Logo CNA

Custos da produção de feijão em Minas subiram mais que os preços em quatro safras
Feijao 11 0 98638200 1515009884

30 de janeiro 2017
Por CNA

Por: Diário do Comércio

Nos últimos anos os custos de produção de feijão avançaram mais que os preços recebidos pelos produtores. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em Minas Gerais, entre a safra 2010/11 e 2015/16, o custo operacional da cultura subiu 111,01%, enquanto os preços recebidos pelos produtores cresceram 101,92%. No período, foram analisados os quatro principais itens que compõem os custos da produção de feijão em Minas Gerais: fertilizantes, agrotóxicos, sementes e operações com máquinas. Juntos, respondem por 68,12% dos gastos.

O analista de agronegócios da FAEMG, Caio Coimbra, ressalta que ao longo do período estudado pela Conab, foram verificadas mudanças no pacote tecnológico utilizado pelos produtores, o que contribuiu para o aumento dos gastos.

“O custo operacional está diretamente relacionado à produção e ao preço recebido pelo produtor. A alta no valor recebido, na média, ficou menor que a observada no custo operacional, mas é importante lembrar que houve alteração do pacote de tecnologia. Com o maior uso de agroquímicos e fertilizantes, a produtividade é estimulada e contribui para a maior renda. O que pode significar que não houve perdas na renda do produtor”.

No grupo de itens pesquisados foram verificados aumentos contínuos ao longo da série 2010/11 a 2015/16: 26,6% entre o primeiro e o segundo ano-safra, culminando com 31,5% entre o quarto e o quinto ano da série, somando um total de 111% de aumento nominal (sem considerar a inflação) no período. Com as variações, o custo operacional do feijão por hectare em 2016 atingiu R$ 3,9 mil.

Dentre os itens, os fertilizantes têm grande participação na composição dos custos, com média de 27,16% no período. Os aumentos nominais nos gastos com fertilizantes foram verificados com maior intensidade após a mudança do pacote tecnológico utilizado pelos produtores. Com isso, o aumento foi de 53,6% no ano-safra 2014/15 em relação ao na safra anterior. O custo por hectare encerrou a safra 2015/16 em R$ 1.125. Em 2010, o gasto médio por hectare era de 506,83m representando uma alta de 122,13% no período.

Evolução significativa também foi verificada nos custos com os agrotóxicos. Entre a safra 2010/11 e 2015/16 foi verificada alta de 419%. O valor por hectare subiu de R$ 224,51 para R$ 1.165 na última safra. No período, a participação na composição dos custos totais passou de 12,14% para 29,87%. Assim como fertilizantes, a mudança do pacote tecnológico utilizado impulsionou os gastos, principalmente na safra 2014/15, quando o custo por hectare passou de R$ 219 para R$ 1.048.

Os custos com sementes saíram de R$ 210 por hectare para R$ 330 em 2016, uma variação positiva de 57%.

Somente em operações com máquinas foi verificada queda nos gastos. Enquanto o custo médio por hectare, em 2010, estava em R$ 266,65, em 2016, caiu para R$ 260,96.

“Com o aumento constante do custo operacional, o produtor precisa fazer a gestão da propriedade, utilizando os insumos de maneira correta. É necessário o acompanhamento técnico da cultura, principalmente, pelo fato de o feijão apresentar problemas com a infestação da mosca-branca, que é uma das principais enfermidades da cultura. Com a ajuda técnica, o uso de produtos será mais eficaz e utilizado somente quando as enfermidades atingirem o nível de danos econômicos”, disse Castor.

Tendência é de maior produção em 2017
A tendência é que os preços do feijão fiquem menores em 2017, quando comparados com 2016. Isto deve ocorrer em função de uma expectativa de safra maior, já que os produtores foram estimulados a investir em função dos preços valorizados praticados em 2016.

Segundo a Conab, em Minas Gerais, a área de plantio na primeira safra está estimada em 163,5 mil hectares, aumento de 11,5%. O plantio foi iniciado em outubro e foi concluído em dezembro. Com produtividade média de 1,3 tonelada por hectare, a produção pode alcançar 215,7 mil toneladas, 12,7% superior à safra passada.

“O clima está bem favorável e se a expectativa de safra se consolidar, provavelmente, teremos uma maior produção disponível no mercado. Corremos o risco dos preços caírem na primeira safra. A consequência, caso os preços recuem, é que isto interfira na tomada de decisão para o plantio da segunda e terceira safra”, disse o analista de agronegócios da FAEMG, Caio Coimbra.

Em janeiro de 2016, o preço médio da saca de 60 quilos do feijão era de R$ 193,8. Com a quebra da safra e a escassez no mercado, os preços atingiram R$ 413 em meados do ano, o que incentivou o plantio da terceira safra. Após a colheita do grão, os preços voltaram a recuar e hoje estão, em média, R$ 143,30 por saca de 60 quilos.