manter o interesse das turmas, Carlesso recorre a estratégias simples, mas eficazes: usa fotos das propriedades visitadas, planilhas de custos reais de sua empresa de consultoria e até exemplos trazidos pelos estudantes.

“Quando os alunos percebem que o conteúdo tem relação direta com a vida deles, a atenção muda. Eles se reconhecem no que está sendo ensinado”, explica.

Os jovens do campo, em geral, já possuem uma base prática adquirida nas propriedades das famílias, mas, diz o tutor do Senar, precisam de orientação técnica para organizar conceitos e tomar decisões assertivas. “Precisam muitas vezes colocar em ordem o que já conhecem, para usar isso de forma profissional.”

Desafios - A gestão, diz, ainda é um desafio no campo, principalmente nas pequenas propriedades rurais, lembra o tutor.

“A produção existe, mas o controle administrativo é quase zero. Muitos não sabem calcular custos, margem de lucro ou registrar gastos. O Senar é essencial para mudar essa mentalidade e ajudar o produtor a enxergar a propriedade como um negócio”.

O interesse dos alunos do meio rural ainda impressiona Carlesso. “No meio rural, o aluno já chega interessado, porque aquilo faz parte da vida dele, da tradição familiar. Esse vínculo facilita muito o ensino”, afirma.

Vinicius com a mãe Maria da Penha, a esposa Lidiane, e a filha Mariane.

Reconhecimento - O professor ressalta as histórias emocionantes que surgem com frequência nas aulas. Uma delas, ele lembra com carinho. “Um aluno me disse que quando crescesse queria ser igual a mim. Eu respondi que ele tinha que ser melhor, porque é para isso que ele estava ali. Esse tipo de reconhecimento é impagável”.

Além da docência, Vinícius Carlesso mantém uma empresa de consultoria, já coordenou grupos de assistência em pecuária leiteira, cafeicultura, queijarias artesanais e projetos ambientais, como o Reflorestar, do governo estadual. Mas é no contato direto com os alunos e produtores que encontra sua principal motivação.

“O convívio com as famílias rurais é uma troca constante. Muitas vezes sou eu quem aprendo com eles. E quando vejo um ex-aluno empregado, tenho a certeza de que valeu a pena.”

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Saiba mais sobre os cursos técnicos do Senar, acesse: https://www.cnabrasil.org.br/senar-explica