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Curso de Cuidados na Melhor Idade ensina a envelhecer e a lidar com pessoas na maturidade
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Com saúde e sem preconceito. Esta é a fórmula para viver bem essa fase

1 de abril 2024

Por: Comunicação do Sistema Faesp/Senar-SP

Fonte: Sistema Faesp/Senar-SP

O que fazer quando se convive com pessoas na maturidade? E se essa pessoa for você? Como se preparar para viver a chamada “melhor idade” da melhor maneira possível? Para a enfermeira Rosemere Saldanha, esse processo é como uma longa gestação, que começa anos antes. É um processo de preparo da saúde física, mental e emocional.

Rosemere ministra desde o início do ano o curso “Cuidados na Melhor Idade”, realizado pelo SENAR-SP em parceria com Sindicatos Rurais. São oito horas de aula, divididas em dois dias. “O curso fala de como envelhecer de forma sadia. Este é o maior receio: perder a saúde. E fala sobre como retirar o preconceito e como ensinar alguém a melhor forma com que a pessoa que envelhece deve ser tratada”, conta ela.

Foi exatamente para entender melhor como lidar com os pais idosos que a produtora rural Isabel Cristina Milani se inscreveu no curso em Borborema. “Participei para ver se consigo ajudar a cuidar dos meus pais. E para cuidar de mim também”, explica Isabel, de 57 anos. Ela e a família têm sítios no bairro Estiva, onde plantam milho e criam frangos de engorda.

Seus pais, dona Ana e seu Mário, têm mais de 80 anos e vivem em um sítio pegado ao seu. Trabalhadores rurais de uma vida toda, relutam em deixar a lida. “Ao fazer o curso, a gente começa a pensar que o idoso é uma segunda criança, mas sem a capacidade de aprender das crianças. Do jeito que a professora explicou, essa teimosia é própria do idoso. E que a gente tem de ser amoroso, não gritar, não se irritar. Quanto mais se grita, pior é. Tem de concordar com a teimosia”, relembra.

“O que eu aprendi é que não era do jeito que fazia e que, quanto mais for carinhoso, mais você convence eles”, fala Isabel, que também é chamada de teimosa pela filha, pois insiste em trabalhar como quando era mais jovem. “Na verdade, chega uma hora em que a gente deve parar um pouco porque não consegue fazer o que fazia. É dizer: agora eu não consigo mais. Aprendi no curso que, com o tempo, a gente fica um pouco limitada e que está tudo bem. Não precisamos acelerar tanto”, diz ela.

Rosemere Saldanha explica que os participantes dos cursos falam de seus temores com o envelhecimento. Para os homens e mulheres do campo, o maior medo é o de perder a saúde física. "Eles não aceitam alguém dar continuidade ao trabalho se eles não estiverem lá, acompanhando. O medo é parar de trabalhar, parar de cozinhar, de ir a campo. E às vezes eles não conseguem entender que a mobilidade diminuiu."

Mitos e preconceitos circundam o envelhecimento. E o curso Cuidados na Melhor Idade tenta derrubá-los. “Envelhecer não é estar doente nem morrer. E não envelhecer de uma forma 100% sadia não é pagar um preço, envelhecer doente não é castigo”, explica Rosemere, que continua: “a melhor idade não é a partir dos 60, 65 anos. A melhor idade é a partir dos 40, 45 anos. Temos três fases: a criança, um adulto e a segunda criança, que é a maior, a mais brilhante e a mais incrível. Para essa segunda criança, temos uma gestação de 20 anos, que começa a partir dos 40 anos”.

Nesse momento da vida, é preciso ter pessoas de referência, alguém para ouvir, para conversar. “Alguém que saiba respeitar a história que essa pessoa traz”, diz Rosemere Saldanha. Quem participa do curso, anima-se ela, “sai feliz da vida”. “O que eu falo no curso é que a gente tem a condição de esticar um dia a mais, um ano a mais, na vida das pessoas. Você pode ter certeza de que todas as pessoas que saíram de lá [do curso], para qualquer um que você ligar, eles estão deslumbrados com o conteúdo.”

O curso, promovido pelo Promovendo a Saúde no Campo (PPSC), um programa do SENAR-SP, ajuda o participante a identificar sinais de patologias que acometem os idosos e promove cuidados para se atuar na prevenção. “A maioria das pessoas procura o curso para ter conhecimento, por ter uma pessoa mais idosa em casa. A média de idade dos alunos é de 40 anos”, explica Erica Roberta Montini, coordenadora do Sindicato Rural de Borborema.

O sindicato fez o primeiro curso do ano em janeiro e já marcou para junho uma nova formação de participantes. O interesse é tanto que até profissionais da área de Saúde da Prefeitura de Borborema se animaram em participar. Além de Borborema, o curso “Cuidados na Melhor Idade” já foi aplicado por Rose como instrutora em outros municípios, entre eles São João da Boa Vista, Guariba e Dourado.

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