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Meta ambiciosa alavanca fontes alternativas na Áustria
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Informação abriu o roteiro da viagem técnica pela Áustria organizada pelo Sistema FAEP/SENAR-PR

29 de maio 2017
Por Senar

Diante da realidade mundial de dependência extrema do petróleo como fonte de energia, a Áustria aparece como um ponto fora da curva. O país europeu projeta alcançar 95% da matriz energética por meio de fontes alternativas até 2030, segundo a Energy Academy, agência estatal responsável pelo setor. Atualmente, 35% da produção de energia na Áustria têm suprimento em formas renováveis, sendo 16% de biomassa, 14% de aproveitamento hídrico e 5% de solar.

Essa informação abriu o roteiro da viagem técnica pela Áustria organizada pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. Após dias analisando sistemas na Alemanha, os 35 integrantes, entre produtores, presidentes e delegados de sindicatos rurais, técnicos da entidade e de empresas parceiras percorreram o país que é líder na Europa neste segmento para conhecer projetos que permitam atingir a meta dentro do prazo estipulado.

Delegação conhece o trabalho realizado no Energie Park, na Áustria

O desafio austríaco é enorme. Porém, pelos exemplos que a delegação do Paraná conheceu, não impossível. “Estamos trabalhando para promover o desenvolvimento do mercado. As ações se concentram no crescimento econômico por meio do desenvolvimento de tecnologias e não pelo aumento do consumo energético das cidades”, destaca Martin Schwarzimüller, da Energy Academy. Anualmente, 530 milhões de euros são investidos pelas indústrias de biomassa, gerando mais de 4,5 mil empregos no setor.

Para subsidiar esse avanço, instituições como a Universidade de Boku, fundada em 1872, realiza estudos sobre biodigestão e fermentação de diferentes tipos de biomassa. A delegação do Sistema FAEP/SENAR-PR conheceu sistemas que permitem que o biogás produzido seja convertido em energias elétrica, térmica e biocombustível.

Segundo o coordenador do Departamento de Ciências Agronômicas de Boku, Gunter Bochmann, diversas adaptações ocorreram nos últimos três anos para que os estudos se adequassem aos tipos de biomassa disponíveis em cada região do país. “Hoje trabalhamos com matérias-primas não tradicionais como bagaço de beterraba, poeiras de milho e outros grãos, cebola, batata, frutas, sementes, forragem e soro de leite”, conta.

“Não existe um padrão para ser utilizado. O produtor precisa definir um sistema conforme o tipo de biomassa disponível”, complementa.
Ao longo do tempo, projetos como a instalação do primeiro posto de abastecimento de biometano da Áustria, unidade móvel para purificação do biogás que comprime biometano em cilindros e transporta para postos de abastecimento e o trator CH4PA, movido a biometano, com capacidade para carregar até duas toneladas saíram dos laboratórios de Boku.

Área de plantio próximo a torre de energia eólica

A segunda metade do roteiro pela Áustria incluiu visita a campo para conhecer sistemas de utilização de biomassa. A usina de biogás Energie Versorgung Margarethen (EVM), na cidade de Margarethen am Moos, processa 150 toneladas de biomassa por dia com geração de 1,3 mil metros cúbicos de biogás por hora. 68% da produção são comercializados na forma de gás natural, enquanto 30% como energia elétrica. O restante é utilizado internamente para os processos da usina, fundada em 2005 por agricultores da região ao custo de 15 milhões de euros, sendo 13 milhões na estrutura e 2 milhões em pesquisa. A maior parte do montante foi subsidiada pelo poder público. Para atender a demanda, a EVM utiliza melaço, bagaço de beterraba e poeira de grãos como biomassa.

“Os produtores entregam os resíduos e pegam depois, a mesma quantidade, em adubo, ao final do processo de fermentação. Os custos de frete são pagos pela usina”, ressalta Lucas Wannasek, administrador da EVM.

A última visita em território austríaco aconteceu na empresa Energie Park, que desenvolve projetos com biomassa, biogás, energias solar e eólica e biorreatores de algas desde 1995. A diversidade permite uma enorme produção de energia para abastecer residências da região.

As 180 turbinas eólicas, com potência energética para 440 megawatts, geram eletricidade para 110 mil casas. Enquanto as quatro plantas de biogás produzem três milhões de metros cúbicos de biometano por ano para 2,2 mil residências. A empresa ainda conta com 12 usinas de biomassa, com potência energética de 22 megawatts, e 10 pequenas usinas hidroelétricas.

“A motivação maior é a tarifa, que rende recursos para novos investimentos, além de outros subsídios do governo. A Áustria tem o objetivo claro de atingir várias metas definidas no Protocolo de Kyoto”, afirma Michael Pfleger, diretor da Energie Park.

Além de investimentos realizados pelas indústrias e parceria do governo, o setor de energia renovável no país conta com apoio da população. Cada cidadão paga, em média, de 100 euros por ano, que são destinados ao desenvolvimento das fontes alternativas.

“Realizamos diversas ações junto à população, principalmente as crianças, para mostrar a importância das energias renováveis. A população tem participação direta, não só financeiramente. Já ocorreu, por exemplo, referendo para que as pessoas decidissem sobre a instalação de um parque eólico por conta da questão estética”, explica Pfleger.

Assessoria de Comunicação do Sistema FAEP/SENAR-PR
http://www.sistemafaep.org.br
Por Carlos Guimarães Filho

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