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23 de janeiro de 2018
Riqueza e segurança no campo
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POR CNA

Riqueza, ou você tira da terra ou tira de alguém. É no campo que se encontra a riqueza humana e econômica deste País. Parece que os criminosos descobriram essa realidade, segundo assevera a crescente onda de violência contra a população rural. O roubo de máquinas, equipamentos, veículos e, sobretudo, animais já é parte do cotidiano da população da zona rural e isso tem provocado uma mudança nos hábitos e costumes dos moradores do interior de Santa Catarina. Agora, os itens de segurança que são comuns na área urbana, passaram a fazer parte do cenário das propriedades rurais. Alarmes, câmeras, cercas elétricas, entre outros itens dividem o espaço com equipamentos agrícolas em sítios, chácaras e fazendas.

Em face dessa situação, a Faesc pediu ao Governo do Estado a criação de um programa emergencial de segurança nas áreas rurais. Uma das medidas desejadas é a criação de uma Delegacia Central especializada em crimes nas zonas rurais. Outra reivindicação é conferir à Polícia Ambiental a missão adicional de reprimir a criminalidade e investigar bandidos e organizações criminosas que agem nas áreas rurais. A Polícia Ambiental, braço da Polícia Militar, mantém equipes volantes que percorrem as regiões agrícolas para combater crimes ambientais com excelente estrutura, equipamento e armamento. Esses mesmos agentes poderiam desenvolver ações de inteligência policial e repressão aos demais crimes com grande resultado para a paz social no campo.

Os produtores são vítimas de um sistema de segurança frágil que os faz sofrerem nas mãos de quadrilhas especializadas. No passado, os crimes se relacionavam patrimônio, mas, nos últimos anos, somaram-se também os estupros, latrocínios, assaltos, sequestros, roubos de veículos etc. Esse problema está anulando uma série de conquistas que levaram conforto e tranquilidade para a sociedade rural, como a eletrificação rural, o desenvolvimento das pequenas cidades do interior, construção de estradas, educação e saúde, comunicação e instalação de indústrias na zona rural, a tecnologia, os programas sociais dos governos estaduais e federal que contribuíram para a fixação do homem no campo e a diminuição dos movimentos migratórios.

Algumas iniciativas da sociedade civil precisam ser apoiadas, como a da Sociedade Amigos de Chapecó (SAC) que criou o GPS rural, permitindo à Polícia localizar e chegar em qualquer propriedade rural do município com rapidez. A Faesc propôs uma parceria com o Governo do Estado de Santa Catarina, visando a elaboração de uma cartilha de segurança voltada para áreas e atividades rurais, baseada em estatísticas, em entrevistas com detentos e nas observações realizadas nas propriedades rurais.

Embora apenas 16% da população de Santa Catarina resida em áreas rurais, o agronegócio continua sendo o maior gerador de dividendos para o Estado.  Entretanto, todo o aparato de segurança privilegia as áreas urbanas em detrimento das rurais. Essa situação precisa mudar.

*José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)