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A força e determinação da mulher na produção agropecuária brasileira
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A justa busca pela igualdade tem dado cada vez mais relevância à participação da mulher na sociedade. E na atividade agropecuária não é diferente

8 de março 2016
Por Senar

A mulher conquistou seu espaço na sociedade, com competência e determinação. Contribui de maneira decisiva para a geração de riquezas, representando quase a metade da força de trabalho em nosso país, e para o equilíbrio social, como protagonista na formação e manutenção do núcleo familiar.

No setor agropecuário, ela também comprovou sua força e capacidade. No Dia Internacional da Mulher, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, em conjunto com as Federações de Agricultura nos estados, reuniu histórias de mulheres que são exemplos para o país.

AMAZONAS


Jeyn’s Alves - pedagoga e Superintendente Técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Amazonas (SENAR/AM).

Sistema CNA/SENAR: Como foi a sua trajetória profissional dentro do SENAR?
JEYN’S ALVES – Iniciei no SENAR em 2013, aprovada no processo seletivo para o cargo de Pedagoga. Estive à frente de alguns projetos educacionais, compondo a equipe técnica. Em 2014, assumi a Gerência Técnica, com perspectiva Administrativa e Educacional, tornando-me responsável pelos procedimentos, projetos e atividades da área fim do SENAR. Em 2015, fui surpreendida pelo convite e voto de confiança do Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço, para assumir a Superintendência Técnica do SENAR.

Sistema CNA/SENAR: De modo geral, como você vê a mulher no mercado profissional?
JEYN’S ALVES – As mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho, mas ainda têm presença inferior em alguns setores, quando comparada aos homens. No entanto, a sociedade teve de encarar uma mudança de crenças, que colocava a força masculina como a mais importante no mercado. Com a superação desta barreira, a tendência é que a sociedade ganhe cada vez mais segurança para aceitar que a mulher comanda diversas áreas do mundo corporativo.

Sistema CNA/SENAR: Que mensagem deixaria para as mulheres neste dia especial?
JEYN’S ALVES – Que no próximo dia 8 de março, possamos comemorar vitórias e ter cada vez mais mulheres conscientes de seu papel e organizadas para a transformação de uma sociedade com maior igualdade de direitos.

BAHIA


Carminha Maria Missio - empresária, advogada, produtora rural e primeira mulher a presidir o Sindicato dos Produtores Rurais de Luis Eduardo Magalhães, Bahia.

Sistema CNA/SENAR: Você é a primeira mulher a presidir o Sindicato. Como acha que deve ser o relacionamento com o produtor?
CARMINHA É imprescindível que se mantenha o agricultor atualizado nesse mundo desafiador. Nossa bandeira será sempre em defesa dos interesses dos agricultores de acordo com os limites que a lei nos permitir. São eles que traduzem a importância do sindicato, promovem o desenvolvimento da cadeia produtiva do agronegócio, que em consequência beneficia a maior parte da população da nossa cidade e região. Devemos escutar a voz dos produtores e, aí sim, criar caminhos que venham ao encontro de suas necessidades.

Sistema CNA/SENAR: Para você, quais são os principais desafios enfrentados pelo setor, na região?
CARMINHA A região Oeste da Bahia, onde atuamos, é destaque no Brasil quanto ao emprego de tecnologia e produtividade na agricultura. O que se deve especialmente por nossos recursos naturais como topografia, altitude, clima e disponibilidade de água para irrigação. Mas isso, por si só, não bastaria para que a agricultura aqui se firmasse. Foi preciso unir coragem, muito trabalho, investimentos, credibilidade e profissionalização. Só assim tem sido possível tornar a atividade agrícola viável, confiável, forte e pujante. Entretanto, precisamos continuar evoluindo através do aperfeiçoamento e capacitação de acordo com a evolução tecnológica e adequação das leis para o meio rural, da base até o topo da administração.

Sistema CNA/SENAR: Qual o papel da mulher no setor agropecuário?
CARMINHA – O desafio é adentrar em um universo que, desde os primórdios, tem sido exclusivamente masculino. Mas, a mulher tem conseguido, com sucesso, mostrar que é capaz de assumir muitas posições, com equilíbrio e grande capacidade de gestão dos negócios. Em nossa região mesmo, temos muitos exemplos de mulheres que estão ajudando na gestão da propriedade rural ou mesmo assumindo este compromisso. Esta é uma realidade que não pode mais ser revertida.

PARÁ



Antônia Lemos Gurgel - produtora rural, técnica em contabilidade, coordenadora do Núcleo da Região de Tapajós do Sistema FAEPA/SENAR e presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Itaituba, Pará.

Sistema CNA/SENAR: Como começou sua relação com a agropecuária?
ANTÔNIA LEMOS – Em 1986, ao ingressar na empresa do produtor rural Juvêncio Pereira da Silva, proprietário da Fazenda Tapajós. Ele investiu em novas tecnologias, tornando-se um dos grandes destaques da pecuária de corte no cenário nacional, ganhando por dois anos consecutivos (2014/2015) o prêmio de melhor criador e expositor da raça nelore da região Norte do país. Desde então, fiz da agropecuária a minha vida. É o que gosto de fazer e é o que quero continuar fazendo.

Sistema CNA/SENAR: Para você, como é trabalhar neste setor?
ANTÔNIA LEMOS – É perceptível a mudança de mentalidade da população urbana em relação a agropecuária. Posso definir meu sentimento como sendo de gratidão e total comprometimento com um setor que mantém a força na economia brasileira mesmo num cenário de crise. A agropecuária continua em evidência nas exportações, impulsionando os negócios, gerando empregos e renda.

Sistema CNA/SENAR: Como você vê o papel da mulher no campo e o que gostaria de destacar em sua trajetória?
ANTÔNIA LEMOS – Vejo como um rompimento de paradigmas, face a esse setor predominantemente masculino, o qual a mulher com sensibilidade e visão ampliada tem conquistado seu espaço nos diversos setores do mercado. Na agropecuária não é diferente, são mulheres que se destacam pela capacidade de gerenciar e inovar. Em relação a minha trajetória, estar à frente de um sindicato por três mandatos consecutivos, denota o rompimento de muitas barreiras e conquista de credibilidade.


Eliana Zacca - secretária-adjunta da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Estado do Pará

Sistema CNA/SENAR: Como começou sua relação com a agropecuária?
ELIANA ZACCA – De forma mais direta, em 2003, quando trabalhei como assessora da Secretaria Especial de Produção do Estado do Pará. Essa relação foi aprofundada e se consolidou quando trabalhei na Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), no período de 2007/2010, como Diretora do Departamento Técnico.

Sistema CNA/SENAR: Qual seu sentimento em trabalhar pelo setor?
ELIANA ZACCA – Sentimento de profundo respeito e admiração pelos que nele labutam, pois além de garantir a alimentação nossa de cada dia, é o setor que sustenta nosso processo de desenvolvimento em nível nacional e estadual. E neste setor, mais do que qualquer outro da economia, as adversidades e desafios são muito maiores, sem que haja o merecido reconhecimento e valorização do trabalho e dos benefícios gerados pela produção agropecuária. Do lavrar a terra até a colocação do produto nas feiras, supermercados e indústrias, o caminho é longo, difícil e tortuoso.

Sistema CNA/SENAR: Como você vê o papel da mulher no campo e o que gostaria de destacar em sua trajetória de vida em prol da agropecuária?
ELIANA ZACCA – As mulheres que trabalham no campo são verdadeiras guerreiras. Se na área urbana, onde há melhor infraestrutura, a mulher já enfrenta vários desafios para desempenhar os papéis de esposa, mãe e profissional, imagine no campo, onde as deficiências são enormes e as condições de trabalho muito duras. Por outro lado, tem sido crescente o número de mulheres que assumem a condição de chefe de família. No campo, inclusive, já se enfrenta o problema da sucessão rural, pois, cada vez mais, os filhos estão migrando para as cidades, deixando a profissão dos pais, o que aumenta a sobrecarga de trabalho e a responsabilidade das mulheres.


Iacira Sedrim - avicultora, coordenadora do Polo Presencial da rede e-Tec em Santa Izabel do Pará e primeira mulher a presidir o Sindicato dos Produtores Rurais

Sistema CNA/SENAR: Como começou sua relação com a agropecuária?
IACIRA SEDRIM – Minha vida na agropecuária vem de raízes. Meu pai, avô e bisavô criaram seus filhos nos campos duros e sofridos do nordeste brasileiro. O meu primeiro emprego foi na extensão rural, onde passei 15 anos da minha juventude profissional. O mundo sindical tomou conta de minha vida quando assumi a Superintendência do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/Pará).

Sistema CNA/SENAR: Qual o sentimento de trabalhar pelo setor?
IACIRA SEDRIM – Pela minha vivência profissional, o meu sentimento de amor, dedicação e gratidão pelo agro é indiscutível, porém, como pequena produtora rural, não tive grande sucesso. Mas não tenho dúvida de ser hoje o melhor negócio e que está sustentando a nação.

Sistema CNA/SENAR: Como você vê o papel da mulher no campo e o que gostaria de destacar em sua trajetória em prol da agropecuária?
IACIRA SEDRIM – Vejo a mulher como uma pessoa em igualdade de condições do homem para conduzir o agronegócio no Brasil. É uma questão de oportunidade e coragem, sendo esta mais organizada, engajada e normalmente do que o homem.


Maria Augusta da Silva Neta - presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Altamira (PA)

Sistema CNA/SENAR: Como começou sua relação com a agropecuária?
MARIA AUGUSTA – Sou filha de produtor rural, convivi até meus 16 anos vendo meus pais na lavoura no interior do Paraná. Nesta época, via as fazendas vizinhas onde criavam gado, ficava fascinada com a beleza daquele rebanho e pensava: um dia serei produtora rural criando gado. Casei e vim para o Estado do Pará onde compramos uma área rural. Meu marido não tem vocação para a vida rural, mas me apoia e me ajuda na administração da propriedade, o restante é comigo. Desde vacinações, apartação, manejo, compra e venda e tudo que é necessário.

Sistema CNA/SENAR: Qual seu sentimento pelo Agro?
MARIA AUGUSTA – Amo de paixão! Primeiro tem que estar no DNA, digo sempre, “você tem que ser da causa”.

Sistema CNA/SENAR: Como você vê o papel da mulher no campo e o que gostaria de destacar em sua trajetória da vida em prol da agropecuária?
MARIA AUGUSTA – Como dizem, o sistema é bruto, de sexo frágil não tenho nada. Hoje gerencio minha casa, família e negócios. Faço as cobranças necessárias, buscando a cada dia desenvolver minhas habilidades no campo, como a capacidade de liderar e me destacar com minha visão de empreendedora. Sei que o setor ainda é um espaço ocupado na maioria por homens, então quando assumimos este desafio temos que ser melhores que eles.


Shirley Cristina de Barros Malcher - empresária, criadora de búfalos e produtora de derivados de leite de búfala, como queijo frescal, ricota e mozarela.

Sistema CNA/SENAR: Como começou sua relação com a agropecuária?
SHIRLEY CRISTINA – Desde sempre. Nasci em uma família de tradição ruralista. Bisavô, avó e pai. O amor à terra está entranhado em mim.

Sistema CNA/SENAR: Qual seu sentimento em trabalhar para o crescimento do setor?
SHIRLEY CRISTINA – Sentimento de profundo orgulho e de apreensão. De orgulho porque há mais de uma década a balança comercial de nosso país é sustentada por nossa atividade, comprovando nossa eficiência. De apreensão devido às adversidades extracampo que somos diariamente obrigados a enfrentar, tais como a questão da insegurança jurídica que hoje permeia o direito de propriedade.

Sistema CNA/SENAR: Como você vê o papel da mulher no campo e o que gostaria de destacar em sua trajetória da vida em prol da agropecuária?
SHIRLEY CRISTINA – Com muita positividade. Como nos demais setores da vida, nós mulheres demonstramos nossa capacidade empreendedora. Creio que minha maior contribuição ao setor em minha trajetória seja meu posicionamento na defesa dos nossos direitos de produtores rurais, no enfrentamento das questões localizadas da porteira para fora.

ESPÍRITO SANTO


Letícias Simões - administradora de empresas, especialista em gestão estratégica, e Superintendente Técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Espírito (SENAR/ES)

Sistema CNA/SENAR: Fale sobre sua carreira profissional na agropecuária.
LETÍCIA SIMÕES – Sou administradora de empresas, especialista em gestão estratégica e atuei por 15 anos no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) na área do agronegócio. Trabalhei por um tempo na Secretaria de Agricultura do Espírito Santo (SEAG) e na presidência do Instituto de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Hoje, estou à frente da Superintendência Técnica do SENAR/ES, desde outubro de 2015.

Sistema CNA/SENAR: De modo geral, como você vê a mulher no mercado profissional?
LETÍCIA SIMÕES – É nítido que as mulheres vêm conquistando espaço no Brasil e no mundo. A mulher possui uma capacidade de executar várias tarefas ao longo do dia, talvez seja esse o grande diferencial. Mostramos que somos capazes de gerenciar bem as atividades ligadas à vida profissional e pessoal e, claro, deixar a marca de que de frágil, não temos nada.

Sistema CNA/SENAR: Como você vê a contribuição da mulher para o desenvolvimento da agropecuária?
LETÍCIA SIMÕES – Acredito que as mulheres podem conquistar cargos e espaços almejados, que irão fazer a diferença no meio rural. Muitas dessas histórias de sucesso também acontecem no estado, a partir das capacitações disponibilizadas pelo próprio SENAR/ES. Mulheres que realizam grandes feitos, que além de serem donas de casa, mães e esposas, também são trabalhadoras e empreendedoras, ajudando a comandar a propriedade ou até mesmo liderando projetos que contribuem para o crescimento de renda da família. As lideranças femininas incentivam a inclusão das mulheres, seja na agricultura, no campo, na organização, gestão ou administração das propriedades.

SANTA CATARINA


Lilian Fernanda Sfendrych Gonçalves - produtora rural, engenheira agrônoma da Secretaria de Agricultura da Prefeitura e presidente do Sindicato Rural de Massaranduba, em Santa Catarina.

Sistema CNA/SENAR: O que lhe motiva a se dedicar diariamente à agropecuária?
LILIAN FERNANDA – Resolvi reativar o Sindicato Rural ao perceber a falta de informação de grande parte de produtores, seja pelo enquadramento sindical, como pela necessidade de aprimoramento e conhecimento tecnológico nas propriedades rurais. O comprometimento, a fidelidade e o respeito pela “família do campo” me fortaleceram, a cada dia. Senti na pele as dificuldades oriundas da nossa agricultura quando me tornei produtora rural, incentivando cada vez mais a formação de grupos rurais formadores de opinião (líderes rurais), cooperativas e associações.

Sistema CNA/SENAR: Como você vê a contribuição da mulher para o desenvolvimento do setor?
LILIAN FERNANDA – Quando falamos da mulher, estamos falando de sensibilidade, particularmente valorizo muito a atuação da mulher. A mulher é o pilar da família e têm o privilégio de conseguir fazer várias coisas ao mesmo tempo. Elas estão no plantio, na colheita, no beneficiamento, nas feiras agroecológicas, em associações e muito mais... Elas vêm assumindo um papel inegavelmente importante no processo produtivo da agricultura. A presença das mulheres na agricultura e na política cresce cada dia mais. Elas estão se organizando melhor, se conscientizando e exigindo mais seus direitos e o reconhecimento do trabalho que desenvolvem, não apenas no âmbito familiar, mas profissional.

Sistema CNA/SENAR: Qual estratégia utiliza para conciliar tantas atividades diárias: Sindicato Rural, família, propriedade rural e sonhos?
LILIAN FERNANDA – A grande estratégia que utilizo é manter a força, a determinação, agindo sempre com amor e fé em Deus. Minha vida não é mais só minha. Minha família é tudo! Vivo intensamente para o bem comum. Não consigo mais trabalhar para um pequeno grupo de pessoas, preciso dimensionar, compartilhar o conhecimento, trocar experiências, regionalizar, praticar, desenvolver, criar identidades, aprender cada vez mais.


Lucía Mabel Saavedra Boussès - natural do Uruguai, pós-graduada em Marketing e Administração, produtora rural e presidente do Sindicato Rural de Campo Alegre desde 2006.

Sistema CNA/SENAR: O que lhe motiva a se dedicar diariamente à agropecuária?
LUCÍA MABEL – Acredito no enorme potencial do campo e luto constantemente para evitar que os jovens abandonem o campo. Tenho verdadeira paixão pela terra, animais e os agricultores, que lamentavelmente muitos ainda não sabem o quanto são importantes. Se o campo não produz, a cidade não come. Trabalho em prol do desenvolvimento das comunidades rurais, que devem ser modernas e atualizadas com a tecnologia para confirmar a inserção no mundo global.

Sistema CNA/SENAR: Como você vê a contribuição da mulher para o desenvolvimento do setor?
LUCÍA MABEL – A mulher ocupa cada vez mais espaço antes não imaginado. Exemplo disso, é que hoje temos uma mulher à frente do Ministério da Agricultura, desenvolvendo um belo trabalho. Porém, precisamos multiplicar essa força que ainda está um pouco tímida e reluta em assumir cargos, nos Sindicatos ou cooperativas e até na política. Acredito que é uma questão de tempo e em poucos anos teremos uma geração forte de mulheres atuando no agronegócio.

Sistema CNA/SENAR: Qual estratégia utiliza para conciliar tantas atividades diárias: Sindicato Rural, família, propriedade rural e sonhos?
LUCÍA MABEL – Concilio diversas atividades utilizando uma única ferramenta: planejamento. Desde o simples dia a dia, até os projetos que demandam mais tempo e dedicação. Se você gosta do que faz, tudo fica mais fácil.

MATO GROSSO DO SUL


Terezinha Candido - produtora rural, coordenadora educacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/MS) e diretora da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (FAMASUL).

Sistema CNA/SENAR: Qual foi sua trajetória para chegar hoje ao cargo de diretora do Sistema FAMASUL?
TEREZINHA – Posso dizer de cara que eu sou uma mulher da agricultura. Eu vim do campo, sou filha de produtor rural e tenho muito orgulho disso, então a minha trilha foi traçada naturalmente, porém, com muito trabalho para chegar onde hoje estou. Em 1994, eu cursei medicina veterinária, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Em 1996, comecei a trabalhar no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Em junho de 2015, fui convidada para compor a chapa da nova diretoria da Famasul, liderada por Mauricio Saito.

Sistema CNA/SENAR: Para você, quais vitórias podem ser comemoradas neste dia especial e o que ainda falta ser conquistado?
TEREZINHA – As conquistas são grandes, tanto no meio urbano, como no meio rural. De fato, o que vemos é que há um crescimento no número geral de mulheres atuando na agropecuária. Cada vez mais elas têm tomado conta dos seus negócios e antigamente isso não acontecia. Quando ficavam viúvas, por exemplo, quem administrava as suas terras eram seu irmão ou o pai. Hoje elas tomam o controle da situação e administram com independência suas propriedades. Acompanhando este cenário, o Sistema Famasul, por intermédio do SENAR/MS, vem trabalhando com o aumento de cursos e projetos voltados às mulheres. Inclusive, quero destacar que as capacitações são um exemplo da mudança que observamos no meio rural, tanto que em 2015, do total de alunos capacitados, 50,2% são mulheres, ou seja, estamos igualitárias quando o assunto é qualificação rural.

Sistema CNA/SENAR: Quais são os seus desafios para 2016?
TEREZINHA – Meu maior desafio é corresponder às expectativas do produtor rural do nosso estado. Com 20 anos de sistema sindical, eu tenho uma visão de diversos ângulos da agropecuária. Conheço a dificuldade do trabalhador, do instrutor, do técnico e do produtor rural. Acredito que esse conhecimento contribui para minha gestão e acrescenta no trabalho que desenvolverei no Sistema FAMASUL. Meu objetivo é trabalhar para que a educação transforme a realidade dos homens e mulheres do campo.

MATO GROSSO


Leane Simone Altmann - graduada em Ciências Jurídicas e Sociais, produtora de soja e milho e primeira mulher a presidir o Sindicato Rural de Nova Mutum, Mato Grosso.

Sistema CNA/SENAR: Quando você se tornou presidente do Sindicato Rural de Nova Mutum?
LEANE SIMONE – Fui eleita em 1999 e presidi o sindicato até 2003. Além disso, fiz parte da diretoria nos triênios de 1996-1999, 2003-2006 e 2006-2009. Em 2008, assumi o sindicato interinamente na ausência do presidente Alcindo Uggeri e do vice-presidente Luiz Carlos Gonçalves. Também fui membro da diretoria da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) nos triênios 2001-2004 e 2004-2007 e ainda participo do Conselho de Administração do Sicredi (Cooperativa de Crédito Rural) de Nova Mutum.

Sistema CNA/SENAR: Você sofreu algum tipo de preconceito por estar a frente de um Sindicato?
LEANE SIMONE – Eu tinha 34 anos quando fui eleita para o Sindicato. Acredito que tive poucas rejeições e preconceitos por ser do sexo feminino e por estar à frente de uma entidade de classe tão importante para a economia da região e do estado. O fato de ser do “sexo frágil” não faz diferença e acredito que o que sempre vai contar é a capacidade intelectual e a maneira de conduzir. Atualmente, não vejo concorrência de sexo, mas sim de dedicação, talvez nesse ponto as mulheres sejam mais teimosas, querem provar mais eficiência. Tenho orgulho em dizer que fui a primeira presidente de sindicato de Mato Grosso.

Sistema CNA/SENAR: Quais foram os momentos mais inesquecíveis dessa tua trajetória?
LEANE SIMONE – Eu trabalho pela categoria há mais de 20 anos. Para mim, durante esse tempo todo vivi momentos inesquecíveis à frente do sindicato. Entre eles eu destaco a participação nos movimentos “Caminhonaço” e “Tratoraço”. Esses movimentos foram importantíssimos para o ruralismo brasileiro. Ganhamos respeito e ainda mostramos que temos força e voz ativa no governo. Em Nova Mutum formamos um grupo de coordenadores em que fiz parte, lideramos o movimento “Grito do Ipiranga”, quando os produtores rurais do norte do estado reivindicaram ao governo federal preços melhores na venda da safra e logística da produção. Vale enfatizar que em Nova Mutum, o Grito do Ipiranga foi um movimento da família ruralista, pois tivemos a participação fundamental dos jovens e mulheres. Juntos, a família ruralista fez a vitória.

RIO GRANDE DO SUL


Maria Tereza Scherer Mendes - pedagoga, produtora rural, suplente do Conselho Fiscal da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL), coordenadora do Programa de Alfabetização de Trabalhadores Rurais do SENAR/Camaquã e primeira-diretora secretária do Sindicato Rural de Camaquã

Sistema CNA/SENAR: Qual a origem da sua ligação com o agronegócio?
MARIA TEREZA – Minha família é ligada ao campo. Plantamos arroz, soja e temos criação de gado na região de Camaquã. Quando meu marido (Arilei Ribeiro Mendes) foi presidente do Sindicato Rural de Camaquã, comecei a frequentar a entidade, acompanhando nas atividades sociais.

Sistema CNA/SENAR: Como chegou à presidência do Sindicato?
MARIA TEREZA – Eu já fui professora e diretora de uma escola. Aos poucos fui me envolvendo nas rotinas administrativas do Sindicato e passei também a integrar a diretoria. Depois me tornei presidente do sindicato e tive a honra de estar à frente da entidade quando completou 80 anos, em 2014. O meu mandato terminou em 2015, mas eu permaneço na nova administração como primeira-diretora secretária. Hoje também faço parte do Conselho Fiscal da FARSUL como suplente e sou coordenadora do Programa de Alfabetização de Trabalhadores Rurais do SENAR em Camaquã.

Sistema CNA/SENAR: Para você, qual é o papel da mulher no agronegócio?
MARIA TEREZA – Eu sempre fui muito ligada ao grupo de produtoras rurais da FARSUL, liderado pela Zenia Aranha da Silveira e a atividade sindical nos aproximou ainda mais. Eu vejo que as mulheres perceberam a importância de ter um conhecimento mais específico do meio onde atuam e conquistaram seu espaço. O campo é um negócio e algumas jovens estão se dando conta disso e já estão vindo trabalhar. Além disso, a mulher tem muita habilidade para negociar.


Mara Barcelos - produtora rural e presidente do Sindicato Rural de Muitos Capões no Rio Grande do Sul

Sistema CNA/SENAR: Qual a origem da sua ligação com o agronegócio?
MARA – Meu pai (Ruy Barcelos) é agropecuarista e é meu grande exemplo de amor à atividade rural. Ainda hoje, com 84 anos, ele continua à frente dos negócios e sempre incentivou a valorizar o que é nosso, o que é da terra. Antigamente a mulher ajudava de alguma maneira ao lado do marido, mas agora participa mais ativamente dos assuntos ligados ao campo.

Sistema CNA/SENAR: Como chegou à presidência do Sindicato Rural de Muitos Capões?
MARA – Eu já fui prefeita de Muitos Capões por duas vezes (em 2004 e 2008) e também vice-presidente do Sindicato Rural antes de chegar à presidência. Na nossa gestão, procuramos incentivar as mulheres e os filhos a participarem de uma forma mais efetiva. Temos várias ações no Sindicato, como a biblioteca itinerante e o Natal rural. O campo precisa de todos unidos para continuar forte.

Sistema CNA/SENAR: Qual o papel da Federação para a agropecuária?
MARA – A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL) tem um papel muito importante e nós acreditamos no trabalho que desenvolve há muitos anos de valorização e de espaço para as mulheres. Muitas pessoas estão voltando para o campo e o contato com os mais experientes está gerando bons resultados. Incentivamos todos os produtores a formar parcerias com o SENAR e a FARSUL para capacitação, porque isso vai trazer benefícios para todos.


Yara Bento Pereira Suñe - engenheira agrônoma, mestre em produção animal, produtora rural e diretora suplente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL)

Sistema CNA/SENAR: Qual a origem da sua ligação com a agropecuária?
YARA – Trabalho na propriedade da família em Lavras do Sul e sempre estive muito envolvida com a agropecuária. Quando meus pais faleceram, continuei tocando a propriedade e esse envolvimento com as rotinas do campo se estende a minha vida profissional, pois sou engenheira agrônoma com mestrado em produção animal.

Sistema CNA/SENAR: Como chegou à diretoria da FARSUL?
YARA – As participações no Sindicato Rural de Lavras do Sul foram o caminho natural de aproximação com a Farsul. Como delegada representante do sindicato, eu sempre participei ativamente das reuniões na Federação, em Porto Alegre. Posteriormente fui convidada para integrar a chapa de renovação da entidade e agora faço parte da diretoria como suplente.

Sistema CNA/SENAR: Qual o papel da mulher no agronegócio?
YARA – Há um apagão de mão de obra no campo por uma série de razões e a mulher tem oportunidade de mostrar a sua capacidade para ocupar esse espaço, principalmente na gestão de pessoas. A sensibilidade e o olhar feminino diferenciado são importantes para o equilíbrio de atitudes no gerenciamento. Eu acredito que as próximas gerações vão ter muito espaço para atuar no agronegócio e contribuir para o crescimento desse setor.



Zenia Aranha da Silveira - produtora rural e presidente da Comissão de Produtoras Rurais da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Rio Grande do Sul - FARSUL

Sistema CNA/SENAR: Qual a origem da sua ligação com a agropecuária?
ZENIA ARANHA – A minha família é do meio rural. Os primeiros Aranha plantaram café em São Paulo. Eu sou produtora e proprietária rural em Bagé e sempre gostei de cavalos. Com a criação da raça Quarto de Milha acabei entrando para a Associação de Criadores de Cavalos Quarto de Milha Núcleo Sul (NSQM). Desde então, comecei a ter uma participação mais ativa em entidades. Durante 20 anos fui da diretoria e, por duas vezes, presidente da Associação.

Sistema CNA/SENAR: Como chegou à presidência da Comissão de Produtoras Rurais da FARSUL?
ZENIA ARANHA É importante ressaltar que a Farsul abriu as portas para as mulheres. Quando o presidente Carlos Sperotto decidiu mobilizar um grupo de produtoras rurais para um trabalho sistematizado de apoio às ações da Federação, fomos chamadas para organizar a estrutura do grupo. Em 2001, fui convidada para assumir a presidência da Comissão das Produtoras Rurais da Farsul. De lá para cá, tenho participado de inúmeras atividades e projetos envolvendo a mulher e os interesses da agropecuária.

Sistema CNA/SENAR: Qual o papel da mulher no campo?
ZENIA ARANHA – Mesmo na agropecuária, onde predomina a figura masculina, a mulher é vista em pé de igualdade com os homens. Eles ouvem as mulheres, se interessam por suas opiniões. Percebo que de uns 10 anos para cá, houve uma evolução no papel das mulheres também na gestão das propriedades. As mulheres estão se sobressaindo cada vez mais.

CEARÁ


Jussara Dias Soares é advogada e há seis anos é presidente do Sindicato Rural de Tamboril, no Ceará

Sistema CNA/SENAR: Como você chegou à presidência do Sindicato Rural de Tamboril?

JUSSARA DIAS – O início da minha vida sindical deu-se por conta do incentivo do meu pai, Francisco Edmilson, que foi presidente do Sinrural de Tamboril por 18 anos. Ainda criança eu sempre o acompanhava nas reuniões, tanto no sindicato, quanto na Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC). Aquilo foi despertando um interesse natural, pois via meu pai, com entusiasmo, cuidando do Sindicato. Muito tempo depois, surgiu uma oportunidade para prestar serviço como advogada para a FAEC, o que me aproximou ainda mais da categoria e do Sistema. Em 2011, assumi a presidência do Sinrural Tamboril e já estou no meu 2º mandato.

Sistema CNA/SENAR: Nos 64 sindicatos rurais do Ceará, apenas duas mulheres são presidentes, foi difícil para você assumir este posto?

JUSSARA DIAS – Absolutamente. Ao contrário, sempre fui bem recebida por todos. Até achava que tinha algumas desvantagens em ocupar a função, 1º por ser mulher; 2º pela minha idade, me considerava muito jovem. Embora presidente, procuro envolver a todos nas tomadas de decisões, ouvindo a opinião dos meus diretores, fazendo com que eles não tenham papel figurativo, mas que se envolvam de fato. E isto está sendo muito tranquilo, pois todos servem com entusiasmo a classe de produtores.

Sistema CNA/SENAR: Recentemente seu sindicato levou para o distrito de Sucesso o Programa Útero é Vida, qual foi a repercussão do programa junto às mulheres?

JUSSARA DIAS – Ficamos muito felizes com o resultado dessa ação. A repercussão foi a melhor possível. O apoio da Prefeitura Municipal de Tamboril foi essencial para o sucesso do evento, disponibilizando toda a estrutura física e de pessoal. Foram 289 mulheres que realizaram o exame de prevenção ao câncer de colo do útero. O cunho social do programa permite que o sindicato preste seus serviços de maneira integral, proporcionando um dia de ação para as mulheres da zona rural, ultrapassando a simples prestação de serviço e transformando-se em um ato de valorização da mulher do campo.

Assessoria de Comunicação CNA/ Com as assessorias de imprensa das federações de agricultura e pecuária: FAEA, FAEB, FAEPA, FAES, FAESC, FAMASUL, FAMATO, FARSUL.
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