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19 de março de 2019
PIB do Agronegócio termina 2018 estável
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O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), fechou 2018 com resultado praticamente estável na comparação com o ano anterior, com leve recuo de 0,01%. Para dezembro, especificamente, houve queda de 0,10%.

Entre os segmentos, insumos (12,40%) e indústria (1,66%) apresentaram altas no ano, enquanto primário (-2,10%) e agrosserviços (-1,25%) recuaram. Já em dezembro, apenas o segmento de insumos registrou crescimento (1,33%), verificando-se baixa nos demais: -0,20% primário, -0,19% indústria e -0,14% serviços (Tabela 1).

Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)

Entre os ramos, o agrícola apresentou resultado anual positivo, com crescimento de 4,60%. Já o pecuário sentiu os efeitos da baixa demanda interna e da restrição de importantes mercados internacionais ao longo 2018, fechando com queda de 10,91%. Em dezembro, especificamente, ambos registraram leve baixa de 0,08% (Tabelas 2 e 3).
Com relação aos segmentos, no ramo agrícola, apenas o primário não apresentou resultado positivo no ano. Já na variação mensal, somente o segmento de insumos registrou alta. Para o ramo pecuário (tabela 3), houve elevação em insumos e estabilidade na indústria em dezembro, com queda nos demais. Na variação anual, apenas o segmento de insumos fechou com crescimento no ramo (4,99%).

Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

Em dezembro, os desempenhos dos segmentos nos ramos agrícola e pecuário foram, respectivamente, de: insumos: 1,56% e 0,89%; primário: -0,15% e -0,29%, agroindústria: -0,21% e 0,0%; e agrosserviços: -0,10% e -0,09%. No acumulado do ano: insumos: 16,36% e 4,99%; primário: -0,11% e -6,44%; agroindústria: 5,21% e 10,70%; e agrosserviços: 5,74% e -15,24% (Tabelas 2 e 3).

Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

SEGMENTO DE INSUMOS: Insumos para a agricultura puxaram alta expressiva do segmento em 2018

O segmento de insumos do agronegócio apresentou alta de 1,33% em dezembro, acumulando expressivo crescimento de 12,40% em 2018. Verificou-se desempenhos positivos tanto para os insumos agrícolas (de 1,56% em dezembro e de 16,36% no ano) como no ramo pecuário (de 0,89% no mês e de 4,99% em 2018) (Tabelas 1 a 3).

Considerando-se informações disponíveis até dezembro/18, o ano de 2018 fechou com altas no faturamento de todas as atividades do segmento: de 27,04% para indústrias de fertilizantes, de 7,30% nas de defensivos, de 8,53% nas de máquinas agrícolas, de 6,06% para rações e de 1,66% em medicamentos para animais – Figura 1.

Figura 1. Insumos: variação (%) de volume, preços e faturamento – de jan a dez/2018 frente ao mesmo período do ano anterior

Na indústria de fertilizantes, a elevação no faturamento decorreu tanto dos maiores preços, com forte alta de 22,27%, quanto da elevação da produção, de 3,90%. Segundo a equipe Custos/Cepea, o preço do insumo registrou consecutivas elevações ao longo de 2018, atreladas a fatores como a greve dos caminhoneiros, o tabelamento dos fretes, a alta do dólar no período eleitoral, e às valorizações das principais matérias-primas no mercado externo. A alta no volume anual de fertilizantes está associada principalmente à maior demanda interna no período de semeio da safra de grãos 2018/2019.

Em relação à indústria de defensivos, a alta de 7,30% do faturamento reflete a maior quantidade (11,80%), apesar do recuo de 4,02% nos preços no ano. Já para a indústria de máquinas agrícolas, o crescimento de 8,53% para o ano refletiu a elevação da produção em 7,90% e a leve alta de 0,58% nos preços. Segundo informações da Anfavea, a alta na produção de máquinas advém do bom desempenho da comercialização no ano, que, por sua vez, foi favorecido pela maior liquidez das safras de grãos, como soja e algodão, que incentivaram novos investimentos.

Para rações, foram verificadas elevações de preços (5,43%) e de produção (0,60%), resultando em faturamento 6,06% superior em 2018. Segundo informações do Sindirações, apesar da alta acumulada, o desempenho do setor de rações em 2018 foi aquém do esperado pelos agentes da atividade, devido à demanda reduzida por proteínas no mercado, decorrente da lenta recuperação do consumo doméstico e dos efeitos negativos dos embargos europeu e russo às carnes de frango e suína, respectivamente.

SEGMENTO PRIMÁRIO: Demanda interna enfraquecida e custos afetam a renda do segmento em 2018

A renda do segmento primário do agronegócio apresentou baixa de 0,20% em dezembro, com quedas de 0,15% no ramo agrícola e de 0,29% no pecuário. Para o ano, o resultado acumulado também foi negativo, em 2,10% – com reduções de 0,11% no ramo agrícola e de 6,44% no pecuário (Tabelas 1, 2 e 3).

Em 2018, houve alta de 4,41% no faturamento médio das atividades do segmento primário agrícola. Com relação à produção, depois do forte crescimento em 2017, registrou-se nova elevação em 2018, embora mais modesta, de 0,84%. Essa alta foi impulsionada pela expansão na quantidade produzida de culturas importantes, em termos de valor de produção, como algodão, café, trigo e soja. Quanto a preços, na comparação entre janeiro a dezembro de 2018 com o mesmo período de 2017, houve aumento de 3,53% na média real ponderada das atividades acompanhadas. No entanto, importante destacar que a renda do segmento em 2018 foi pressionada pela alta de preços de importantes insumos de produção, como fertilizantes, sementes e óleo diesel.

Já no segmento primário da pecuária, o faturamento anual registrou leve alta (0,31%), por conta da quantidade média 3,13% maior que a produzida em 2017. Já para preços, houve queda de 2,73% no ano. Assim como no segmento primário agrícola, o aumento de preços para insumos pecuários também influenciou negativamente a renda do segmento, com elevações importantes para diesel, eletricidade e grãos utilizados na alimentação animal, como o milho. Porém, as atividades pecuárias sofreram mais significativamente com efeitos relacionados à demanda enfraquecida por proteínas ao longo de 2018, que prejudicou os preços.

As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4, apresentadas a seguir, detalham os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas e pecuárias. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, verificaram-se crescimentos nos faturamentos em 2018 para algodão, batata, cacau, café, soja, tomate, trigo, madeira em tora, madeira para papel e celulose e lenha/carvão. Já as culturas para as quais observaram-se quedas no faturamento são arroz, banana, cana-de-açúcar, feijão, fumo, laranja, mandioca, milho e uva – Figura 2 e Tabela 4.

Dentre as culturas que apresentaram crescimento de faturamento em 2018, destaca-se o trigo. Na comparação entre 2018 e 2017, houve alta de 32,26% nos preços, acompanhada da elevação significativa de 27,30% na produção. De acordo com a equipe Grãos/Cepea, o aumento nos preços do trigo no primeiro semestre de 2018 se justificou por fatores como a valorização do dólar frente ao Real e a entressafra argentina. Já na segunda parte do ano, a equipe destacou que, mesmo diante de um maior volume de produção interna, a boa qualidade garantiu a venda de lotes com preços em alto patamar. Com relação à produção, dados da Conab indicaram que o resultado positivo adveio do crescimento na área de cultivo, devido a preços atrativos na época do plantio, e também de produtividade, que foi alta mesmo com condições climáticas adversas verificadas no final da safra em algumas localidades.

A cultura do algodão também foi destaque em 2018, com evolução significativa do faturamento decorrente tanto da elevação de preços (17,64%) como de produção (30,96%) no ano. De acordo com a equipe Algodão/Cepea, os preços foram sustentados em alto patamar ao longo de todo o ano, devido, principalmente, ao elevado volume exportado, que reduziu o nível de estoques internos, face ao impulso advindo da alta dos preços externos do produto. Na produção, de acordo com a Conab, a rentabilidade da cultura no momento do cultivo impulsionou o aumento de área, o que, aliado ao crescimento em produtividade, decorrente do uso de um melhor pacote tecnológico e das condições climáticas favoráveis, levou a produção brasileira a atingir volume recorde.

Quanto ao café, a elevação no faturamento foi reflexo do aumento significativo da quantidade produzida (37,1%). De acordo com a Conab, a produção brasileira de café (arábica e robusta) apresentou alta, devido ao ciclo de bienalidade positiva da cultura, associado a condições climáticas favoráveis no período de desenvolvimento e ao uso de pacotes tecnológicos no cultivo. No entanto, segundo a equipe Café/Cepea, a grande oferta de café no mercado pressionou os preços ao longo do ano, que fecharam com queda de 9,12% frente a 2017.

Para a soja, o crescimento do faturamento refletiu as elevações tanto da quantidade produzida (15,0%) quanto do preço, (4,6%) na comparação entre janeiro a dezembro de 2018 e o mesmo período de 2017. Segundo a equipe Grãos/Cepea, o expressivo nível de exportações de soja e seus derivados ao longo do ano sustentaram de forma decisiva os preços domésticos. Os embarques, por sua vez, foram influenciados, pela quebra de safra argentina, pelo Real desvalorizado perante ao dólar e pela disputa comercial entre Estados Unidos e China. Em relação à produção, a Conab destaca que, condições favoráveis ao desenvolvimento da cultura, como clima e bom aporte tecnológico, proporcionaram ganho importante de produção, mesmo depois do alto patamar produzido em 2017.

Figura 2. Agricultura: variação (%) de volume, preços e faturamento – de jan a dez/2018 frente ao mesmo período do ano anterior

Tabela 4. Agricultura: variação (%) de volume, preços e faturamento – de jan a dez/2018 frente ao mesmo período do ano anterior

Dentre as culturas para as quais foi verificada redução do faturamento, está o feijão, com quedas expressivas dos preços reais, de 19,8%, e na produção no ano, de 8,3%. Segundo a Conab, a menor produtividade da cultura, as condições meteorológicas desfavoráveis e a menor área diminuíram a produção. Ainda assim, os preços caíram, pressionados pela queda no consumo, segundo indica o Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe).

No caso da cana-de-açúcar, a redução estimada no faturamento é reflexo das quedas dos preços (-10,6%) e da produção (-2,8%) em 2018. De acordo com a Conab, esta safra apresentou a segunda diminuição consecutiva de área, que pode ser atribuída à devolução de terras arrendadas e à preferência por cultivo de lavouras com maior rentabilidade. Além disso, os canaviais ainda vêm apresentando redução na produtividade, devido à evolução da colheita mecanizada. Já o recuo nos preços está atrelado especialmente à desvalorização do açúcar.

Para o milho, a baixa no faturamento ocorreu via uma menor produção no ano (-17,5%), uma vez que houve aumento dos preços reais na comparação entre 2018 e 2017 (17,85%). Segundo a equipe Grãos/Cepea, a forte queda na produção de milho sustentou os preços em patamares elevados em 2018. De acordo com a Conab, a principal causa da redução na produção foi a grande quantidade de milho armazenada, que induziu os produtores a optarem por culturas de maior rentabilidade para esta safra, diminuindo assim a área e produção da cultura no Brasil.

Quanto ao arroz, os menores preços (-4,9%) e produção (-2,1%) em 2018 explicam a redução no faturamento anual. De acordo com a equipe Grãos/Cepea, a queda dos preços foi resultado especialmente das dificuldades de alavancar o consumo interno em 2018. As quedas mais expressivas ocorreram no primeiro trimestre do ano, diante da expectativa da maior disponibilidade da safra 2017/18. Com isso, indústrias reduziram suas ofertas e os pedidos dos setores atacadista e varejista dos grandes centros se voltaram apenas para pequenas reposições.

Para o segmento primário da pecuária, houve alta nos faturamentos para bovinocultura de corte, leite e frango e baixa para as demais atividades (Figura 3).

Figura 3. Pecuária: variação (%) de volume, preços e faturamento – de jan a dez/2018 frente ao mesmo período do ano anterior

Na bovinocultura de corte, o crescimento no faturamento anual se deve ao aumento nos preços, de 1,31%, e, principalmente, à maior produção no ano (3,56%). De acordo com a equipe Boi/Cepea, o setor enfrentou problemas em 2018 com a demanda interna enfraquecida. Porém, a alta das exportações no segundo semestre para volumes recordes e a necessidade de aquisição de lotes de animais com características diferenciadas – para suprir nichos de mercados e/ou demandas mais urgentes – alavancaram o preço da arroba em certos momentos de 2018.

Para o leite, a elevação do faturamento associou-se a maiores preços (6,17%), dado que produção no ano apresentou ligeira alta (0,48%). De acordo com a equipe Leite/Cepea, o ano foi marcado pela intensa valorização do leite ao produtor, o que esteve atrelado à oferta limitada – com a saída de vários produtores da atividade devido ao baixo patamar de preços verificado ao final de 2017 – e à maior competição entre empresas para assegurar a compra de matéria-prima. Porém, a equipe também destaca que o consumo de lácteos no Brasil está fortemente atrelado à renda da população e, desta forma, apesar da alta acumulada em preço, a demanda doméstica enfraquecida ao longo de 2018 impediu uma recuperação mais intensa.

Já para a suinocultura, a redução no faturamento anual foi reflexo da queda dos preços em 16,55% em 2018. Já em relação à quantidade produzida, houve crescimento de 2,94%. Segundo a equipe Suínos/Cepea, o setor enfrentou dificuldades importantes em 2018: os custos de produção com alimentação (milho e farelo de soja) subiram, as exportações da proteína foram limitadas por conta do embargo russo – que durou praticamente todo o ano – e os preços do animal vivo caíram consideravelmente. Segundo a equipe, esse cenário desfavorável levou muitos produtores a deixarem a atividade.

Quanto ao mercado de aves, para corte, o aumento no faturamento refletiu o crescimento dos preços, em 4,07%, e a ligeira queda de 0,70% na produção em 2018. De acordo com a equipe Frango/Cepea, o período foi marcado por elevação nos preços de importantes insumos, como milho e farelo de soja, e por restrições à carne de frango brasileira no mercado internacional. Esse cenário resultou em quedas nos preços no primeiro semestre. Já na segunda metade do ano, observou-se recuperação nos valores para o animal vivo, diante da diminuição na produção.

Para postura, houve alta de 8,57% na produção e baixa de 18,00% em preços em 2018. Segundo a equipe Ovos/Cepea, o movimento de queda nos preços dos ovos, iniciado em janeiro, perdurou no correr do ano, salvo períodos específicos em que a proteína apresentou boa recuperação. No geral, a retração nas cotações ocorreu pela elevação da oferta, em decorrência, principalmente, dos investimentos que foram feitos para o aumento de plantel nas granjas já existentes.

SEGMENTO INDUSTRIAL: Puxado pela indústria de base agrícola, segmento industrial registra alta em 2018

O segmento industrial registrou baixa em dezembro, de 0,19%. No acumulado do ano, porém, o cenário foi de crescimento, de 1,66% (Tabela 1). Entre os ramos, manteve-se o cenário observado ao longo de 2018, em que a agroindústria de base agrícola acumulou crescimento, de 5,21%, mesmo com a baixa de 0,21% registrada em dezembro; enquanto a de base pecuária seguiu em queda, de 10,70% no ano e estabilidade no mês – Tabelas 2 e 3.

Na indústria de base agrícola, houve alta anual de 3,32% no faturamento, refletindo as elevações de 0,49% na produção e de 2,82% nos preços reais, para a média das atividades industriais acompanhadas. No caso da indústria de base pecuária, houve aumento de 2,97% no faturamento, com a média de preços das atividades industriais do ramo caindo 1,35%, e a produção com alta de 4,38% para o ano.

No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram perspectivas de crescimento do faturamento foram: óleos vegetais, biocombustíveis, celulose e papel, produtos de madeira, móveis de madeira e outros produtos alimentares. Por outro lado, as indústrias que registram perspectivas de redução foram açúcar, moagem e fabricação de produtos amiláceos, bebidas, fumo, indústria do café, conservas de frutas/legumes/outros vegetais, vestuários e têxtil (Figura 4).

Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação de volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas, de jan a dez/2018 frente ao mesmo período do ano anterior

Na indústria de biocombustíveis (etanol), a evolução positiva no faturamento deveu-se ao aumento de produção (18,64%) e preços (5,70%) em 2018. Segundo a equipe Etanol/Cepea, a valorização da gasolina a partir de setembro elevou a competitividade do etanol, aquecendo a demanda e impulsionando o preço do biocombustível. Na produção, de acordo com a Conab, com os preços baixos do açúcar e um cenário mais favorável para o etanol no mercado interno, diante das altas do dólar e do petróleo, aliadas à política de reajustes da Petrobrás, levaram as usinas a concentrarem sua atenção na produção do biocombustível no ano.

Para o açúcar, destacam-se as baixas de 17,22% em preços e de 16,21% na produção do ano. De acordo com a equipe Açúcar/Cepea, a baixa nas cotações em 2018 foi motivada pelo superávit global do adoçante. Segundo a OIA (Organização Internacional de Açúcar), a safra mundial 2017/18 operou com excedente de 10,51 milhões de toneladas. A equipe do Cepea também ressaltou a baixa demanda no mercado interno.

Para a indústria de celulose e papel, a evolução positiva no faturamento foi atrelada tanto ao aumento na produção (3,33%) quanto ao crescimento dos preços (13,51%) em 2018. Segundo informações de mercado, a elevação de preços foi atrelada à boa demanda por exportações, principalmente para mercados como China e América Latina.

Na indústria têxtil (base natural), a queda no faturamento foi resultante da baixa na quantidade produzida (-2,40%), dado que houve alta de 1,27% nos preços em 2018, em comparação com 2017. De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o aumento dos custos de matéria-prima, como o algodão e a energia elétrica, não pôde ser repassado em sua totalidade para o consumidor, pressionando as margens das empresas do setor e resultando em menores investimentos na produção. A entidade também destaca que a greve dos caminhoneiros, a Copa do Mundo e as incertezas políticas em 2018 fizeram o setor registrar quedas.

Com relação às indústrias pecuárias, os resultados são apresentados na Tabela 5. Verifica-se baixa no faturamento apenas para couro e calçados, enquanto que, para laticínios e a indústria de abate, houve alta no ano.

Na indústria do abate, o aumento do faturamento associou-se à elevação na produção (6,48%), enquanto os preços apresentaram queda em 2018 (-2,10%). Segundo a equipe Boi/Cepea, a lenta recuperação da economia brasileira fez com que a retomada do consumo interno ficasse abaixo do esperado no ano, criando um cenário pouco favorável para aumentos de preços ao longo de 2018. Apesar deste contexto no mercado interno, a equipe destacou a elevação das exportações a partir do segundo semestre, resultado de preços mais competitivos e de acordos comerciais, além da busca por mercados de nicho, que evitou uma maior baixa de preços no ano.

Para a indústria de produtos lácteos, a alta no faturamento decorreu dos aumentos na produção (0,60%) e no preço (1,64%) em 2018. Segundo a equipe Leite/Cepea, apesar da lenta recuperação econômica, que desaquece a demanda, produção industrial no ano foi destinada a produtos de maiores liquidez e valor na comercialização, como o queijo mozarela, que apresentou valorização ao longo do ano.

Já para a indústria de couro e calçados, a redução no faturamento correspondeu tanto a queda de produção (-3,76%) quanto a menores preços reais (-4,67%) no ano. Segundo informações de mercado, a atividade se defrontou em 2018 com queda nas exportações e fraca demanda interna por calçados.

Tabela 5. Variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhas, de jan a dez/2018 frente ao mesmo período do ano anterior

SEGMENTO DE SERVIÇOS: Ramo pecuário e custos influenciam queda no segmento

Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou queda de 0,14% em dezembro e de 1,25% no acumulado do ano. Esse resultado negativo de 2018 reflete principalmente a retração de 15,24% nos serviços do ramo pecuário, já que o PIB dos serviços do ramo agrícola apresentou alta de 5,74%. Este resultado reflete tanto a queda na renda de atividades dos segmentos primário e industrial da pecuária, observada ao longo de todo ano de 2018, como a alta de custos relacionados ao segmento de serviços – altas nos preços de óleo diesel e energia elétrica - que pressionaram as margens de atividades relacionadas ao segmento em 2018.

CONCLUSÕES

A renda gerada no Agronegócio brasileiro em 2018 manteve-se praticamente constante em 2018, com leve baixa de 0,01%. Apesar desse resultado global de estabilidade, os desempenhos dos ramos agrícola e pecuário foram bastante distintos com crescimento de 4,6% do primeiro e retração de 10,91% do segundo.

Em comum apenas o crescimento do segmento de insumos que expandiu 4,99% no ramo pecuário e impressionantes 16,36% no ramo agrícola. Essa alta de custos de produção, por outro lado, impactou sobremaneira o desempenho “dentro da porteira”, particularmente do ramo pecuário, já bastante afetado por restrições de demanda, tanto interna – em função do ainda baixo ritmo da atividade econômica – como externa, consequência do fechamento abrupto de mercados internacionais importantes de carne bovina fresca, e de frangos principalmente.

Apesar da recuperação dos preços agrícolas ao longo de 2018, da observada elevação na produção e do incremento das exportações de carne brasileira a partir de setembro, o incremento nos custos de produção - com destaque para os preços dos fertilizantes, do diesel e do milho – inviabilizou a expansão da renda geral dos agentes do agronegócio em 2018, com destaque para os das atividades “dentro da porteira” e nas agroindústrias e agrosserviços do ramo pecuário. Já a agroindústria do ramo agrícola, por outro lado, apresentou resultado satisfatório, com destaque para os avanços das atividades de biocombustíveis, celulose, papel e óleos vegetais.

Sob a ótica de produção, o PIB-volume do agronegócio em 2018, calculado pelo critério de preços constantes, apontou crescimento em todos os segmentos. Conforme se observa na Tabela A3 do Anexo I, o PIB-volume do agronegócio cresceu 1,87% em 2018, com altas de 5,17% no segmento de insumos, 0,41% no segmento primário, 1,97% na agroindústria e 2,31% nos agrosserviços.

ANEXO I – EVOLUÇÃO MENSAL DO PIB DO AGRONEGÓCIO

A1) PIB DO AGRONEGÓCIO: TAXAS DE VARIAÇÃO MENSAL E ACUMULADO DO PERÍODO (EM %)

A2) PIB DO AGRONEGÓCIO: PARTICIPAÇÕES DOS SEGMENTOS (EM %)

A3) PIB VOLUME DO AGRONEGÓCIO: TAXA ANUAL (EM %)*

 - Nota técnica: O PIB Volume do Agronegócio trata-se do PIB do agronegócio calculado pelo critério de preços constantes. Resulta, portanto, a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
A4) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA

O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).

Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor.

Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:

PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.

PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).

Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/...

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