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8 de junho de 2017
Projeções do agronegócio mineiro
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POR CNA

Projeções são cenários, hipóteses, perspectivas, possibilidades, e não cálculos matemáticos, mas indispensáveis para formular políticas públicas, avaliar desempenhos, adotar inovações tecnológicas e a exigir novas pesquisas, pactuar resultados no campo, aperfeiçoar processos, dividir responsabilidades, públicas e privadas, bem como estabelecer parâmetros não apenas para produzir alimentos, biomassa, agroenergia, mas também zelar pela sustentabilidade dos recursos naturais e aperfeiçoar as logísticas operacionais, um dos gargalos mais sérios na comercialização por vias internas e rumo aos portos para cumprir os compromissos de exportações do agronegócio mineiro. É estratégica a presença do governo, no que lhe compete, e estimular os investimentos privados e conciliar mercados e tecnologias.
 
O documento “Projeções do Agronegócio – Minas Gerais / 2016 a 2026/2ª edição”, que aborda as principais culturas e criações no território mineiro, reconhecidamente diversificado com suas vocações regionais, é uma espécie de radiografia que estabelece rumos à agroeconomia e formula demandas que, por certo, agregam muitas variáveis, entre as quais: tecnologias, relação insumo e produto, urbanização acelerada, oferta regular, qualidade dos produtos agrícolas, sucroalcooleiros, pecuários, avícolas, frutícolas e hortícolas.
 
E mais, aumento do consumo e da renda per capita, segurança alimentar, um arco considerável de condicionantes para abastecer, exportar, gerar milhões de empregos diretos e indiretos. Além disso, a rentabilidade econômica das culturas e criações será indispensável à tomada de decisão de quem planta e cria nas Minas Gerais, e terá decisiva influência no consolidar as metas projetadas até 2026.
 
De outro ângulo, não menos importantes, as grandes áreas coletoras de chuvas, escassas ou abundantes, são os territórios rurais e onde as práticas corretas do manejo do solo e da água, numa dimensão de bacias hidrográficas, não podem ser subestimadas num programa de tamanha envergadura econômica, social e ambiental. Esse documento, elaborado pela Seapa (Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), e colaboradores, incluindo-se a Embrapa, deve ser uma leitura para todos aqueles envolvidos no agronegócio mineiro, pois ao medir se pode planejar, avaliar, corrigir, aperfeiçoar ou resumindo; onde se está, como se pretende chegar a 2026 e quais as ferramentas e estratégias eleitas, com apoio do crédito rural assistido nas vertentes familiar e empresarial.

Seria exaustivo, e até desaconselhável, pinçar dados dessa proposta agroeconômica, pois eles são muito abrangentes, analíticos, mas reafirmar, sem dúvida alguma, que se constitui num “norte” para o agronegócio mineiro, historicamente superavitário, e que também remete aos empreendedores rurais, um dos segmentos mais estratégicos dos sistemas agroalimentares. As pesquisas revelam que serão poucos no campo para abastecer milhões nas cidades e no foco de que o Brasil passará novamente por um processo de crescimento econômico. O mercado interno não pode ser subestimado.
 
Nos cenários rurais, entre outras condicionantes, a adoção de tecnologias poupadoras de mão de obra deverá continuar numa escala ascendente, embora não se possa decretar que tudo será mecanizado ou mecanizável.
 
Num contexto mais amplo, porém, não exclusivo, a agricultura irrigada é indispensável à produção em maior escala e a medida em que, havendo condições, pode oferecer até três safras numa mesma área cultivada. Entretanto, ela dependerá da ocorrência de chuvas, reservar a água e gerenciar também os recursos hídricos, segundo às exigências das culturas e criações. E mais, as ferramentas de geoprocessamento e georreferenciamento são estratégicas no levantamento dos ecossistemas, o que não implica em afirmar que as secas mais severas estariam descartadas, pois ninguém domina a natureza. Lembre-se ainda que os sistemas florestais mineiros são integrantes históricos do desempenho do agronegócio e consolidaram um superávit nas exportações de US$ 6,668 bilhões entre 2004 e 2016.

*Benjamim Salles Duarte é Engenheiro agrônomo

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