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Curso do SENAR capacita detentas custodiadas no CRF a confeccionar bolsas
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Entre os materiais utilizados estão barbante, juta, algodão cru e diversos tipos de sementes regionais, como açaí e tucumã

11 de abril 2016
Por Senar

Realizado pela segunda vez no Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua, no Pará, o curso de produção de bolsas artesanais, uma parceira entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado, vem garantindo capacitação e oportunidade de renda às internas.

Com duração de uma semana, o curso é ministrado das 9h às 16h, com intervalo para almoço. Entre os materiais utilizados na confecção das bolsas estão barbante, juta, algodão cru e diversos tipos de sementes regionais, como açaí e tucumã. Ao todo, 18 internas aprendem técnicas de corte e costura, bordado e arremate das peças, sob a orientação da instrutora Rosilda Rocha, do SENAR.

“Não precisa ter experiência com o artesanato para participar do curso, basta querer aprender. Durante as aulas, eu ensino como fazer o molde, o corte, a costura e o acabamento. Exponho alguns modelos e mostro a elas o passo a passoa, mas também costumo ressaltar que para se chegar a um bom resultado, tudo depende da criatividade. E elas me surpreenderam produzindo coisas muito interessantes”, avaliou Rosilda.

Destaque na turma, a interna Laise Sousa, de 21 anos, não tinha experiência com trabalhos manuais, mas resolveu encarar o desafio e em quatro dias conseguiu confeccionar três modelos de bolsas. Depois de descobrir a afinidade com o artesanato, ela agora pretende expandir os conhecimentos e já procura uma vaga na Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), a primeira do Brasil formada exclusivamente por detentas, que funciona no CRF.

“No começo do curso achei um pouco difícil, porque era a primeira vez que estava trabalhando com artesanato, mas com a explicação da instrutora logo consegui fazer a primeira bolsa. Agora já estou na terceira, mas gostei tanto de passar esses dias aqui que já estou buscando uma vaga na Coostafe. É um novo conhecimento e uma forma muito melhor de passar meus dias aqui. Quando estou participando das aulas parece que o meu dia passa voando”, conta Laise.

Quem também aproveitou o curso foi Marcela Lima, 26 anos, que pretende trabalhar com o que aprendeu quando deixar a unidade. “Alguns trabalhos manuais eu já conhecia, como o crochê, mas nessa capacitação aprendi várias coisas interessantes, como por exemplo a forma de aplicar o crochê em bolsas, de customizar, dar um formato melhor. Eu já trabalhava com a venda de produtos de crochê, como tapetes e roupinhas de bebê, e quando sair daqui pretendo continuar com esse trabalho, mas agora com novos produtos para oferecer”, contou Marcela.

A coordenadora educacional do CRF, Lindomar Espindola, ressalta que tanto as internas do regime semiaberto quanto as do fechado, sendo sentenciadas ou provisórias, podem participar da capacitação, basta que tenham interesse em aprender e estejam de posse da documentação exigida pelo curso.

Parceria

Nos últimos três anos, a parceira entre a Susipe e o SENAR vem promovendo a capacitação e abrindo novas oportunidades de trabalho e renda para centenas de presos, em todo o estado. De 2013 a 2015 foram oferecidas 820 vagas para cursos de iniciação profissional. Já os cursos de qualificação realizados em parceria com Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e Senar, que exigem uma carga horaria maior, certificaram 67 internos somente no ano passado.

Superintendente do SENAR Pará, Walter Cardoso

Para o superintendente do SENAR, Walter Cardoso, levar qualificação e capacitação para pessoas privadas de liberdade é fundamental para o regate da cidadania e reintegração social, além de abrir oportunidades para inclusão destas no mercado de trabalho. “O compromisso do Senar é atender aquela parcela da população que tem mais necessidade de inclusão e acesso, e esse é o caso dos encarcerados, que encontram em projetos como esse a oportunidade de conquistar um lugar no mercado de trabalho quando saírem do sistema prisional. É uma satisfação de ver que essa parceria está frutificando, e que hoje muitos detentos que passaram por esses cursos e se tornaram empreenderdes quando ganharam a liberdade”, relatou o superintendente.

O SENAR possui cerca de 480 formações voltadas para o agronegócio e atividades econômicas da área rural. No sistema prisional já foram desenvolvidos cursos de horticultura, fruticultura, piscicultura, avicultura, panificação, pintura em tecido, corte e costura e bordado.

Fonte: Agência Pará de Notícias

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