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Dedicação e laços: tesouros da produção local e familiar
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Produtos agrícolas e de processamento artesanal fazem sucesso na região da Serra da Mantiqueira. Cursos do Senar-SP impulsionam agricultores locais

1 de março 2023

Por: SENAR-SP

Fonte: Comunicação do Sistema FAESP/SENAR-SP

Foi-se o tempo em que se achava que, para ter qualidade, um alimento precisava de ingredientes importados. Manteiga da França, queijo importado da Suíça, geleia inglesa? Nada disso! Na Palmier Padaria Francesa da Mantiqueira, brioches, tartelles, baguettines e outras delícias são fabricados com produtos de origem local. E isso se reflete nos nomes dos cerca de 20 fornecedores da padaria, que o proprietário Alexandre Pedretti tem na ponta da língua. “Leite do Zé Silvano, que tem sete vaquinhas, a manteiga e os queijos da Dona Elza, o azeite do Rossini, a geleia da Carol, o mel do Renato…”, enumera. A lista vai longe, e abarca uma porção de vizinhos do negócio. A região é propícia para isso. Apelidada de “Toscana brasileira” graças à produção local de alimentos artesanais e ao relevo montanhoso, a Serra da Mantiqueira é ponto turístico gastronômico do Estado.

Parte dessa história é contada pelo Sindicato Rural de São Bento do Sapucaí, município na divisa com Minas Gerais. Solange Mota, coordenadora do Sindicato, conta que os produtores locais só têm a ganhar com o turismo gastronômico e a cadeia produtiva que surge com ele – movimento que tem se intensificado nos últimos anos. “Nossa região é de pequenos produtores, que vêm se capacitando para fornecer um produto com qualidade, e essa característica vem atraindo o mercado gourmet e turistas”, comemora.

Qualidade e formação em primeiro lugar

A Palmier Padaria Francesa da Mantiqueira abriu as portas no final de 2022. O negócio é administrado pelo casal Alexandre Pedretti e Jaqueline Imbriani, que escolhem a dedo todos os fornecedores. Não é uma tarefa difícil, pois “na Mantiqueira você tropeça e encontra um produtor local”, brinca Alexandre. “Mas fomos atrás, perguntando para as pessoas nascidas e criadas na região quem produzia cada coisa, e um indica o outro”, explica.

Para os dois, os diferenciais da produção local são muitos. O primeiro é a qualidade superior. “As coisas a que temos acesso aqui são de qualidade muito superior ao nível de alimentação que temos atualmente nas grandes cidades, e muitos dos nossos consumidores não têm acesso porque nem conhecem”, diz Jaqueline. Os pães e doces da Palmier refletem a qualidade dos ingredientes, garantem os proprietários. “A diferença se faz na qualidade e no sabor dos produtos que a gente vende. Eles são tão bem aceitos e procurados porque a escolha dos ingredientes é o que dita sabor e textura”, atesta Jaqueline.

E por que a produção local tem tanta qualidade? Para Alexandre, a resposta está na atenção total ao manejo. “A opção por fornecedores de agricultura familiar é por conta do manejo. São produtores que têm um carinho e um amor muito profundo por aquilo que fazem. Muitas vezes, o contato com eles é diferente porque eles nem sequer usam Whatsapp, mas por isso acabam focando 100% na produção”, observa.

Outro fator decisivo na qualidade é a formação dos produtores. No Sindicato Rural de São Bento do Sapucaí, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de São Paulo (SENAR-SP) oferece ao longo do ano uma diversificada grade de cursos que auxiliam o produtor rural que deseja se especializar e vender sua produção. “Os cursos vêm acrescentar na vida do produtor rural, pois eles já possuem matéria prima e se capacitam para ter melhor renda e mais qualidade de vida. Essa corrente valoriza cada vez mais o produtor rural e também o produto da sua terra”, acredita a coordenadora do Sindicato. Um exemplo é a Dona Elza, fornecedora da Palmier que fez cursos de Processamento de Leite do SENAR-SP e hoje conta com o Selo de Inspeção Municipal (SIM) em sua propriedade.

Negócios éticos

O impacto social e econômico de se trabalhar com fornecedores locais também move o casal Jaqueline e Alexandre. Eles não pedem descontos, e fazem a retirada dos produtos nas propriedades de cada um. A experiência tem mostrado que é possível manter um negócio economicamente viável agindo de maneira socialmente ética. “Dá pra ter um negócio sustentável sem espremer nenhum lado da cadeia. O lucro da padaria é limpo, mesmo que para isso a margem seja apertada. Existe um caminho consciente dentro do capitalismo, e mesmo que a empresa seja feita para dar dinheiro, dá para seguir respeitando a cadeia como um todo”, afirma Alexandre.

Outro efeito socialmente positivo da opção por fornecedores locais é a projeção desses produtores para além da Mantiqueira. Clientes da padaria acabam se interessando pelas geleias, manteigas, queijos e outros itens utilizados pela produção, o que acaba levando a novos pedidos diretos para os sitiantes da região. A tecnologia tem sido uma aliada nessa corrente. “Indicamos no Instagram nossos fornecedores e eles recebem uma série de demandas depois”, conta Alexandre. “É muito bacana poder impulsionar o pequeno produtor, que trabalha com tanto afinco e amor e muitas vezes as pessoas não chegam até eles”, completa. Mas essa história já começou a mudar.

Outras informações acesse o Portal FAESP/SENAR-SP

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