Entidades do Agro do Mercosul propõem ações conjuntas para fortalecer comércio e produção

Por CNA 6 de novembro 2025
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Brasília (06/11/2025) – Entidades do agro do Mercosul elaboraram uma declaração conjunta com propostas e uma série de recomendações aos governos do bloco econômico sobre barreiras comerciais, integração sanitária e ampliação das exportações dos países.

O documento é resultado dos debates do 1º Fórum Empresarial Agrícola do Mercosul, realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), na quarta (5), em sua sede, em Brasília.

A declaração foi entregue à secretária de América Latina e Caribe do Ministério de Relações Exteriores (MRE), embaixadora Gisela Padovan, e ao subsecretário de Mercados Agropecuários e Negociações Internacionais da Argentina, Agustin Tejeda Rodriguez, e será encaminhada formalmente aos demais membro do bloco (Uruguai, Paraguai e a Bolívia).

Leia o documento na íntegra: https://cnabrasil.org.br/publicacoes/declaracao-conjunta-do-forum-empresarial-agricola-do-mercosul

O evento reuniu entidades do setor privado do Mercosul, governo, parlamentares e especialistas para discutir os desafios e oportunidades da região no comércio internacional do agro.

“Somos quatro países absolutamente diferentes, mas estamos na vanguarda não só das soluções climáticas, como da solução alimentar. Esse fórum é uma oportunidade de discutir temas em conjunto, como a sanidade animal, tarifas e a regulação europeia sobre desmatamento (EUDR)”, disse o vice-presidente da CNA, Gedeão Pereira.

Ao receber o documento com as recomendações, a embaixadora Gisela Padovan afirmou que o fórum precisa ser um espaço de discussões permanente entre o governo e o setor privado. “Os países do Mercosul são responsáveis por garantir a segurança alimentar global. Temos que mostrar ao mundo as nossas boas práticas e continuar conciliando produtividade e sustentabilidade”.

Já o presidente da Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm), Jorge Andrés Rodríguez, destacou que os setores público e privado devem caminhar juntos, solucionando os desafios e articulando a abertura de novos mercados. “Somos capazes de alimentar muito mais pessoas e mudar os paradigmas de consumo no mundo”.

Por fim, o subsecretário de Mercados Agropecuários e Negociações Internacionais da Argentina, Agustin Tejeda Rodriguez, falou dos impactos da geopolítica mundial nas relações comerciais. “Estamos em um mundo cada vez mais complexo, com aumento de barreiras, tarifas e guerras, que afetam as cadeias de fornecimento. Temos que avançar na pesquisa e comprovar a sustentabilidade dos nossos sistemas produtivos”.

Declaração conjunta – O documento é dividido em três eixos: enfrentamento das barreiras ao comércio e à produção, com destaque para a legislação do desmatamento da União Europeia (EUDR); maior integração dos serviços de defesa, simplificação de protocolos e digitalização de processos para redução de custos ao produtor; e ampliação da pauta exportadora de produtos agropecuários do bloco.

De acordo com o material, nos últimos anos, o aumento das medidas protecionistas e de barreiras comerciais tem impactado o comércio global e, em especial, o agro sul-americano, que enfrenta barreiras técnicas, sanitárias e ambientais unilaterais e punitivas, que restringem o acesso a mercados e elevam os custos de conformidade.

Em relação aos serviços de defesa, embora o Mercosul compartilhe marcos de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), ainda existem diferenças entre os países quanto às capacidades laboratoriais e aos sistemas de vigilância. Atualmente, os principais desafios incluem divergências regulatórias, prazos distintos, custos de certificação e baixa interoperabilidade de dados.

No terceiro eixo, o documento esclarece que o Mercosul ainda não possui comércio preferencial com boa parte de seus principais mercados compradores e que a pauta exportadora do bloco permanece concentrada em poucos produtos e destinos, elevando a vulnerabilidade a choques de preço e a novas exigências regulatórias.

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