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Metodologia do Agrinho forma cidadãos conscientes há 24 anos
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18 de outubro 2019

Muito se fala sobre o papel da escola na formação do cidadão. Mais do que o ensino de competências técnicas, “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”, de acordo com a definição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). É neste contexto que o Agrinho, desenvolvido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR há 24 anos, consolidou-se como o maior programa de responsabilidade social da instituição e modelo de educação e cidadania para a formação de novas gerações.

O Agrinho promove uma atuação para além da estrutura tradicionalmente conhecida da sala de aula, por meio de uma proposta pedagógica que tem como princípios fundamentais a colaboração, a interdisciplinaridade, a transversalidade e a pesquisa. Desta maneira, o programa incentiva o cumprimento da função social da escola, como formadora de pessoas conscientes, críticas e capazes de compreenderem o mundo em que estão inseridas.

Segundo a idealizadora do Agrinho, Patrícia Lupion Torres, um dos objetivos do programa é romper com a visão maniqueísta de educação baseada na diferença e parcialidade, que divide os conteúdos em estruturas disciplinares individuais. “O Agrinho propõe o debate sobre a complementaridade dos conceitos e relações, frequentemente colocados como antagônicos. Trabalha-se a interdependência, a compreensão do outro, a argumentação, a visão dialética e a superação das dicotomias existentes nas mais diversas temáticas”, explica.

Ao longo dos anos, o Agrinho passou por reformulações de modo a ampliar sua abrangência e acompanhar as inovações da sociedade contemporânea, bem como aperfeiçoar as metodologias apresentadas. Em meio às atualizações, os temas transversais, dentro da perspectiva da transdisciplinaridade, continuam sendo o alicerce do programa. Essa proposta foi baseada na concepção dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC), acompanhando a reestruturação do sistema de ensino que coloca a cidadania como princípio norteador da aprendizagem.

Além disso, a base da proposta metodológica do Agrinho também inclui a pesquisa como prática educacional e a promoção de uma aprendizagem em molde colaborativo por meio de atividades programadas e interativas, conhecido como Laboratório On Line de Aprendizagem (LOLA). O método foi desenvolvido pela idealizadora do Agrinho em sua tese de doutorado em 2002 e, então, implementado no programa (entenda mais sobre os temas transversais e as atividades pedagógicas na página 12).

Crescimento vertiginoso

A proposta da transversalidade aliada às disciplinas convencionais sempre fez parte da estrutura do Agrinho. No entanto, quando o programa começou a ser desenvolvido, em 1995, a principal temática era o meio ambiente. Isso se deu pelo contexto da época, em que se buscava conscientizar a população do meio rural em relação ao problema de contaminação por agroquímicos. Nesse sentido, o Agrinho ocupou um papel essencial na disseminação de conhecimento para um setor que, há duas décadas, ainda era fortemente marcado por dificuldades de acesso à informação.

A partir daí, o programa cresceu rápido. No ano seguinte, temas relacionados à saúde foram incluídos na estrutura pedagógica. Em 1998, os demais temas transversais propostos nos PCNs. Quatro anos depois, em 2002, o método LOLA. Neste cenário de mudanças, o Agrinho abriu as portas para além do meio rural. Ao ser implementado no meio urbano, o programa deu berço ao famoso conceito de conexão entre campo e cidade. Atualmente, está presente em todos os 399 municípios do Paraná.

Tal percepção vai ao encontro do objetivo definido pela idealizadora do programa, de romper com a visão de dualidade entre os meios urbano e rural, trabalhando a interdependência e complementaridade dos espaços. “O Agrinho traz temáticas que dizem respeito ao cotidiano e, portanto, relacionados a pessoas, onde quer que elas estejam. Quer dizer, não existe essa separação entre pessoas da cidade e pessoas do campo, no sentido de perceber a diversidade como a grande riqueza”, ressalta a professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Araci Asinelli da Luz.

Falar em construção da cidadania no contexto pedagógico aponta para o processo de reconhecimento de uma consciência crítica sobre o significado de ser cidadão. Ou seja, todos são reconhecidos como cidadãos, com direitos e deveres fundamentados em lei, mas é por meio da educação que se dá o processo formativo da cidadania ativa. Esse é um dos elementos do Programa Agrinho. “O acesso à escola é um direito assegurado e relacionado à condição de cidadania. O Agrinho tem em vista desenvolver o cidadão de maneira a torná-lo um sujeito ativo e atuante”, define Araci.

Leia a matéria completa no Boletim Informativo.

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