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25 de julho de 2018
Preços menores levam à queda na renda do agronegócio no 1º quadrimestre de 2018
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POR CNA

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), recuou 0,62% em abril, acumulando baixa de 1,73% no primeiro quadrimestre de 2018.

Conforme se observa na Tabela 1, esse desempenho do PIB do Agronegócio no primeiro quadrimestre de 2018 é reflexo, principalmente, do desempenho adverso do segmento primário cuja retração foi de -1,15% em abril, e de -5,90% nos 4 primeiros meses do ano. Como será apresentado detalhadamente ao longo desse relatório, essa retração é explicada, basicamente, pela queda nos preços verificada no 1º quadrimestre/2018 comparativamente ao mesmo período do ano anterior (1º quadrimestre/2017). Dada a safra recorde colhida no ano passado, os preços caíram significativamente no final daquele ano, patamar esse mantido no início de 2018. No ramo agrícola, por exemplo, os preços no 1º quadrimestre/2018 foram 5,19% menores que no mesmo período do ano anterior.

O PIB do segmento dos Agrosserviços também apresentou queda relevante, tanto em abril (-0,78%) como no acumulado do quadrimestre (-1,37%). O segmento de insumos teve desempenho relativamente melhor com crescimento do PIB de 0,74% em abril e de 0,77% no ano. Já a agroindústria, embora tenha encolhido -0,13% em abril, fechou o quadrimestre com crescimento de 0,79%.

Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)

Dentre os ramos de atividade (Tabelas 2 e 3), verifica-se maior queda no pecuário: -2,39% em abril e -4,68% no acumulado do 1º quadrimestre. As retrações no ramo agrícola foram relativamente menores: respectivamente -0,11% e -0,48%, apesar da retração de -7,35% “dentre da porteira” no acumulado dos 4 primeiros meses do ano. Enquanto os demais segmentos do ramo agrícola tiveram crescimento no 1º quadrimestre/2018 – insumos (2,47%), agroindústrias (2,27%) e agrosserviços (0,75% - todos os segmentos do ramo pecuário apresentaram retração: insumos (-2,49%), primário (-3,21%), agroindústria (-4,77%) e agrosserviços -5,82%.

Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

No ramo pecuário, a lenta retomada da economia brasileira segue resultando em baixa demanda interna, pressionando os preços ao longo das cadeias dos diferentes produtos. Além disso, embargos ou reduções na importação de proteína brasileira no mercado internacional, (particularmente suínos e aves) também têm prejudicado os resultados da pecuária, à medida que elevam a disponibilidade interna e enfraquecem as cotações. Já nos lácteos, embora os preços tenham permanecido baixos no primeiro quadrimestre de 2018 comparativamente ao mesmo período do ano anterior, o mercado apresenta sinais de melhor equilíbrio entre oferta e demanda, indicando para a recuperação das cotações que vem ocorrendo desde fevereiro – efeito que, por sua vez, poderá ser melhor observado nos próximos relatórios do PIB.

Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

SEGMENTO DE INSUMOS: Fertilizantes seguem com preços em alta

No segmento de insumos do agronegócio, estima-se alta de 0,74% em abril, acumulando elevação de 0,77% no quadrimestre. Entre os ramos do agronegócio, o segmento de insumos agrícolas apresenta altas de 1,15% no mês e de 2,47% no acumulado do ano (janeiro a abril), enquanto o de insumos pecuários teve relativa estabilidade no mês (-0,06%) e aumento de 2,49% no acumulado.

Dentre as indústrias de insumos acompanhadas, projetam-se quedas no faturamento anual para rações (-9,55%) e medicamentos para animais (-0,81%). Já para máquinas agrícolas (0,71%), fertilizantes (6,71%) e defensivos (14,92%), projeta-se elevação anual do faturamento, conforme a Figura 1.

Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até abr/2018

Na indústria de fertilizantes, a projeção de elevação no faturamento está associada às altas de 5,53% nos preços reais e de 1,12% na quantidade produzida. No período, a maior demanda no mercado interno, a alta demanda internacional e a desvalorização, no quadrimestre, do Real frente ao Dólar foram as principais influências sobre as cotações.

Já para os defensivos, a projeção de elevação anual de faturamento decorre do incremento na quantidade (17,70%), já que se verifica recuo de preços no primeiro quadrimestre de 2018 com relação ao mesmo período do ano anterior.

Para rações, a maior influência é da queda de 10,62% das cotações de janeiro a abril com relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo a Sindirações, a conjuntura de dificuldade com relação à demanda de atividades pecuárias, juntamente com o encarecimento dos custos, tem prejudicado a indústria de rações.    

SEGMENTO PRIMÁRIO: Primeiro quadrimestre de 2018 segue em baixo patamar de preços na comparação com o mesmo período de 2017

A renda do segmento primário do agronegócio apresentou resultado negativo de 1,15% na estimativa de abril de 2018, acumulando baixa de 5,90% no primeiro quadrimestre. Em abril, tanto no ramo agrícola como no pecuário, os segmentos primários registraram recuos, de 0,90% e de 1,49%, respectivamente. No acumulado do quadrimestre, verificam-se quedas respectivas de 7,35% e de 3,21% (Tabelas 2 e 3). Estes resultados estão associados ao comportamento de preços nos primeiros quatro meses de 2018, frente ao mesmo período do ano passado, e à previsão de volumes de produção para o ano das culturas agrícolas e atividades pecuárias em 2018, conforme as Figuras 2 e 3 e a Tabela 4 (que serão apresentadas a seguir).

A produção do segmento primário agrícola, após forte crescimento em 2017, deve apresentar alta de 1,50% em 2018 na média das atividades acompanhadas. Já relativamente aos preços, os vigentes no 1º quadrimestre de 2018 foram 5,19% menores que os do mesmo período de 2017. Entende-se que este resultado ainda corresponde a um movimento inercial, relativo ao baixo patamar de preços médios nos quais os produtos agrícolas encerraram 2017. No segmento primário da pecuária, as estimativas são de produção com alta de 3,46% e preços com baixa de 10,19% de janeiro a abril de 2018 frente ao mesmo período de 2017.

Dentre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, as estimativas são de crescimento do faturamento para: algodão, cacau, café, soja, tomate, trigo, madeira em tora, madeira para papel e celulose e lenha/carvão. Já as culturas para as quais as estimativas são de queda no faturamento são: arroz, banana, batata, cana-de-açúcar, feijão, fumo, laranja, mandioca, milho e uva – Figura 2 e Tabela 4.

Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até abr/2018

Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até abr/2018

Dentre as culturas com perspectivas de crescimento de faturamento em 2018, destaca-se o algodão, na qual a expectativa de alta no faturamento deriva principalmente das boas perspectivas de produção para 2018 (expansão esperada de 27,94% frente a 2017) e da elevação de 3,15% observada nos preços no primeiro quadrimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017. Segundo dados da Conab, a estimativa de maior produção é justificada pela estimativa de aumento de 25,2% na área plantada em relação à safra passada, pois, segundo a Companhia, os bons resultados obtidos na safra 2016/17 estimularam os produtores a investirem na cultura.

Já para o tomate, o crescimento no faturamento advém da alta de 31,09% nas cotações do primeiro quadrimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017, visto que a produção deve crescer apenas 0,26%. Segundo a equipe Hortifrúti/Cepea, até abril, o preço pago ao produtor pelo tomate esteve, em média, 54% acima do custo de produção. Segundo a equipe, no início de 2018, houve significativa redução da oferta, devido à finalização da segunda parte da safra de inverno 2017, ao menor ritmo de colheita, à maturação dos frutos e ao elevado percentual de descarte, neste último caso, em decorrência do clima desfavorável. Além disso, a equipe destaca a menor área de cultivo na safra de verão.

No caso do café, a expectativa de alta de 10,39% no faturamento está atrelada à projeção de crescimento de 29,07% na produção, apesar da queda de 14,48% nos preços do primeiro quadrimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017. Segundo a Conab, neste ano, a safra é de bienalidade positiva nas principais regiões, devendo ocorrer elevações significativas na produção tanto do arábica quanto do robusta. Com relação a preços, a equipe Café/Cepea destaca que grande parte dos agentes esteve afastada do mercado em abril, devido à aproximação da colheita da temporada 2018/19, cenário que manteve a liquidez baixa.

Para a soja, estima-se alta de 3,48% na produção anual e de 5,26% em preços no primeiro quadrimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017. Segundo informações da Conab, este crescimento estimado em quantidade se deve ao incremento em área plantada nesta temporada (3,6% - estimativa da Conab) e à maior produtividade. Com relação a preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, até abril, a valorização do dólar frente ao Real, a firme demanda externa pelo grão brasileiro e a quebra na safra argentina foram os principais propulsores da elevação das cotações do grão no período.

Dentre as culturas para as quais projeta-se redução do faturamento está o milho, em que se estima baixa na produção anual (13,12%) e se registra queda de preços reais (1,96%) na comparação do primeiro quadrimestre de 2018 com o mesmo período de 2017. Segundo a Conab, a maior safra no ano passado pressionou as cotações e desestimulou produtores na semeadura da temporada atual, cenário que resultou em menor área de produção. Com relação a preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, em abril, as cotações apresentaram forte queda, devido à pressão dos compradores e à flexibilidade dos vendedores no mês.

Para a cana-de-açúcar, a expectativa de redução no faturamento vem principalmente da queda de 17,16% nas cotações aliada à baixa de 1,15% na produção projetada para o ano. Segundo informações da Conab, a intensidade na redução de área a ser colhida, observada nos principais estados produtores, será responsável pela menor produção na safra 2018/19. Com relação a preços, a tendência de queda segue as atividades à jusante da cadeia, notadamente o açúcar.

Para o segmento primário da pecuária, dentre as atividades acompanhadas, há expectativa de baixa no faturamento para todas, motivada principalmente por reduções de preço, conforme observa-se na Figura 3.

Figura 3. Pecuária: Variação anual estimada do volume, dos preços e do faturamento 2018/2017 com informações até abr/2018

Na atividade leiteira, os preços recuaram 15,64% na comparação entre primeiros quatro meses de 2017 e 2018, enquanto a quantidade apresentou alta de 2,4%. Segundo a equipe Leite/Cepea, apesar da baixa em preços no período frente ao ano anterior, verificou-se no campo uma menor oferta quando comparada aos últimos meses de 2017, influenciada pelo desestímulo e pela descapitalização de produtores frente às baixas cotações recebidas no ano passado. Tal fato, aliado à competição entre empresas para garantir o fornecimento de matéria-prima, tem elevado as cotações ao longo destes meses – tendência que deve ser melhor observada nos próximos relatórios.

Para a bovinocultura de corte, houve queda de 2,30% nas cotações e alta de 2,16% em quantidade (em ambos os casos, na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2018 e o mesmo quadrimestre de 2017). De acordo com pesquisadores da equipe Boi/Cepea, a pressão de preços veio do fraco ritmo das vendas da carne no mercado brasileiro, visto que a oferta de boi gordo para abate não foi elevada. Muitos agentes do setor afirmaram que ainda não sentiram efeitos da recuperação da economia brasileira.

Na suinocultura, registra-se baixa de 24,23% dos preços na comparação entre janeiro e abril de 2018 e o mesmo período de 2017. Já para a produção, verifica-se alta de 6,40%, na mesma comparação. Segundo a equipe Suínos/Cepea, as aquisições de carne suína no atacado e do animal vivo para abate seguiram lentas em abril, o que manteve os preços em queda. Ainda segundo a equipe, esse cenário vem sendo observado desde dezembro/17, quando a Rússia, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, reduziu as aquisições da proteína nacional, cenário que elevou a disponibilidade interna do produto e complicou a situação financeira de muitos suinocultores brasileiros

Com relação à avicultura de corte, os preços apresentaram queda de 11,63% na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2018 e de 2017, com elevação de 2,81% na produção na mesma comparação. Segundo a equipe Frango/Cepea, a baixa procura pela proteína diminuiu o ritmo de compras do animal vivo por parte de frigoríficos, mantendo os valores em queda. Ainda segundo a equipe, os avicultores têm enfrentado consecutivas quedas nos valores de venda dos animais e altas nos preços dos principais insumos, como milho e farelo de soja. A avicultura de postura também apresentou baixa de preços na comparação com o mesmo quadrimestre de 2017, de 14,77%, mas alta de 7,11% na produção.

SEGMENTO INDUSTRIAL: Agroindústria de base agrícola segue em alta no quadrimestre

No segmento industrial, apresenta-se leve baixa na estimativa de abril (-0,13%). Já no acumulado do ano, o resultado é de crescimento, de 0,79%, conforme Tabela 1. Para a indústria de base agrícola, houve alta de 0,49% no mês, enquanto para de base pecuária, queda de 2,60%. No acumulado de janeiro a abril, os resultados foram de elevação de 2,27% para o ramo agrícola e baixa de 4,77% no pecuário. (Tabelas 2 e 3).

A perspectiva de aumento de 4,14% no faturamento da indústria agrícola reflete a alta de 5,71% na produção estimada, que se sobrepõe à queda de 1,48% na média de preços das atividades industriais acompanhadas (na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2017 e de 2018). No caso da indústria de base animal, a perspectiva de recuo de 4,81% no faturamento decorre de preços 8,67% menores, apesar da alta de 4,23% na produção.

No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que se destacaram com perspectivas de crescimento do faturamento foram: produtos e móveis de madeira, celulose e papel, biocombustíveis, têxtil, café, conservas de frutas e outros, óleos vegetais, bebidas e outros produtos alimentares (Figura 4).

Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual estimada do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas

Para a indústria de biocombustíveis (etanol), estima-se alta anual de 1,43% em volume. Para os preços, houve elevação de 5,51% no primeiro quadrimestre de 2018, frente ao mesmo período de 2017. Segundo pesquisadores da equipe Etanol/Cepea, apesar da alta de preços acumulada no período, em abril, primeiro mês oficial da safra 2018/19 no Centro-Sul, a maior oferta pressionou as cotações.

Na indústria açucareira, os preços recuaram 30,64% de janeiro a abril, com relação ao mesmo período de 2017, enquanto a produção tem estimativa de queda de 6,31%. Segundo a equipe Açúcar/Cepea, apesar do recuo acumulado no quadrimestre, atrelado à maior oferta e às menores cotações no mercado internacional, em abril, os preços apresentaram reação. Neste caso, o aumento no mês esteve atrelado ao fato de muitas usinas paulistas terem focado a produção de etanol.

Para a agroindústria de óleos vegetais, estima-se crescimento de 11,10% na quantidade produzida e alta de 2,69% nos preços do primeiro quadrimestre de 2018 (frente ao mesmo período do ano anterior). Segundo a Abiove, a projeção de alta na produção de óleos de soja para 2018 deve-se à grande disponibilidade de soja no mercado, o que motiva o processamento. A equipe Grão/Cepea também destaca a elevação no preço de farelo de soja, o que estimula uma maior produção de óleo, além da demanda internacional aquecida.

Quanto papel e celulose, a estimativa de crescimento no faturamento advém das altas de 5,13% em quantidade e de 11,50% em preços, na comparação de janeiro a abril de 2018 contra o mesmo período de 2017. Agentes de mercado indicam que esse movimento das cotações se deve à elevada demanda internacional, notadamente de países asiáticos.

Com relação às indústrias pecuárias, os dados são apresentados na Tabela 5, e observam-se baixas em todos os setores. Na indústria do abate, projeta-se queda de 3,90% no faturamento, como resultado da baixa de 9,21% nas cotações do quadrimestre, com relação ao mesmo período do ano anterior, já que a quantidade produzida cresceu 5,84% na mesma comparação. Segundo a equipe Boi/Cepea, as vendas de carne no mercado atacadista ainda não se aqueceram no ano. Já no front externo, a exportação de carne bovina in natura continua sendo um importante canal de escoamento da proteína neste ano e, consequentemente, um fator que tem evitado maiores quedas de preço.

No mercado da carne suína, a equipe Suínos/Cepea destaca que a demanda segue enfraquecida e a oferta, elevada. O embargo da carne suína brasileira por parte da Rússia impactou a atividade nos primeiros quatro meses de 2018, elevando a quantidade ofertada no mercado doméstico e, consequentemente, pressionando as cotações.

No caso da carne de aves, segundo a equipe Aves/Cepea, a demanda interna segue enfraquecida. No mercado exportador, o bloqueio da entrada de carne de frango brasileira na União Europeia resultou em um menor volume embarcado, o que também pressionou as cotações domésticas.

Para a indústria de lácteos, apesar da queda de preços de 8,67% na comparação entre quadrimestres (primeiros quadrimestres de 2017 e de 2018), a equipe Leite/Cepea destaca que, se por um lado, a demanda foi gradativamente se elevando no período; por outro, a captação de leite estava mais condizente com a demanda. Ainda que o resultado para preços de lácteos esteja negativo no quadrimestre, a menor oferta tem influenciado na elevação dos preços dos derivados, efeito que poderá ser melhor observado nos próximos relatórios.

Tabela 5. Variação anual estimada do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhas

 

SEGMENTO DE SERVIÇOS: reflexo da baixa no segmento primário, serviços do agronegócio recuam

Como observado na Tabela 1, os agrosserviços apresentaram baixa de 0,78% em abril, acumulando queda de 1,37% no quadrimestre. Esse resultado negativo relaciona-se principalmente ao ramo pecuário, no qual o PIB dos agrosserviços foi estimado com queda de 5,82% no acumulado de janeiro a abril, ao passo que o agrícola teve alta, de 0,75%.

CONCLUSÕES

O PIB do Agronegócio Brasileiro encolheu 0,62% em abril/2018, acumulando retração de 1,73% no 1º quadrimestre. Essa baixa no quadrimestre é resultado das estimativas de retração de 5,90% no segmento primário e de 1,37% nos agrosserviços. Já os segmentos de insumos e industrial apresentaram altas trimestrais de 0,77% e 0,79%, respectivamente. Esse desempenho adverso no início do ano é resultado da retração tanto do ramo agrícola (-0,48%) como do pecuário (-4,68%), e em sua essência reflete a vigência de preços menores da produção “dentro da porteira”.

O desempenho das atividades pecuárias no 1º quadrimestre/2018 reflete tanto a ainda baixa demanda interna e o fechamento abrupto de mercados externos de carnes bovina e suína (Rússia) e de frango (União Europeia), o que tem pressionando os preços para baixo. Todos os segmentos do ramo pecuário apresentaram retração tanto em abril como no acumulado do 1º quadrimestre.

Já no ramo agrícola, observa-se retração apenas no segmento primário. Como detalhado ao longo desse relatório, a referida queda na geração de renda “dentro da porteira” é derivada do movimento de queda dos preços agrícolas iniciado no final de 2017. Embora na média ponderada dos produtos acompanhados, as estimativas sejam de aumento de 1,50% na produção anual em 2018; as perspectivas apontam queda de 5,19% nos preços agrícolas. Já para a indústria de base agrícola, verifica-se continuidade da tendência de recuperação, com estimativas de crescimento para as principais atividades do segmento, com poucas exceções, como é o caso do açúcar, por exemplo.

Por fim, o PIB-volume do agronegócio, calculado pelo critério de preços constantes, apresenta estimativas de alta para 2018, exceto para o segmento primário, para qual se estima relativa estabilidade (leve queda). Para os segmentos, as estimativas de variação no ano são: +4,67% para insumos, de -0,17% para o segmento primário, de +5,32% para a agroindústria e de +4,13% para os agrosserviços. De forma agregada para o agronegócio, e considerando-se preços constantes, as perspectivas para o PIB volume do agronegócio apontam expansão de 3,42% em 2018. (Tabela A3 – Anexo I).

ANEXO I – PROJEÇÕES ANUAIS, TABELAS DE DADOS E METODOLOGIA

A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)

A3) PIB Volume do Agronegócio: Taxa anual (em %)*

  • Nota técnica: O PIB Volume do Agronegócio trata-se do PIB do agronegócio calculado pelo critério de preços constantes. Resulta, portanto, a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

A4) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA

O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).

Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor. 

Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:

•             PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.

•             PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).

Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx

   Bruno Barcelos Lucchi - Superintendência Técnica

   Núcleo Econômico
   Renato Conchon – Coordenador
   Carolina Yuri Nakamura – Assessora Técnica
   Diego Humberto de Oliveira – Assessor Técnico
   Fernanda Schwantes - Assessora Técnica
   Paulo André Camuri – Assessor Técnico
   Sarah Benevides de Amorim - Estagiária

Áreas de atuação